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Pau-Brasil

» Colonização do Brasil
O pau-brasil foi o primeiro empreendimento de exploração econômica. Essa madeira já era conhecida pelos europeus, que a utilizavam como corante na indústria têxtil. Até então, o produto vinha do Oriente. O rei de Portugal firmou um contrato com mercadores para a exploração do pau-brasil nas novas terras.
O Estado português comprometeu-se em não importar mais pau-brasil do Oriente. Em troca, eles deveriam enviar navios ao Brasil, construir e manter aqui uma fortaleza e pagar impostos à Coroa. Assim nasceram os "brasileiros" nome dado aos comerciantes do pau-brasil.

» Escambo
O escambo foi uma das maneiras utilizadas para explorar o trabalho indígena na extração do pau-brasil. Em troca de miçangas, tecidos e roupas, canivetes, facas e outros objetos, os nativos derrubavam as árvores, obtinham as toras e armazenavam nas feitorias.

Folhas e cacho de flores do pau-brasil
Folhas e cacho de flores do pau-brasil

» A Primeira Experiência de Exploração
O pau-brasil, a árvore que deu nome ao nosso país, está deixando os empoeirados registros históricos a que esteve relegado durante décadas e começa a invadir laboratórios de genética dedicados à árdua tarefa em salvar plantas em extinção. Explorado predatoriamente desde o instante em que os navegadores portugueses aqui aportaram, há cinco séculos, a árvore já estava rareando antes mesmo de a botânica se consolidar como ciência, no século XVIII. Agora, os cientistas brasileiros correm contra o tempo instigados pela recente descoberta de que a planta tem o poder de combater alguns tipos de câncer e não somente fornecer corante para tingir cabelos - a mais tradicional da centenária Caesalpinia echinata, como chamam os cientistas.
As últimas notícias sobre as virtudes curativas da planta surgiram nos laboratórios de química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Lá, os pesquisadores Ivone Antonia de Souza e Ângelo José Camarotti retiraram do lenho da planta uma molécula quimicamente ativa, batizada de brasileína. Depois de submetê-la a várias etapas de purificação, aplicaram o extrato obtido em camundongos portadores de câncer e conseguiram um resultado espantoso: a inibição do processo malígno em 78%. No próximo ano, a substância voltará a ser testada por eles em animais, para a observação de efeitos tóxicos e cicatrizantes. Conforme os resultados, a substância será testada clinicamente em humanos.
Enquanto isso, cientistas de várias instituições estão trabalhando em duas linhas de pesquisa: na preservação da própria espécie e na descoberta de outras eventuais propriedades da árvore. Já se descobriu que o chá feito com suas folhas é ótimo contra diabetes e o pó da casca atenua as cólicas menstruais. Mas além das virtudes medicinais o pau-brasil possui outras. A organização ambiental inglesa Fauna and Flora International inclui recentemente a espécie numa lista de madeiras usadas para fabricar instrumentos musicais. A árvore é considerada ideal para a construção de arcos e violino.
Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a botânica Mônica Ayres Cardoso aposta nas contribuições da genética para defender o pau-brasil da extinção. Ela está examinando o DNA da árvore para verificar a existência de genes na variedade necessária para garantir a perpetuação da espécie. Isso é importante, porque a falta de variabilidade genética enfraquece os seres vivos, tornando-os incapazes de resistir às adversidades e se adaptar a mudanças ambientais. Se uma população ambiental tem genes muito parecidos, não adianta tentar, por exemplo, preservá-la numa reserva ecológica ou utilizar suas mudas e sementes para reflorestamento. "Com o tempo, aquela população de plantas, todas parentes muito próximas, parecerá", explica Mônica. Os resultados desse trabalho genético darão subsídios a futuras políticas de conservação do pau-brasil.
Enquanto Mônica vasculha a intimidade do código genético do pau-brasil, o biólogo Fabio Scarano, do Departamento de Ecologia da UFRJ, estuda o comportamento da planta na própria mata. São remanescentes de pau-brasil descobertos no que ainda resta de área verde nativa dos balneários de Cabo Frio e Búzios. O trabalho de sua equipe consiste em comparar as idades das árvores, medir a taxa de transpiração vegetal e observar sua relação com os insetos. Os botânicos concluíram que é quase um milagre a existência de exemplares nativos ao longo da faixa Mata Atlântica no litoral brasileiro, por que esta é uma região bastante pressionada pelo crescimento das cidades.
A descoberta, na década de 80, de mudas de pau-brasil nativo no Sudeste, quando anteriormente se imaginava que a planta só existia no sul da Bahia e em pontos isolados no Nordeste, trouxe novo alento aos pesquisadores. Fabio Scarano concluiu daí que se trata de uma espécie muito resistente. Em 1986, o arqueólogo amador Marcio Werneck liderou uma expedição em busca de ruínas arqueológicas na cidade de Cabo Frio (RJ), para encontrar restos de uma feitoria, toda construída em pau-brasil, que os relatórios diziam ter existido ali nas primeiras décadas do século XVI. De fato, sua equipe descobriu várias árvores da espécie. Desde então, já foram encontrados exemplares de pau-brasil nativo em outros pontos do Rio de Janeiro, até mesmo na Pedra de Guaratiba, um bairro às margens da baía de Sepetiba, em plena capital carioca. Outras medidas estão sendo adotadas para impedir a total destruição do pau-brasil: alguns ambientalistas já estão plantando mudas na Mata Atlântica. O mais respeitado deles é o professor pernambucano Roldão de Siqueira Fontes, de 85 anos, que há 70 anos está nessa luta. No comando da Fundação Nacional Pau-Brasil, criada por ele em 1988, Fontes já destribuiu por todo país 2,5 milhões de mudas, produzidas num viveiro mantido pela entidade no município pernambucano de Glória de Goitá. Siqueira, que conta com o apoio de várias entidades internacionais, quer agora plantar a árvore em praças e ruas de todas as cidades brasileiras que um um dia já tiveram exemplares nativos deste símbolo nacional.

Observação: Este texto acima e abaixo foi retirado do livro "História das Cavernas ao Terceiro Milênio", do texto da "Revista Globo Ciência", 12/96 - Ed. Globo (Therezinha Costa, do Rio, com Lúcia de Oliveira, de Recife).

» A Relação da Árvore Com o Ambiente
Segunda a moderna noção de conservação das espécies, não adianta cultivar árvores aliatoriamente ou cercar uma área para preservá-las na forma de reserva ecológica. Antes, é preciso fazer um estudo detalhado da relação entre a planta que se quer preservar e seu ambiente. Pesquisas desse tipo já levaram a descobertas interessantes. Na reserva ecológica de Poço das Antas, em Casimiro de Abreu (RJ), onde ainda há pau-brasil, botânicos descobriram a estreita interdependência entre a árvore e as bromélias. Mais baixas, elas acolhem as sementes de pau-brasil que caem do alto, ajudando-as a brotar. Em troca, ganham de seu parceiro a sombra para não secar e morrer. Na hora de replantar a árvore símbolo do Brasil, é preciso saber se seu entorno ecológico é favorável ou não.

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