Texto publicado na edição de 28.5.2006 do Público.    

Os Professores

Ana Cristina Gomes (cristinamgomes@yahoo.com)

Alexandra Baldaque e Fernando Jorge
A importância dos pés e do abraço


    Dão aulas na Escola Sabor Latino, no Porto (R. Oliveira Monteiro) e na Escola de Danças de Salão de Leça da Palmeira (R. Hintze Ribeiro), desde o ano passado. Ambos o fazem “por prazer”, porque têm outras profissões: ela é professor universitária, ele engenheiro. Trabalham juntos desde 2000, quando Fernando foi convidado para participar num campeonato em Espanha. Treinaram de propósito para a competição e venceram. Foi o suficiente para os levar à procura dos grandes maestros de Buenos Aires e da Europa. Em 1996, Alexandra tinha assistido ao espectáculo “Tango Pásion”, no Coliseu do Porto, e sonhou dançar naquele palco. Em 2001 estava lá, com os maiores bailarinos argentinos. Depois, as pessoas tanto insistiram que eles acabaram por começaram a dar aulas, em 2002. Nos dois últimos anos participaram no Campeonato Mundial de Tango Argentino, em Buenos Aires. Chegaram sempre à final. Fernando alerta para a importância do caminhar. “Deve ser uma carícia. A relação do bailarino com o chão é quase tão importante como a do bailarino com o par”. Outro elemento essencial é o abraço. De tal forma que “o bailarino consegue atingir a superioridade quando consegue dançar sem os braços”, só com o peito encostado ao par.


Oscar e Gladys
Alunos recomendados por médicos e noivos que trocaram a valsa pelo tango


    Têm 20 anos de carreira profissional juntos, leccionam na Escola Esquina de Tango (Cooperativa Aldeia Nova, Senhora da Hora). Vieram para Portugal para alargar os horizontes. “Na Argentina chega a uma altura em que o nível profissional, em vez de abrir, começa a fechar portas, porque ninguém quer pagar cachets elevados”, explica Oscar. Também dão aulas em Vigo, Braga, Aveiro e Lisboa. Têm 12 turmas, algumas duplas, o que totaliza bem mais de 200 alunos. São adeptos do método mais antigo e tradicionalista. É algo que se nota, sobretudo, na postura: “O tango é dançado mais apertado, mais junto”, diz Oscar. O caminhar também é essencial: “Dançar tango é caminhar juntos”. Porém, para o argentino, o importante é que as pessoas se divirtam e descontraiam. O casal ensina todas as faixas etárias e sociais, mas, há algum tempo, surgiram duas novidades: alunos recomendados por médicos, nomeadamente psiquiatras, e noivos que querem surpreender no dia do casamento e decidem trocar a valsa pelo tango.

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