Analisando o espaço mundial neste fim de século, podemos constatar que há um processo crescente de globalização econômica. Tal processo é fundamentado na abertura das economias nacionais para a livre circulação de mercadorias e capitais, bem como na regionalização das relações econômicas, através de blocos econômicos.
O papel dos países nesse novo contexto varia de acordo com seu nível de desenvolvimento econômico e tecnológico. Por terem maior riqueza econômica, por dominarem a tecnologia e por sediarem as grandes multinacionais, os chamados países desenvolvidos detêm o poder de decidir sobre questões de âmbito mundial, tanto econômicas quanto políticas. Geralmente usam esse poder para obter maiores vantagens em relação aos países menos desenvolvidos. A globalização, ao contrário do que se prega, aumenta as disparidades, tanto entre países como entre os segmentos da sociedade. Nesse sentido, para se entender a “nova ordem mundial”, devemos levar em conta a grande diversidade do espaço geográfico mundial.
O capitalismo está voltado para a fabricação de produtos comercializáveis, denominados mercadorias, com o objetivo de obter lucro. Este sistema está baseado na propriedade privada dos meios de produção - todos os elementos usados na produção pertencem a alguns indivíduos (os capitalistas ou burgueses).
Nas
sociedades capitalistas, o elemento central da economia é o capital - dinheiro
investido no processo produtivo, objetivando lucro. Diferencia-se do dinheiro
que se destina à satisfação das necessidades pessoais das pessoas.
Como no capitalismo a produção se destina ao mercado, dizemos que os países capitalistas adotam a economia de mercado. É em função das necessidades do mercado que se desenvolvem a produção, circulação e o consumo dos produtos.
Para
produzir e comercializar suas mercadorias, os capitalistas (proprietários dos
meios de produção) contratam empregados - pessoas que não sendo donas dos
meios de produção, vendem sua força de trabalho (mercadoria) em troca de salário.
São os proletários.
O sistema capitalista nasceu das transformações por que passou a Europa feudal (séc. XIII). O fundamento da riqueza deixou paulatinamente de ser a terra, e a economia de mercado começou a estruturar-se com base no trabalho artesanal.
A partir do séc. XV, as relações mercantis ampliaram-se geograficamente com as grandes navegações e a inserção de novas terras no sistema capitalista de produção. Desenvolveu-se então a fase do chamado capitalismo comercial; o ciclo de reprodução do capital estava alicerçado principalmente na circulação e distribuição de mercadorias realizadas entre as metrópoles e as colônias. Nesse período inaugurou-se a Divisão Internacional do Trabalho, caracterizada pela produção de matérias-primas nas colônias em troca de manufaturas das metrópoles. O mercantilismo, doutrina econômica e política do capitalismo comercial, criou as bases de uma nova geografia européia e mundial. Fortaleceu a unificação territorial a partir de um governo centralizado, dando origem aos Estados nacionais europeus. Tais Estados, fortaleceram-se e acumularam riquezas com o protecionismo de seus mercados internos e com o comércio. Com isso, ampliaram-se as relações espaciais, baseadas na escravização e comercialização dos escravos e na exploração colonial. Nessa época, a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuíam. Esse princípio ficou conhecido como metalismo.
O
mercantilismo foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo, pois
permitiu, como resultado do comércio altamente lucrativo e pela exploração
das colônias, grande acúmulo de capitais (conhecida como acumulação
primitiva do capital).
Mas
o sistema capitalista só iria se consolidar no século XVIII, com a substituição
da manufatura pelas máquinas a vapor, iniciada nas indústrias têxteis da
Inglaterra. A mecanização imprimiu um novo ritmo à produção de mercadorias.
A
revolução industrial
O espaço geográfico, a partir das transformações socioeconômicas dos séculos XV e XVI, passou a ter abrangência mundial. A organização espacial variou de acordo com papel diferenciado que ocuparam as colônias, as metrópoles e outras regiões do globo, com maior ou menor grau de integração ao novo sistema econômico.
As transformações sociais e econômicas associadas a esse período foram tão intensas que representaram uma verdadeira revolução, chamada de Revolução Industrial.
Porém, a mais profunda transformação espacial ocorreu com a introdução da indústria moderna na Inglaterra, que marcou o inicio do capitalismo industrial (concorrencial ou liberal). A industrialização não provocou mudanças apenas na forma de produção, mas direcionou toda a configuração do espaço atual. Modificou as relações sociais e territoriais, difundiu cultura e técnica, aprofundou a competição entre os povos, concentrou a população no espaço e provocou o crescimento cada vez maior das cidades.
Com a invenção da máquina a vapor e sua incorporação à produção industrial, os trabalhadores eram obrigados a trabalhar conforme o ritmo das máquinas, de maneira padronizada. Outra parte da mão-de-obra disponível foi requisitada para trabalhar nas minas de carvão (fonte de energia dessa primeira fase da Revolução Industrial). Nesse período, o “lucro” não advinha mais da exploração das colônias, mas sim, da produção de mercadorias pelas indústrias, que trazia embutido a exploração dos trabalhadores através da mais-valia.
Nos séculos XVIII e XIX, o capitalismo florescia na forma de pequenas e numerosas empresas, que competiam por uma fatia do mercado, sem que o Estado interferisse na economia. Nessa fase (liberal), predominava a doutrina de Adam Smith, segundo a qual o mercado deve ser regido pela livre concorrência, baseada na lei da oferta e da procura.
Dentro das fábricas, mudanças importantes aconteceram: a produtividade e a capacidade de produzir aumentaram velozmente; aprofundou-se a divisão do trabalho e cresceu a produção em série. Nessa época, segunda metade do séc. XIX, ocorreu o que se convencionou chamar de Segunda Revolução Industrial. Uma das características mais importantes desse período foi a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo produtivo. Pela primeira vez, tendo como pioneiros a Alemanha e os Estados Unidos, a ciência era apropriada pelo capital, sendo posta a serviço da técnica, ao contrário da primeira revolução industrial onde as tecnologias eram resultados espontâneos e autônomos. Agora empresas eram criadas com o fim de descobrirem novas técnicas de produção.
Com
o brutal aumento da produção, acirrou-se cada vez mais a concorrência. Era
cada vez maior a necessidade de se garantirem novos mercados consumidores, novas
fontes de matérias-primas e novas áreas para investimentos lucrativos.
Foi dentro desse quadro que ocorreu a expansão imperialista na Ásia e na África, o que consolidou de vez a divisão internacional do trabalho.
O
capitalismo monopolista
Durante
a Segunda fase da Revolução Industrial, o desenvolvimento da industrialização
em outros países e a aplicação de novas tecnologias à produção e ao
transporte modificaram profundamente a orientação liberal. As novas
tecnologias foram empregadas nas indústrias metalúrgica, siderúrgica, no
transporte ferroviário entre outras. Esses setores industriais dependiam de
investimentos maiores que aqueles realizados na primeira fase da Revolução
Industrial. Era necessário a união de vários empreendedores para a produção
das novas mercadorias. Boa parte da indústria passou a contar com o capital
bancário ou financeiro.
No
final do séc. XIX, a fusão entre o capital industrial e o financeiro e, mesmo
a fusão entre indústrias, levou ao aparecimento de empresas gigantescas, os
monopólios
e oligopólios (empresas de grande porte que se associam para controlar o
mercado), ocorrendo, com isso, um enfraquecimento da livre concorrência. Pela
baixa competitividade, as pequenas empresas, que não acompanharam essa nova
tendência do desenvolvimento econômico capitalista, faliram ou foram
absorvidas pelas grandes.
Nesse
período, o estrondoso aumento da produção através da tecnologia, não
encontrou mercado consumidor correspondente, o que ocasionou uma queda brutal
nos preços, abalando a bolsa de valores de NovaYork. Esse período ficou
conhecido como a Crise de 1929. Essa crise gerou uma
acumulação maior de capital pelos monopólios e oligopólios
remanescentes.
Para
contornar a crise, o Estado passou a interferir diretamente na economia,
elaborando planos econômicos, construindo grandes obras públicas, controlando
preços, definindo regras para o mercado, etc. O impacto da crise obrigou o
Estado a definir políticas específicas para a satisfação das necessidades
sociais da população. Estrutura-se o chamado Estado
do bem-estar Social (Welfare
State). Segundo essas novas determinações, o Estado nacional assumiu o papel
de mediador nas relações estabelecidas entre a sociedade e as empresas,
defendendo os interesses dos trabalhadores, consumidores e apoiando as
atividades sindicais. Desenvolveu-se um sólido sistema previdenciário.
Essa política de intervenção estatal numa economia oligopolizada, que
acaba favorecendo o grande capital, ficou conhecida como keynesianismo.
Do
ponto de vista econômico, o período pós-guerra foi marcado por acentuada
mundialização da economia capitalista, sob o comando dos grandes
conglomerados, agora chamados de multinacionais
ou transnacionais. Esse período
preparou a base das profundas transformações econômicas pelas quais o mundo
iria passar, principalmente a partir dos anos 80, ou seja, o atual processo de
globalização da economia.
A
crença de que o Estado poderia amenizar as contradições econômicas e sociais
do capitalismo só seria abalada a partir da década de 70, com o resgate do ideário
liberal.
Os
defensores do chamado neoliberalismo passaram a condenar a participação do Estado, sob a
alegação de que ele impedia o livre funcionamento das forças do mercado e, em
consequência, bloqueava o desenvolvimento do capitalismo. Essa idéia começou
a tomar força diante do grande descontentamento gerado pelo aumento dos
impostos necessários para manter o Estado do bem-estar Social. Os déficits públicos
e as dívidas externas dos países ricos demonstravam a necessidade de redução
dos gastos governamentais com a assistência social, além de uma reformulação
mais ampla das diretrizes econômicas.
Assim,
desde os anos 80 os neoliberais pregavam uma menor participação do Estado na
vida econômica e social, a fim de diminuir as dívidas e estimular o
desenvolvimento. Para que o mercado possa funcionar livremente, as empresas
estatais devem ser privatizadas e o poder de luta dos sindicatos reduzido.
A
ordem mundial
As
constantes alterações que têm ocorrido no mapa da Europa nos últimos anos são
o sinal de que vivemos um período de transição. É a estruturação da
chamada nova ordem mundial, que vem substituir a velha ordem, marcada pela oposição
leste/oeste, liderada pelos Estados Unidos (capitalista) e União Soviética
(socialista), em um período conhecido como guerra fria.
O
final da Segunda Guerra Mundial trouxe um novo cenário: as potências européias
e o Japão estavam arrasadas depois da Guerra. A partir daí, duas novas potências
mundiais (EUA e URSS) passaram a dividir o mundo entre si. Foi a época da
bipolaridade, da ordem bipolar - baseada em dois pólos ou centros de poder. Com
a queda do Muro de Berlim, em 1989, essa velha ordem mundial começou a ruir.
No
entanto, a nova ordem que começou a ser construída não representa uma
completa ruptura com o passado. Muito pelo contrário, só pode ser entendida a
partir dos elementos da velha ordem, que continuam presentes.
Diferenças
no nível de desenvolvimento
A ampliação de mercados, o aprofundamento do contato entre as nações, o aumento dos fluxos comerciais no âmbito internacional fizeram parte do desenvolvimento do capitalismo desde a sua origem. Com a anexação de novas fronteiras ao espaço do capital, foi se tornando cada vez mais clara a diferenciação dos países no interior da Divisão Internacional do Trabalho, uma vez que eles assumiam diferentes papéis no ciclo de reprodução do capital, ou seja, na produção, circulação e consumo.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, teve início o processo de independência das colônias européias na África e na Ásia. O grande conjunto de novos países passou a constituir um bolsão de pobreza e miséria em torno dos países ricos.
Em
1951, a ONU divulgou que nos novos países viviam 68% da população mundial,
que controlava apenas 17% da renda global. Além disso, metade da população
mundial vivia em países onde a renda per capita era inferior a 100 dólares.
Esses
dados levaram à conceituação de subdesenvolvimento, fundamental para a análise
das disparidades socio-econômicas internacionais.
A
evolução do capitalismo possibilitou o enriquecimento dos países da Europa
Ocidental, da América Anglo-Saxônica, do Japão, da Austrália e da Nova Zelândia.
Nesses países, considera-se que a economia está plenamente desenvolvida e, de
modo geral, as diferenças sociais não são muito significativas, pois a grande
maioria da população usufrui de benefícios sociais como saúde, educação e
moradia.
Suas principais características são:
*A
população vive predominantemente em cidades, o crescimento populacional é
pouco acelerado, a mortalidade infantil e o analfabetismo são insignificantes e
a expectativa de vida em geral é alta.
*A
agricultura é muito produtiva e possibilita a alguns desses países exportar
grandes quantidades de alimentos; as atividades rurais ocupam pouca mão-de-obra
e se utilizam de máquinas e técnicas modernas.
*São
normalmente economias que estão na vanguarda da pesquisa e da inovação tecnológica.
Os setores de ponta da tecnologia - como a informática, as telecomunicações,
a química fina, etc. - são gerados nesses países.
*Apresentam
uma estrutura industrial completa, ou seja, possuem todos os tipos de indústrias,
o que gera uma produção e um consumo per
capita de bens industrializados bastante elevados, caracterizando-os como
Sociedades de Consumo.
*Nesses
mercados fortes se constituíram grandes corporações internacionais, que
instalam suas filiais em países subdesenvolvidos, sugando lucros desses países
e contribuindo para o empobrecimento dos mesmos.
Nos
países desenvolvidos, parte dos lucros é destinado a impostos, que revertem em
benefícios sociais e melhorias voltadas para a atividade econômica. Apesar de
a maioria da população ter boas condições de vida, os países desenvolvidos
também apresentam graves problemas econômicos e sociais, como elevadas taxas
de desemprego, custosos programas previdenciários e altas dívidas externas.
Países
subdesenvolvidos
Em
síntese, podemos afirmar que dois elementos definem de forma concisa e inequívoca
o subdesenvolvimento: dependência econômica e grandes desigualdades sociais.
A
dependência econômica dos países de
Terceiro Mundo significa que: a) eles normalmente são endividados; b) essas nações
exportam, normalmente, produtos primários e importam produtos industrializados
e; c) grande parte das maiores empresas localizadas nesses países são
multinacionais que remetem boa parte de seus lucros para suas matrizes,
ocasionando uma descapitalização aos
países subdesenvolvidos.
As
grandes desigualdades sociais são
outro traço característico dos países subdesenvolvidos, onde os contrastes
entre ricos e pobres são bem agudos.
O
subdesenvolvimento foi produzido no decorrer da evolução do capitalismo, pois
o enriquecimento de alguns países se deu à custa do empobrecimento de outros.
As relações internacionais favoreceram a concentração de riqueza nos países
que hoje comandam a economia mundial.
Geralmente
como herança do período colonial, nos países subdesenvolvidos as atividades
industriais e as tecnologias são deficientes e defasadas, o que os torna
fornecedores de matérias-primas e consumidores de produtos industrializados. As
matérias-primas são exportadas (por preços baixos) e transformadas em
mercadorias nos países ricos, sendo depois compradas pelos países
subdesenvolvidos por preços mais elevados. A desvantagem dessa relação
comercial leva ao endividamento internacional - por meio de empréstimos -
desses países subdesenvolvidos.
Como
devedores, são obrigados a facilitar a instalação de empresas multinacionais
em seu território, de modo que a economia cada vez mais passe a ser controlada
pelas potências internacionais.
*Nos
países subdesenvolvidos a agricultura geralmente tem baixa produtividade,
utiliza técnicas pouco eficientes ou inadequadas e ocupa muita mão-de-obra; o
investimento em tecnologia é reduzido.
*Como
os rendimentos da população são pequenos, o mercado consumidor é pouco
desenvolvido.
*A
infra-estrutura das cidades é precária, sendo que a maioria da população
vive no campo.
*Há
subnutrição, altas taxas de mortalidade infantil e analfabetismo e a
expectativa de vida é baixa.
Convém
destacar, contudo, que os países subdesenvolvidos são muito heterogêneos.
Há
os países agrários, nos quais a economia de mercado é pouco desenvolvida, o
que compromete o padrão de vida de sua população. Fazem parte desse grupo a
maioria dos países africanos.
Há
os países subdesenvolvidos industrializados, cujo conjunto também é
diversificado. Divide-se entre aqueles que iniciaram seu processo de
industrialização a partir das décadas de 50 e 60, à custa do endividamento e
de crises econômicas, como os países latino-americanos, onde a riqueza e a
modernidade coexistem com a miséria e os problemas sociais; e os países que
desenvolveram o setor secundário, principalmente a partir dos anos 80,
estruturando suas economias com base na exportação de produtos com baixo nível
de desenvolvimento tecnológico para os países desenvolvidos. Fazem parte desse
grupo os países asiáticos chamados de
tigres asiáticos. A todo esse grupo de países subdesenvolvidos
industrializados chamamos de Novos Países Industrializados (NPIs).
Origens
históricas dos países subdesenvolvidos
Quase
todos os países do sul subdesenvolvido foram colônias antes de se constituírem
países independentes. Inversamente, nenhum dos atuais países desenvolvidos do
norte foi de fato colônia. Mesmo os EUA, que teria sido colônia da Inglaterra
durante algum tempo, na realidade não o foi.
Durante
o período das grandes navegações, os europeus unificaram a superfície
terrestre estabelecendo relações de troca entre quase todos os povos e regiões.
Nesse período existiram dois tipos principais de colonização: de exploração
e de povoamento.
As
colônias de exploração, geralmente localizadas em regiões tropicais,
serviram como fonte de enriquecimento de suas metrópoles. Produziam produtos
para o mercado europeu da época. Existindo apenas para suprir as necessidades
da metrópole, servindo como fonte momentânea de riqueza, cujo futuro pouco
importava aos colonizadores.
Já,
as colônias de povoamento, não foram verdadeiras colônias. Sendo territórios
situados na zona temperada, com condições semelhantes às da Europa, não
serviam para produzir os gêneros agrícolas tropicais que eram solicitados pelo
mercado europeu de então. Como tais áreas temperadas não serviam para os
objetivos da colonização européia nesse período (exploração com vistas à
riqueza da Europa), foram deixadas meio de lado e acabaram por constituir a nova
pátria dos europeus que saíram do seu continente, devido a conflitos e guerras
religiosas.
Socialismo:
um sistema antagônico
O
socialismo está centrado na eliminação das desigualdades sociais com base na
propriedade coletiva dos meios de produção. Nesse sistema, tudo utilizado na
produção, pertencem a sociedade, representada pelo Estado. Segundo a teoria
socialista, só assim se pode eliminar a exploração do homem pelo homem que
caracteriza as relações de trabalho capitalistas. Em oposição ao
capitalismo, o objetivo dos socialistas não é o lucro, mas o bem-estar de toda
sociedade, estendendo a todos o
direito à saúde, educação e trabalho.
O
projeto de uma sociedade socialista foi uma reação de pensadores e
intelectuais aos problemas sociais produzidos pelo desenvolvimento do
capitalismo, a partir da Revolução Industrial.
O
primeiro país a adotar o socialismo foi a Rússia, em 1917. No final de 1922,
formou-se, a partir do domínio russo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas,
com a anexação da Ucrânia, Rússia Branca, Moldávia, Armênia, Uzbequistão,
Turcomenistão, entre outros espalhados pelos continentes asiático, africano e
americano.
A
conferência também decidiu que seriam criados organismos para regular as relações
internacionais, com a finalidade de promover o desenvolvimento e evitar crises.
Assim, nasceram o FMI, o BIRD etc..., instituições poderosas coordenadas a
partir dos interesses da superpotência norte-americana.
Observa-se,
portanto, que a união dos interesses econômicos e geopolíticos foi uma das
principais características do período da guerra fria.
Desvio
de rota
Apesar
das conquistas sociais (como educação e saúde gratuita para todos) e do
desenvolvimento econômico obtido, o socialismo não atendeu às expectativas da
população. O único partido legal era o Comunista. O turismo e as migrações
eram rigorosamente controlados pelo Estado; não havia liberdade de expressão e
de imprensa.
Em
torno do Estado criou-se uma enorme e poderosa classe de burocratas que
desfrutavam de privilégios e benefícios, enquanto que a maioria da população
passava necessidades. Esses burocratas administravam a economia nacional segundo
seus próprios interesses, a fim de manter os privilégios conquistados.
Ao
descontentamento da população somou-se o declínio econômico posterior à
Segunda Guerra Mundial, pois todos os esforços haviam sido concentrados na indústria
bélica. O país se mostrou incapaz de manter o ritmo de modernização, e os
planos quinquenais começaram a ter efeito de uma camisa-de-força para a
economia.
Reforma
e fragmentação
Em
1985, sob o comando de Mikhail Gorbachev, a União Soviética formulou um
projeto para contornar a crise por meio de uma reestruturação político-econômica,
denominada perestroika, que objetivava
promover o crescimento econômico e competir com as grandes potências
capitalistas; e da transparência (glasnost)
, com liberdade para obtenção de informações.
A
nova política implicou a retirada de apoio soviético a seus parceiros
socialistas, incluindo a ajuda financeira. Tais países também enfrentavam os
problemas da estagnação e o desenvolvimento econômico, da obsolência
industrial entre outros problemas.
Com
o fim do apoio soviético, tornou-se impossível a manutenção do regime em tal
grupo de países. Entre 1989 e 1991, ocorreu a extinção dos regimes
socialistas em todos os países do Leste europeu.
A
transição ocorreu de maneira pacífica em alguns países dessa região, como
na Hungria, Polônia e Alemanha. Nos demais países, essa transição foi
marcada por violentas guerras civis. Em 1989, a derrubada do Muro de Berlim
simbolizou o final da guerra fria.
Terminada a
guerra fria, os países ex-socialistas estavam abertos à economia de mercado e
a todas as regras do sistema
capitalista de produção (esse período ficou conhecido como período de transição).
Os primeiros resultados não forma tão positivos como se imaginou. Em alguns países
surgiram vários problemas durante a implementação do novo regime:
*inflação
alta, com a liberação de preços.
*competição
entre as próprias repúblicas soviéticas.
*originou
manifestações sociais incontroláveis.
*as
repúblicas soviéticas passaram a reivindicar independência política.
Devido
a articulações nos bastidores do poder, a União Soviética foi extinta e
surgiu a Comunidade dos Estados Independentes (CEI). O objetivo, agora, era ao
menos de manter a integração econômica entre as repúblicas do antigo império
socialista.
Alguns
poucos países ainda continuam a seguir esse regime. São exemplos: Cuba, China
e a Coréia do Norte. Com exceção da China, os outros países enfrentam
grandes dificuldades.