Geografia Geral -
Cartografia
As bases da
cartografia
1. A orientação
no espaço
Se tivéssemos de nos
orientar no deserto ou no interior de uma floresta, como
faríamos? E o piloto de um avião ou o comandante de um grande
navio? Em que eles se baseiam para determinar a direção de vôo
ou de navegação?
No interior das
cidades, usamos as praças, as igrejas, os edifícios, as lojas e
outros lugares como pontos de referência quando desejamos nos
deslocar de um local para outro. Nas estradas, utilizamos as
paradas de ônibus, as estações de trem e os cruzamentos, bem
como as cidades, as vilas e os povoados que ficam à beira das
rodovias.
Mas não se pode
contar com esses tipos de pontos de referência nos casos
mencionados acima. São necessários pontos de referência que
indiquem direções seguras e exatas, em qualquer local da
superfície da Terra. Por isso, foram definidos pontos globais de
referência, chamados de pontos cardeais.
Pontos cardeais
São quatro os pontos
cardeais: norte (N); sul (S); leste (L); oeste (0).
Nas posições
intermediárias aos pontos cardeais, existem os pontos colaterais:
nordeste (NE) - entre o norte e o leste -; noroeste (NO)
- entre o norte e o oeste -; sudestee (SE) - entre o sul e
o leste -; sudoeste (SO) - entre o sul e o oeste.
Nas posições
intermediárias aos pontos cardeais e colaterais, existem os pontos
subcolaterais. norte-nordeste (N-NE); norte-noroeste
(N-NO); sul-sudeste (S-SE); sul sudoeste (S-SO);
leste-nordeste (L-NE); leste-sudeste (L-SE);
oeste-noroeste (O-NO) e oeste-sudoeste (O-SO). Reunidos,
os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais formam uma figura
chamada rosa-dos-ventos, indispensável para indicar corretamente
as direções de nossos deslocamentos.
Se conhecermos
qualquer uma das direções dadas por um dos pontos globais de
referência, basta fazer coincidir a direção conhecida com a
direção correspondente da rosa-dos-ventos, para termos as
demais direções. É importante lembrar que devemos nos considerar
no centro da rosa-dos-ventos.
Outras
denominações dos pontos cardeais e colaterais
*
Norte é chamado de setentrião - setentrional e
boreal
são adjetivos referentes ao norte; por exemplo, quando alguém
diz que mora na parte setentrional da cidade, está informando
que sua casa fica na zona norte da cidade.
*
Sul é o mesmo que meridião - meridional e austral são
adjetivos relativos ao sul.
*
Leste é oriente e oriental é o adjetivo que daí provém.
*
Oeste é ocidente e ocidental o adjetivo.
As
denominações oriental e ocidental também podem ser usadas para
designar pontos colaterais: norteoriental, ou nordeste; norte-ocidental,
ou noroeste; sul-oriental, ou sudeste; e sul-ocidental, ou
sudoeste.
Como
encontrar os pontos cardeais
Na
verdade, não é muito fácil determinar com precisão os pontos
cardeais; isso é tarefa para os cartógrafos, que usam aparelhos
sofisticados. No entanto, há uma maneira simples de encontrar os
pontos de referência com aproximação aceitável: basta
verificar o movimento aparente do Sol. Isso porque os pontos
cardeais são determinados com base nesse movimento.
0
nascer do sol ocorre sempre de um mesmo lado - é o leste ou
oriente -, embora o lugar exato varie no decorrer do ano, por
motivos que veremos logo adiante. 0 lado onde o sol se põe é o
oeste ou ocidente.
Tendo
a direção leste-oeste, teremos todas as demais, bastando usar a
rosa-dos-ventos.
Meios
de orientação
A
orientação correta depende da identificação dos pontos
cardeais. Além do movimento aparente do Sol, há outros meios
naturais de orientação: a Lua, a estrela Polar e o Cruzeiro do
Sul.
Lua
- A Lua serve de orientação porque ela surge diariamente no
lado leste e desaparece no lado oeste.
Estrela
Polar - Para orientar-se por essa estrela, que só pode ser vista
pelos habitantes do hemisfério norte, imagina-se uma linha
perpendicular ao solo que desça desse astro luminoso e que
indica sempre o norte.
Cruzeiro
do Sul - Os habitantes do hemisfério sul podem se orientar pelo
Cruzeiro do Sul. Trata-se de uma constelação, isto é, um
agrupamento de estrelas, no caso cinco, assim denominado porque
os astros estão dispostos no céu em forma de cruz. Prolongando
imaginariamente para baixo o corpo da cruz, poderemos encontrar
o sul. Para isso, basta marcar quatro vezes e meia o tamanho do
corpo da cruz sobre o seu prolongamento e, daí, traçar uma
linha perpendicular à linha do horizonte, conforme a
ilustração anterior.
A
bússola e o GPS
0
mais antigo e eficiente instrumento de orientação inventado
pelo homem é a bússola, cujo ponteiro (agulha imantada) aponta
sempre para o norte, em virtude do magnetismo terrestre.
Todavia,
os meios mais modernos de orientação utilizam o sistema
conhecido como GPS (Global Positioning System), que funciona com
base em uma rede de satélites artificiais, circulando a 20 mil
quilômetros de altitude e enviando permanentemente sinais à
Terra.
Em
geral, os variados e sofisticados aparelhos que usam o GPS
possuem uma antena para receber os sinais dos satélites.
Calculando-se o tempo que uma onda de rádio emitida por cada
satélite leva em seu percurso, determina-se com precisão o
local do aparelho receptor, inclusive a altitude em que se
encontra, bem como, se for o caso, a direção e a velocidade do
veículo em que estiver instalado.
A localização no
espaço
Encontrar um
determinado prédio numa cidade é relativamente fácil; basta
ter o endereço. Mas como podemos localizar uma cidade ou um
ponto qualquer na superfície terrestre? Isso é feito por meio
de linhas imaginárias traçadas sobre o globo, conhecidas como
coordenadas geográficas. A localização precisa de um ponto é
dada pela intersecção de duas linhas, que se cruzam em ângulo
reto (a 90°).
Coordenadas
geográficas
As coordenadas
geográficas são como imensas ruas ou caminhos que cobrem
imaginariamente toda a superfície da Terra. São elas os
meridianos e os paralelos (veja as figuras na página seguinte).
Os paralelos e os
meridianos são indicados por números ou, mais precisamente, por
graus de circunferência, segundo a divisão sexagesimal. Vale
lembrar que uma circunferência tem trezentos e sessenta graus
(360°), cada grau tem sessenta minutos (60') e cada minuto
divide-se em sessenta segundos (60").
0 paralelo de zero
grau (0°) é a linha imaginária traçada na parte mais larga da
Terra, cujos pontos são eqüidistantes dos pólos. Ele foi
denominado Equador e divide o planeta em dois
hemisférios, o norte e o sul.
Os paralelos são
traçados lateralmente ao Equador, tanto para o norte quanto para
o sul. A cada um deles é atribuído o número correspondente ao
ângulo que forma com a linha do Equador, considerando o centro
da Terra o centro da circunferência. Portanto, os pólos estão
a 90° do Equador. Ao lado do número do paralelo vai a
indicação norte ou sul. Veja a figura a seguir.
Os meridianos são
linhas imaginárias que dão a volta na Terra, passando pelos
dois pólos. Assim, ao contrário dos paralelos, todos os
meridianos têm a mesma medida. Por isso, a escolha do meridiano
de zero grau (0°) teve de ser convencionada. Escolheu-se,
então, para início de contagem, o meridiano que passa pela
torre do observatório astronômico de Greenwich, que é uma
localidade da área metropolitana de Londres, capital da
Inglaterra.
0 meridiano de
Greenwich divide a Terra em dois hemisférios, o ocidental e
o oriental. A partir dele, que corresponde a 0°, podemos
traçar quantos meridianos quisermos, até o limite de 180°,
tanto para oeste quanto para leste, o que totaliza os 360° da
circunferência. Ao lado do número do meridiano vai a
indicação leste ou oeste.
Para localizarmos uma
cidade ou um local qualquer, precisamos ter uma rede de
coordenadas, na qual os paralelos e os meridianos aparecem com
sua indicação numérica. Para indicar a localização, basta
dar o paralelo e o meridiano do local. 0 centro de Brasília, por
exemplo, fica no paralelo 15°45' sul e no meridiano 47°20'
oeste (figura a seguir).
Latitude e
Longitude
Dar as coordenadas
geográficas de uma cidade significa informar sua latitude e sua
longitude.
Longitude é o
afastamento, medido em graus, do meridiano de Greenwich a um
ponto qualquer da superfície da Terra. Ela vai de 0° a 180° e
pode ser leste ou oeste (figura abaixo).
Latitude é o
afastamento, medido em graus, da linha do Equador a um ponto
qualquer da superfície terrestre. Ela vai de 0° a 90° e pode
ser norte ou sul (figura abaixo).
Assim,
Brasília tem a seguinte localização:
15°45'
de latitude sul e 47°20' de longitude oeste.

As
distâncias angulares são indicadas em graus e não em quilômetros, porque se
trata de medições sobre uma esfera, forma aproximada da Terra. Para se ter uma
idéia das distâncias métricas, pode-se lembrar que, na linha do Equador, cada
grau corresponde a pouco mais de 111 km.
Veja
a figura.

4.
Marcação do tempo
O
tempo é uma referência indispensável aos homens, tanto quanto o espaço em
que vivem a superfície terrestre. É preciso localizar os fatos não só no
lugar em que estão, mas também no momento em que ocorrem, pois cada um deles
tem o seu espaço-tempo. Cada astro tem uma referência de tempo própria. Para
localizar um acontecimento no ano, muitos povos antigos usavam como referência
o movimento de translação da Lua, ou seja, os 28 dias que leva para dar uma
volta ao redor da Terra. Adotavam, assim, o calendário lunar, cujo ano tem 354
dias. Ainda hoje, os muçulmanos, por exemplo, marcam seu tempo pela Lua.
No
mundo judaico-cristão, a contagem do tempo sempre foi feita tomando como
referência o movimento da Terra ao redor do Sol; baseia-se, portanto, no ano
solar. Embora muitos povos só o tenham adotado muito depois, o calendário
atual foi implantado em 1582, por iniciativa do papa Gregório XIII. Por isso,
é chamado de calendário gregoriano.
Assim,
para determinar um acontecimento no ano, usamos o dia, isto é, cada uma das 365
posições da Terra ao longo da sua órbita em torno do Sol. Para localizar um
fato no dia, usamos as horas, ou seja, as 24 partes em que foi dividido o tempo
de uma rotação. Por sua vez, uma hora é dividida em 60 minutos e cada minuto
em 60 segundos.
Em
cada ponto da superfície terrestre, cada hora corresponde a uma determinada
posição do Sol em seu movimento aparente. Portanto, cada lugar tem sua hora
real ou hora solar. O momento em que o Sol está mais alto, por exemplo, é
meio-dia ou 12 horas. Somente os lugares localizados sobre um mesmo meridiano
têm a mesma hora solar.
Como
calcular a diferença de horários
Tendo
os respectivos meridianos, isto é, as longitudes de dois lugares, podemos
calcular a diferença de horário entre eles. Por exemplo:
Vitória,
capital do estado do Espírito Santo, tem 40° de longitude oeste; Tóquio,
capital do Japão, tem 140° de longitude leste. Qual a diferença de horário
entre as duas capitais?
Primeiramente,
temos que saber a diferença longitudinal entre elas. Os dados nos dizem e
qualquer mapa do mundo nos mostra que Vitória está a oeste de Greenwich,
enquanto Tóquio está a leste do meridiano central. Portanto, neste caso,
devemos somar as longitudes para obtermos o afastamento longitudinal entre as
duas cidades. Então, como 40° + 140° = 180°, a diferença de longitude é de
180°.
Agora,
pensemos um pouco. Uma rotação é feita em 24 horas e cada volta da Terra, no
caso, tem 360°, ou seja, o valor de uma circunferência. Dividindo 360 por 24,
teremos o número de graus percorridos por um ponto qualquer da superfície em
uma hora. O resultado dessa divisão é 15. Isso significa que um ponto percorre
15° de circunferência em uma hora. Em 24 horas, o mesmo ponto terá percorrido
os 360° da circunferência, pois 24 x 15 = 360.
Desse
modo, cada 15° de afastamento longitudinal corresponde a uma hora de diferença
entre dois locais da superfície terrestre.

Ora,
entre Vitória e Tóquio há uma diferença longitudinal
de 180°, a qual, dividida por 15°, nos dá 12. Portanto, a diferença de
horário entre as duas cidades é de 12 horas.
Agora,
é preciso saber qual das duas está com o horário adiantado em relação à
outra. Isso se resolve facilmente.
Como
a Terra gira de oeste para leste, o Sol vai nascer primeiro nos lugares
localizados a leste em relação aos que estão a oeste. Portanto, um lugar
localizado a leste de outro terá seu horário adiantado em relação ao que lhe
está a oeste.
Assim,
enquanto são 10 horas em Vitória, serão 22 horas em Tóquio, pois a capital
japonesa está 180° a leste da capital capixaba.
No
entanto, quando dois lugares estão no mesmo hemisfério em relação a
Greenwich, precisamos diminuir suas respectivas longitudes, a fim de obtermos o
afastamento longitudinal entre elas. Só então podemos calcular a diferença de
horário. Por exemplo:
Lãs
Vegas, nos Estados Unidos, está a 115° de longitude oeste, tal qual Vitória.
Qual a diferença de horário entre as duas cidades?
Precisamos,
então, diminuir a longitude de Vitória (40° oeste) da longitude de Lãs Vegas
(115° oeste). 0 resultado -75°- é o afastamento longitudinal procurado.
Agora, dividindo 75 por 15 temos 5, o que significa que a diferença de horário
entre as duas cidades é de 5 horas. Como Vitória está a leste de Lãs Vegas,
seu horário está adiantado. Assim, por exemplo, enquanto é meiodia em Lãs
Vegas, em Vitória são 5 horas da tarde, ou melhor, 17 horas.
Fusos
horários
Em
tempos remotos, o homem usava o relógio solar para medir o tempo durante o dia.
Desenhado no chão, o relógio solar tinha um ponteiro que era uma vara fincada
na posição vertical, cuja sombra indicava as horas.
0
modo de construção de um relógio solar varia conforme a latitude de cada
lugar, que, a rigor, tem sua hora solar verdadeira. Mas de há muito o relógio
solar está em completo desuso, pois não é possível obedecer ao horário
solar local.
Para
facilitar a comunicação entre os diferentes lugares da superfície terrestre,
foi instituída já no final do século XIX a hora legal.
A
Terra foi dividida em 24 "gomos" iguais, ou seja, 24 faixas
longitudinais, cada uma com 15°. A soma dessas 24 faixas perfaz os 360° da
circunferência. Cada uma dessas faixas longitudinais constitui um fuso horário.
Portanto, a Terra está dividida em 24 fusos horários.
Dentro
de um mesmo fuso horário todos os relógios devem marcar a mesma hora, que
será a hora daquele fuso. A hora legal é uma hora convencionada entre os
povos, pois, em geral, não coincide com o horário solar (figura acima).
O
fuso de Londres foi escolhido como referência para a marcação do tempo. É,
portanto, o fuso inicial. No meio desse fuso, com 15° como todos os outros,
passa o meridiano de Greenwich. 0 mundo todo marca o tempo com base no chamado
GMT - Greenwich Mean Time (hora média de Greenwich). Os fusos a leste de
Londres têm o seu horário adiantado em relação ao fuso central. E os fusos a
oeste têm o seu horário atrasado.
0
horário no Brasil
Se
adotasse rigorosamente os limites dos fusos estabelecidos mundialmente, o Brasil
enfrentaria muitos problemas práticos. 0 Rio Grande do Sul, por exemplo, seria
atravessado ao meio pelo limite entre dois fusos, que até mesmo dividiria
cidades.

Para
evitar problemas desse tipo, o país adaptou seus fusos horários, fazendo-os,
na medida do possível, coincidir com limites estaduais. Assim, há quatro fusos
horários no Brasil, todos atrasados em relação ao fuso de Londres, pois o
território brasileiro está inteiramente a oeste do meridiano de Greenwich.
Quando, por exemplo, é meio-dia na capital federal e na maior parte do país,
são 11 horas no Amazonas e 10 horas no Acre. Mas, no arquipélago de Fernando
de Noronha, são 13 horas. Veja o mapa anterior.
Com
o propósito de aproveitar melhor a luz dos longos dias da estação e
redistribuir os horários de consumo de energia elétrica, o Brasil estabeleceu
o horário de verão. Durante sua vigência, os horários são adiantados
em uma hora nos estados que o adotam.
Mapa Urbano
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