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Geografia Geral - Climatologia
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2.- Domínios morfoclimáticos ou fitogeográficos da Terra
(interação dos fatores naturais-relevo, hidrografia,clima, vegetação e solos):
são as florestas de baixas latitudes(equatoriais e tropicais), savanas e os
desertos e semidesertos- na Zona Intertropical da Terra; as florestas de folhas
caducas, campos temperados e florestas de coníferas- nas Zonas Temperadas; a
tundra- na Zona Polar Ártica. Vamos ao estudo da interdependência dos elementos
desses ecossistemas:
A] Na Zona Intertropical:
·
Florestas
de baixas latitudes:
climas equatorial e tropical úmido com altas temperaturas e muitas chuvas e
amplitude térmica baixa, que propicia a formação das matas mais
biodiversificadas (devido ao calor e umidade).Os solos são muito lixiviados,
lateríticos (ascensão de óxidos de ferro e alumínio lhes conferem acidez
acentuada). A decomposição das folhas mortas no chão servem para automanutenção
das florestas. A biodiversidade gera uma densidade enorme da cobertura vegetal
que dificulta a ocupação humana, mas incentiva o extrativismo vegetal.
-
Savanas (cerrados no Brasil)-
como o clima é tropical com chuvas de verão e o
inverno é seco, a vegetação é formada por árvores dispersas, um extrato
inferior de gramíneas e muitos arbustos com características xeromórficas
(folhas cerosas, raízes longas, casca grossa, galhos retorcidos para se
adaptar ao inverno seco). Os solos ácidos podem ser corrigidos com a
introdução de calcário (técnica da calagem), representando uma nova fronteira
agrícola do Brasil (soja).
-
Desertos e semidesertos-
ocorrem devido aos anticiclones
subtropicais (áreas de baixa pressão atmosférica junto aos trópicos), às
correntes marítimas frias (formando desertos litorâneos) e em encostas de
sotavento (do lado contrário a ventos úmidos, acontecendo chuvas orográficas
nas encostas de barlavento). Seus climas caracterizam-se por altas amplitudes
térmicas diárias e chuvas escassas e irregulares, daí a vegetação xerófita
(guarda água nos vacúolos celulares e apresenta espinhos para não
evapotranspirar) ou sistema radicular desenvolvido. Os solos são esqueléticos,
isto é, finos (devido ao intemperismo físico causado pelas elevadas amplitudes
térmicas diárias); são alcalinos ou salinos (pois a evaporação é > que
precipitação). As estepes são típicas de clima semi-árido que envolvem os
desertos.
B] Na Zona Temperada do Norte
:
·
Florestas
de Folhas caducas
(folhas caem no inverno para reduzir o metabolismo) ou de médias latitudes-
típicas de clima temperado oceânico- são homogêneas e por se situarem na área
mais industrializada e urbanizada da Terra, são as mais devastadas.
-
Campos temperados (estepes da Ucrânia, pradarias
norte-americanas, pampas gaúchos):
relacionam-se com o clima
temperado continental, com invernos secos e rigorosos e amplitude térmica
diária e anual grande. Os solos são muito férteis em face da decomposição das
gramíneas mortas no inverno, não havendo quase lixiviação no verão, formando
matéria orgânica. Aí estão os solos de tchernozion da Ucrânia e os cinturões
agrícolas norte-americanos.
-
Florestas de coníferas ou de altas latitudes
- relacionam-se ao clima frio, com baixa insolação e solos gelados. São as
florestas mais homogêneas (praticamente só de pinheiros), prestando-se à
indústria extrativa vegetal (Canadá, Suécia, Noruega, Finlândia são grandes
produtores de celulose e papel). Solos podzólicos, isto é, ácidos e pálidos,
com turfa no horizonte A (parte externa dos solos) e pobres,dificultando a
agricultura.
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Tundra -
no extremo N da América do N e da Eurásia, com solos gelados durante 8 meses,
devido ao clima subpolar, sobrevivendo apenas musgos e líquens.
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Vegetaçao orófila -
típica dos dobramentos modernos
devido ao ar seco (a umidade aumenta até certa altitude,daí haver florestas,
depois diminui escasseando a vegetação). A altitude, de certa forma, repete as
formações vegetais da latitude em face dessas condições diversas de
temperatura e umidade.
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3.- Climas: sucessão habitual dos tipos de tempo, cujos elementos são
a temperatura, a pressão e a umidade atmosférica (diferenciando os climas
planetariamente). Os fatores do clima são: altitude, latitude, proximidade do
mar, correntes marítimas (diferenças regionais dos climas).
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A) Temperatura - a quantidade de calor na atmosfera, que varia em
função:
·
da altitude
(o calor é irradiado da superfície terrestre, que absorve 47% da energia solar),
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da latitude (os raios solares caem perpendicularmente
nas áreas de baixas latitudes, inclinando-se cada vez mais nas médias e altas
latitudes, além disso a superfície esférica da Terra em baixas latitudes
concentra mais calor, pois é uma área menor que em alta latitude),
-
da proximidade do mar (calor específico da hidrosfera
é maior que o da litosfera, portanto o mar se aquece e perde calor mais
lentamente que o continente, daí as áreas continentais terem uma amplitude
térmica diária e anual maior que as litorâneas, visível em baixas e médias
latitudes).
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das correntes marítimas- as quentes aumentam a
temperatura e a pluviosidade dos litorais, especialmente em médias e altas
latitudes; as frias formam desertos litorâneos e áreas piscosas (absorvem O2
do ar, infiltrando-se nas águas e privilegiando a formação do plâncton). A
Corrente fria do Peru causa mudanças profundas na circulação atmosférica e do
mar em todo o hemisfério S (é o efeito "El Niño", que causa secas no S
enquanto chove no Sertão do NE do Brasil).
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As diferentes condições de insolação da Terra
determinam as Zonas de Iluminação (ou térmicas) da Terra= uma das causas
geográficas do colonialismo moderno e contemporâneo (as colônias de exploração
apresentavam climas e produtos tropicais, diferentes dos climas
metropolitanos)
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B) Pressão atmosférica:
força atuante da atmosfera sobre a superfície terrestre (=760 mm/Hg
ou 1.013 milibares ao nível do mar). Varia em função de:
·
Altitude-
à medida que subimos, diminui a coluna de ar e sua força de atuação sobre a
Terra.
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Temperatura
- TA=PB, isto é, áreas quentes são ciclonais ou de pressão baixa e o ar é
ascendente (representadas por setas convergindo para um centro); TB=PA, isto
é, são áreas anticiclonais ou de divergência (por serem estáveis
atmosféricamente apresentam desertos).
-
Latitude-
a área equatorial por ser a mais quente é a de mais baixa PA, portanto ser
ciclonal (aí se forma a convergência intertropical, que muda de posição em
face das estações do ano), enquanto as áreas polares são anticiclonais. As
trocas atmosféricas entre o ar quente tropical e o frio polar se fazem nas
imediações de 30o de latitude N e S, ou seja, nas áreas
subtropicais (esta é a razão de existência de desertos nestas áreas).
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D) Ventos-
deslocamentos do ar devido às diferentes condições de temperatura e pressão do
ar na Terra. Podem ser ventos planetários ( ex.: alíseos - dos trópicos para o
Equador; os ventos de W quentes e úmidos nas Zonas Temperadas e os ventos de L,
frios e secos, das Zonas Polares para as Temperadas) e periódicos (brisas
litorâneas- devido à troca de calor entre o mar e o continente de dia e de
noite; monções -entre o Oceano Índico e a Ásia,podendo ser de verão ou chuvosas
e de inverno ou secas).As brisas podem marítimas (de dia- do mar mais frio e com
PA p/ a terra mais quente e com pressão baixa) e terrestres (de madrugada- do
litoral para o mar).
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E) Massas de ar - agentes mais importantes da Climatologia Dinâmica.
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Devido à
obliquidade do eixo terrestre, as massas polares chegam até as áreas
subtropicais- daí estas serem anticiclonais; simultaneamente, as massas quentes
encontram-se com as polares nas regiões subpolares (em torno de 60o)
formando as frentes polares.
-
As frentes são áreas de contato entre 2 massas de ar
diferentes, originando uma turbulência ou agitação atmosférica e provocando
instabilidade do tempo e daí precipitações atmosféricas.
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Nas áreas ciclonais equatoriais, devido à
convergência dos ventos alíseos de NE e de SE, forma-se a convergência
intertropical ou CIT- região mais chuvosa da Terra. A CIT e as frentes polares
mudam de localização geográfica durante o ano, devido ao movimento de
translação da Terra.
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De acordo com esta circulação geral da atmosfera,
Strahler criou uma classificação genética ou dinâmica do clima, dividida
em climas: de latitudes baixas (sob a influência das massas equatoriais e
tropicais), de latitudes médias (influenciados por massas quentes e polares-
subtropical úmido, mediterrâneo, continental, marítimo das costas
ocidentais...) e de latitudes altas (pelas massas polares, como o de tundra,
continental e marítimo subártico, da calota de gelo).
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F) Umidade atmosférica
- resultado da evaporação (maior no mar e menor na terra) e da
evapotranspiração (das plantas), conforme a altitude, a latitude, os ventos e a
temperatura (quando alta, aumenta o ponto de saturação, isto é, a capacidade de
retenção de vapor d’água pela atmosfera).
·
O ciclo
hidrológico representa o movimento da água em seus 3 estados na superfície
terrestre: evaporação e evapotranspiraçãoà
condensaçãoà
transporte de vaporà
precipitação (neve e chuva) à
infiltração nos solos e escoamento das águas pluviaisà
evaporação...
-
A umidade pode ser avaliada de 2 formas: absoluta
(quantidade de vapor no ar em certo momento) e relativa (relação entre a
umidade absoluta e o ponto de saturação, ou seja, quociente entre a umidade
absoluta, ex.: l5%, e o ponto de saturação, ex.: 20%, daí l5:20=0,75 ou 75/100
ou 75%).
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A umidade manifesta-se através das condensações
superficiais (orvalho, geada e neblina) e das precipitações atmosféricas (neve
e chuva). As chuvas ocorrem quando se resfria o vapor d’água contido no
interior das nuvens; esta condição básica se dá de 3 maneiras diferentes:
chuvas orográficas (em litorais montanhosos, quando as massas de ar úmidas
vindas dos oceanos vão subindo a montanha ocorre uma descompressão do ar -
cada 100 m=menos 0,5o C- e resfria o vapor, chovendo na encosta de
barlavento, e na outra encosta, a de sotavento, podendo ocorrer climas
desérticos ou semi-áridos); ?
chuvas convectivas (típicas de baixas latitudes- os alíseos de NE e SE sopram
dos Trópicos p/ o Equador, onde sobem quentes e úmidos, saturando-se de vapor
d’água no alto e chovendo quase diariamente na área equatorial);
? chuvas frontais- produto do encontro de duas massas
de ar diferentes (típicas de médias latitudes).
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4. Modificações no clima por ação antrópica (ou do homem sobre a natureza)
·
A
industrialização e urbanização provocam problemas de poluição atmosférica, das
águas de rios e mares, sonora (stress e surdez prematura), da coleta de lixo. A
nível de macroclima os problemas maiores são: efeito estufa (pelo aumentode CO2
na troposfera por carros e indústrias, aumentando a sua temperatura), destruição
da camada de O3 (pelo uso do CFC não filtrando o UV da radiação
solar).
-
A nível de microclima urbano, notamos a formação de
verdadeiras "ilhas de calor" nas grandes metrópoles, pois as construções
urbanas absorvem mais insolação e a devolve com uma irradiação maior de calor-
e dos poluentes emitidos para a atmosfera e ausência da troca vertical entre o
ar frio de cima com o ar quente irradiado (=inversão térmica). Nos países
industrializados do hemisfério N ocorrem as chuvas ácidas(emissão de poluentes
de refinarias de petróleo, termelétricas e veiculos, contendo óxidos de
enxofre e nitrogênio, se dissolvem no vapor d’água das nuvens (efeitos:
corrosão de paredes e monumentos, destruição da flora e fauna de lagos e das
folhas das árvores).
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Os desmatamentos provocam a desertificação dos climas
(evaporação mais intensa, diminuição do estoque da água em circulação na
atmosfera, escassez e irregularidade das chuvas), maior lixiviação dos solos
(águas pluviais infiltram-se menos e escoam mais rápido), assoreamento dos
rios (sedimentos transportados pelas enxurradas depositam-se no fundo,
tornando os rios mais rasos e aumentando a destruição das enchentes),
destruição da flora e fauna, modificações no ciclo do carbono na atmosfera
(plantas inalam CO2 e exalam O2 ).
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No Sahel e nas estepes do Kasaquistão está ocorrendo
a desertificação. No Sahel (S do deserto do Sahara) havia a rotação de
culturas de cereais e goma arábica, mas com a monocultura iniciou-se o
esgotamento dos solos, além do fato de que o aumento de população exigiu o
crescimento dos rebanhos (estes consumindo mais gramíneas das estepes e
compactando mais os solos com suas patas e dificultando a absorção da pouca
pluviosidade do clima semi-árido). Já nas estepes centrais asiáticas do
Kasaquistão foi introduzido o cultivo irrigado de algodão, sendo canalizados
os rios Amu-Darya e Syr-Darya, que desembocam no Mar de Aral. Este mar está
diminuindo de profundidade e extensão, já que diminuiu o débito fluvial
daqueles rios e aumentou a evaporação.
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