HIDROGRAFIA

1.
Introdução
O vapor d’água contido na
atmosfera, ao condensar-se, precipita. Ao contato com a superfície, a água
possui três caminhos: evapora, infiltra-se no solo ou escorre. Caso haja
evaporação a água retorna à atmosfera na forma de vapor; a água que se infiltra
e a que escorre, pela lei da gravidade, dirige-se às depressões ou parte mais
baixas do relevo - é justamente aí que surgem os lagos e os rios, que possuem
como destino, ou nível de base, no Brasil, o oceano.
País de grande extensão
territorial e boas condições de pluviosidade, o Brasil dispõe de uma vasta e
rica rede fluvial, cujas características gerais são:
Rios na maior parte de planalto
, o que explica o enorme potencial hidráulico existente no país.
Existência de importantes redes
fluviais de planície e navegáveis como a Amazônica e Paraguaia.
Rios, na maioria perenes, embora
existam também rios temporários no Sertão nordestino semi-árido.
Drenagem essencialmente
exorréica, isto é, voltada para o mar.
Regime dos rios essencialmente
pluvial, isto é, dependente das chuvas e, como o clima predominante é o
tropical, a maioria dos rios tem cheias durante o verão e vazante no inverno.
Características das Bacias Hidrográficas Brasileiras
Em decorrência de sua vasta extensão, suas características
morfológicas e condições favoráveis de pluviosidade, o Brasil tem a mais rica e
extensa rede hidrográfica do globo, proveniente de três centros dispersores de
água:
a) a Cordilheira dos Andes, onde
nascem os formadores do rio Amazonas;
b) o Planalto das Guianas, que dá
origem aos rios da margem esquerda da bacia Amazônica;
c) o Planalto Central Brasileiro,
de onde se originam os rios das mais importantes bacias brasileiras: a Amazônica
(rios da margem direita), a Platina, e a do São Francisco.
A hidrografia brasileira tem algumas características específicas:
1) a mais extensa bacia fluvial
do mundo em torno do mais caudaloso rio, o Amazonas;
2) predomínio de rios
planálticos, que em decorrência do relevo apresentam em seu leito rupturas de
declive e vales encaixados que lhes conferem grande potencial hidrelétrico. As
duas grandes bacias planálticas são a Platina e a do São Francisco, onde se
destacam várias quedas d'água entre as quais: Urubupungá, Iguaçu e Marimbondo
(bacia do Paraná) e Pirapora, Sobradinho e Paulo Afonso (bacia do São
Francisco);
3) predomínio do regime pluvial -
a maior parte dos rios brasileiros alimenta-se com água proveniente das chuvas.
Como a maior parte do país se localiza na zona tropical, seus rios apresentam
cheias no verão e estiagens no inverno, excetuando-se o rio Amazonas, com regime
complexo, o Uruguai (cheias de primavera) e os rios do Nordeste (Piranhas,
Jaguaribe, Paraíba e Capibaribe), cujas cheias são de outono/inverno;
4) prevalência de rios perenes -
a principal exceção acha-se no sertão nordestino semi-árido, onde existem
diversos cursos fluviais temporários ou intermitentes;
5) presença de fozes estuarinas —
a maioria dos rios brasileiros desembocam em forma de estuário, como o São
Francisco, e só excepcionalmente em forma de delta (rio Parnaíba, entre Maranhão
e Piauí) ou foz mista (rio Amazonas).
6) pobreza de lagos - apesar da
vastidão de seu território, o Brasil tem poucos lagos, que podem ser agrupados
em três categorias: costeiros, formados pelo fechamento de uma restinga ou
cordão arenoso (caso das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira, no Rio Grande do
Sul; Araruama e Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro); fluviais ou de
transbordamento, originados pelo transbordamentos de cursos fluviais (como o
Manacapuru, no Amazonas; Mandioré e Cáceres, em Mato Grosso) e lagos mistos
(Lagoa Feia, no Rio de Janeiro e Manguaba em Alagoas);
2. Principais Bacias
Hidrográficas do Brasil
Bacia
Autônomas |
Área (Km2 ) |
%da Área do País |
1 - Amazonas |
3984467 |
48 |
2 - Paraná |
891309 |
10 |
3 - Tocantins- Araguaia |
809250 |
9 |
4 - São Francisco |
631133 |
7 |
5 - Paraguai |
345701 |
4 |
6 - Uruguai |
178255 |
2 |
Bacias Agrupadas |
Área (Km2 ) |
%da Área do País |
7 - Nordeste |
884835 |
10 |
8 - Leste |
569310 |
7 |
9 - Sudeste |
222688 |
3 |
Bacia Amazônica
Abrange na América do Sul uma
área de cerca de 6,5 milhões de Km² (dos quais 4,7 milhões no Brasil), e é a
maior do globo terrestre. Trata-se, na verdade, de um enorme "coletor" das
chuvas que ocorrem na região de clima equatorial, na porção norte da América do
Sul. Seus afluentes provêm tanto do hemisfério norte (oriundos do planalto das
Guianas e que deságuam na sua margem esquerda), quanto do hemisfério sul
(procedentes do planalto brasileiro e que deságuam na sua margem direita), fato
esse que provoca duplo período de cheias em seu curso médio.
O Amazonas é um típico rio de
planície, já que nos 3.165 Km que percorre em território brasileiro sofre um
desnível suave e progressivo, de apenas 82 metros, sem a ocorrência de
quedas-d’água. Isto significa que é excelente para a navegação, podendo mesmo
receber navios transatlânticos desde sua foz, onde se localiza a cidade de
Belém, até Manaus (próximo ao local onde o rio Negro deságua no Amazonas, a
cerca de 1.700 Km do litoral), ou navios oceânicos de porte médio até Iquitos
(no Peru, a 3.700 Km da foz).
A
bacia Amazônica, cuja área equivale a mais da metade do território brasileiro,
destaca-se pela sua grandiosidade e o curso labiríntico de seus rios, lagos e
canais. A grandiosidade decorre do fato do Amazonas drenar uma imensa área que
recebe uma pluviosidade anual entre 2.000 e 3.000 mm, em mais de metade de sua
superfície. A bacia Amazônica situa-se entre o planalto das Guianas (ao norte) e
o Planalto Central Brasileiro (ao sul), e abrange uma área de 6,5 milhões de km2,
drenando águas de seis países além do Brasil. Neste país ocupa uma área de quase
4,0 milhões de km2,
drenando 47% da sua superfície total. Comunica-se com duas outras bacias, a do
Orinoco, na Venezuela, através do canal do Cassiquiare, e a do Paraguai, pela
região da chapada dos Parecis, através do rio Guaporé.
Bacia do Tocantins-Araguaia
Tanto o Tocantins quanto o
Araguaia são rios que nascem no planalto Central. Destaca-se, no baixo
Tocantins, a hidrelétrica de Tucuruí.
A
bacia do Tocantins-Araguaia é a maior totalmente brasileira, com área de
803.250 km2. No curso
inferior do rio Tocantins situa-se a hidrelétrica de Tucuruí, que abastece os
projetos de mineração da serra dos Carajás e Albrás.
Bacia do São Francisco
O rio São Francisco nasce na
serra da Canastra, em Minas Gerais, e deságua no Atlântico - entre Alagoas e
Sergipe - depois de atravessar o sertão nordestino.
A bacia do São Francisco, com
área de 631.133 km2 é, sem
dúvida, uma das mais importantes do país. Situa-se quase totalmente em áreas de
planalto, entre altitudes que variam de 400 a 1000m; seu principal rio, o São
Francisco, nasce na Serra da Canastra (Minas Gerais) e deságua no Atlântico em
estuário. Corre no sentido geral sul-norte, interligando as duas regiões de mais
antigo povoamento do país, o Nordeste e o Sudeste, sendo por isso denominado
"rio da integração nacional". Possui acentuados declives em seu leito com grande
potencial energético e produção hidrelétrica que abastece tanto a região Sudeste
(usina de Três Marias, Minas Gerais), como o Nordeste com as usinas de
Sobradinho e Paulo Afonso (Bahia). Embora seja um rio de planalto e atravesse
longo trecho (curso médio) em clima semi-árido com precipitações que algumas
vezes atingem menos de 500 mm anuais, é um rio perene e navegável em um longo
trecho de cerca de 2.000 km entre Pirapora e Juazeiro/Petrolina. A parte
superior da bacia, entretanto, recebe de 1.000 a 2.000 mm anuais de chuva.
Bacia Platina
O conjunto das bacias dos rios
Paraná, Paraguai e Uruguai formam a chamada bacia Platina, cujas nascentes se
encontram em território brasileiro, e deságuam no estuário do Prata, entre o
Uruguai e a Argentina.
É formada por um conjunto de
rios:
Rio Paraná: é o principal rio da
bacia, com aproximadamente 4.025 Km; possui um grande potencial hidráulico
A bacia do Paraná,
situada na parte central do planalto meridional brasileiro é essencialmente
planáltica, ocupando o primeiro lugar em potencial hidrelétrico do país. O rio
Paraná, formado pela fusão dos rios Grande e Paranaíba, separa os estados de São
Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul e, na foz do Iguaçu,
serve de fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Apresenta muitas quedas
d'água mas é navegável em alguns trechos, sendo o principal deles entre
Urubupungá e Guaíra.
Rio Uruguai: nasce do encontro
dos rios Canoas e Pelotas, percorre trechos de planalto em seu curso superior e
de planície no inferior, onde é utilizado para navegação.
A Bacia do Uruguai tem um trecho
planáltico e outro de planície. Seu rio principal, o Uruguai, nasce na serra do
Mar, no Brasil, e depois de descrever um grande arco, em que serve de fronteira
entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, entre o Brasil e a Argentina e entre
Argentina e Uruguai, desemboca no estuário do Prata.
Rio Paraguai: é um típico rio de
planície, atravessa o Pantanal Mato-grossense e é utilizado como hidrovia. A
bacia do Paraguai é típica de planície, destacando-se pelo seu aproveitamento
como hidrovia interligada a outras bacias, especialmente à do Paraná, através
dos rios Pardo e Coxim. A navegação nessa bacia é internacional, pois o rio
Paraguai banha terras do Brasil, Paraguai e Argentina.
Bacias secundárias ou agrupadas
As bacias secundárias são
agrupamentos de rios que não têm ligação entre si; são, na verdade, agrupamentos
de pequenas bacias.