“(…..) Nas fábricas japonesas, os empregados
parecem trabalhar mesmo sem o controle dos chefes de turma.
Os operários não demonstram estar zangados
com seus superiores e realmente parecem desejar que a empresa
tenha sucesso”. Esta observação foi feita
por um visitante, em oposição às fábricas
americanas.
Os japoneses sentem orgulho de seu trabalho e são
leais em relação a sua empresa, produzindo
mercadorias competitivas no preço e de qualidade.
Nas indústrias com requisitos de proficiência
mais baixos, a mão-de-obra treinada e especializada
não eram necessárias. A agilidade e vigor
físicos pensaram mais. Havia interesse maior por
operários mais jovens ( final do século XIX,
início do século XX).
Nas indústrias modernas, onde a alta especialização é necessária,
e, portanto de tempo e investimentos consideráveis,
foi desenvolvido um sistema de aumento de salário
baseado em tempo de serviço para motivar os empregados
a permanecer.O sistema de tempo de serviço e emprego
permanente paternalistas tornaram-se predominantes na indústria
de larga escala.
Nas décadas de 50 e 60, sob a tutela do governo,
muitas firmas pequenas se consolidaram e se modernizaram.
Novas administração e tecnologia americanas
foram introduzidas. Chegaram a considerar a introdução
do modelo americano, não paternalista, mas no final
dos anos 60, as empresas começaram a sobrepujar
as companhias do ocidente. A nova filosofia de administração,
então, incorpora muitos conceitos da moderna administração
ocidental (estratégias básicas de negócios,
ciclos de vida dos produtos, levantamentos de mercado e
estratégias de marketing, contabilidade, modelos
econômicos, propaganda, etc), mas alguns fundamentos
japoneses permanecem (perspectivas a longo prazo, emprego
permanente, tempo de serviço e lealdade para com
a companhia) e algumas características se desenvolvera
(separação de cargo e tarefa, pequenas diferenças
em pagamento e status para operários de uma determinada
idade, gerência e responsabilidade de pequenos grupos).
A empresa japonesa investe alto visando retorno a longo
prazo. Isso é possível porque não
depende da venda de títulos (1/6 do capital) e sim
de empréstimos bancários. Os acionistas não
têm força para exigir lucro anual e os bancos
dependem das companhias tanto quanto estas dependem dos
bancos. O sucesso da empresa é julgado mais pela
valorização da empresa no mercado de ações
e isso se dá a longo prazo, mantendo a lucratividade
e diminuindo os custos. As grandes empresas japonesas contraem
grandes dívidas, mas por serem consideradas importantes
para o conjunto da economia, o Banco de Japão, apoiado
pelo Ministério da Fazenda, auxilia os bancos que
emprestam dinheiro às companhias. Os mais importantes
ministérios do governo também ajudam, em
caso de emergências.
Uma empresa em dificuldades econômicas sempre vai
procurar contornar a situação sem sacrificar
o sistema de emprego permanente, com ligeiras adaptações,
reduzindo os valores dos bônus e dos aumentos, as
horas de trabalho, as admissões; fazendo cortes
de salário; despedindo empregados temporários;
encorajando a aposentadoria; transferindo empregados para
empresas filiadas.
Os funcionários com o mesmo tempo de serviço,
são considerados iguais. Nos primeiros anos recebem
o mesmo pagamento para diminuir a competição
e fortalecer a amizade entre colegas. O mais importante
critério para medir qualidade, visando a promoções
regulares por período de tempo, é a capacidade
de trabalhar bem com os outros. O empregado que progride
mais rapidamente não é o que tem idéias
originais, mas o que pode colaborar bem com os outros para
achar uma conclusão satisfatória para todos.
A realização pessoal não pode ser
separada da capacidade de trabalhar em grupos. Eventualmente,
o prêmio pelo desempenho e esforço inclui
salário e posição, mas a recompensa
verdadeiramente satisfatória é a estima de
seus colegas. Mesmo que numa seção o chefe
seja de forma notória medíocre e menos apto
ao serviço que seu subalterno, o importante é o
desempenho do grupo. O grupo, como um todo, tem grande
força e responsabilidade, pois, dentro de sua esfera,
não espera ordens dos executivos, mas toma as iniciativas
identificando problemas, fazendo consultas, preparando
documentos e propondo soluções para os problemas.
Somente quando o grupo não consegue resolver os
problemas sozinhos, os executivos tomam as decisões
finais. O sucesso e o fracasso vêm do esforço
do grupo e não são nunca colocados nos ombros
de uma única pessoa. Na pior das hipóteses,
se um alto funcionário agir mal, seu mandato será terminado
mais cedo ou ele não será promovido tão
rapidamente.
A empresa japonesa acredita que o ritmo da evolução
da moderna tecnologia e da mudança organizacional,
tornam a especialização rapidamente ultrapassada.
O jovem empregado japonês, por ser generalista, se
interessa em ter conhecimentos vastos sobre sua empresa.
Um funcionário japonês, que sabe que será mantido
e retreinado no decorrer da carreira, geralmente não
se preocupa com inovação e não resiste à mudança
tecnológica, pois esta é necessária
para o desenvolvimento de sua companhia. O trabalhador
japonês é flexível e está disposto
a ajudar os companheiros em diferentes tarefas.
A empresa japonesa coloca seu compromisso com os empregados
acima dos compromissos com lucros e com acionistas. O trabalhador,
por sua vez, responde com compromisso de lealdade.
O sucesso das companhias japonesas em evitar inquietações
perturbadoras por parte dos empregados, foi reforçado
pelo tratamento dispensado aos sindicatos dos trabalhadores.
Depois da II Guerra Mundial, quando a ocupação
dos aliados ordenou uma rápida expansão dos
sindicatos, os executivos das grandes empresas japonesas
tomaram providências para que os empregados se tornassem
membros dos sindicatos, que nasceram não de lutas
violentas, mas da iniciativa dos líderes responsáveis.
No início, o movimento trabalhista, protegido pela
ocupação aliada, tornou-se uma força
política poderosa e as vezes, violenta. A administração
percebeu que incentivando os funcionários fieis
e de escritório a tomarem parte nas atividades dos
sindicatos e tentando satisfazer alguns pedidos dos trabalhadores,
criaria melhores relações de trabalho e uma
força operária mais satisfeita. Os sindicatos
japoneses são organizados pelas empresas. Os sindicatos
profissionais nacionais tendem a ser fracos. Em algumas áreas,
os sindicatos se envolveram em longas greves e perturbações,
mas isso aconteceu porque estavam convencidos de que as
perturbações não poriam em perigo
o futuro de sua organização.
No setor público as greves são oficialmente
ilegais, e quando algum sindicato testa essa legalidade,
como ocorreu em 1976, a greve é interrompida não
pela lei, mas pela opinião pública. Os empregados
do setor privado que não fazem greve em virtude
da dedicação que têm por sua empresa,
exercendo pressão pública, não consideram
correto o Governo oferecer melhores condições
e salários à servidores públicos grevistas.
Os filhos de grevistas chegam a ser ridicularizados pelos
colegas nas escolas.
Com riqueza crescente e emprego total, no final dos anos
60, muitos jovens se tornaram confiantes em suas habilidades
para ganhar a vida mesmo se deixassem sua atual companhia
e essa atitude ameaçou a disciplina da empresa.
Contudo, desde a crise do petróleo em 1963, os trabalhadores,
com medo do desemprego, sentiram-se dependentes de sua
empresa e a disciplina melhorou. Assim, mesmo com um padrão
de vida alto, o japonês não deu fim ao trabalho
duro.
INCENTIVOS PESSOAIS
As empresas japonesas oferecem incentivos econômicos
por lealdade a longo prazo e reforços para o funcionário
se identificar com a empresa, por exemplo:
- hipotecas com juros subsidiados pela empresa;
- bônus, presentes;
- descontos especiais;
- festas, viagens, cursos, exibições;
- instalações para recepções
e festas;
- colônias de férias; e
- atividades esportivas diversas.
Os executivos japoneses, em geral, querem seus funcionários
sob seus cuidados até mesmo nas horas de folga,
mesmo que isto represente um alto custo. |