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Julho de 2000 |
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Início
Quem são os "cientistas" da criação? Quais são os Verdadeiros Objetivos dos "Cientistas" da Criação Icthyostega; Um Fóssil de Transição |
O
Argumento do "Projetista Inteligente" Por Lenny Flank Tradução: Cássia C.C. Santos
Contudo, existem vários problemas com a "probabilidade" criacionista. O primeiro e mais óbvio é que coisas altamente improváveis acontecem o tempo todo. Quão improvável deve ser um evento para que seja "improvável demais" de ter ocorrido sem intervenção divina? As chances de que ser humano venha a ser atingido por um raio são enormemente pequenas, e ainda assim ao menos uma dúzia de pessoas morrem por ano nos EUA devido a descargas atmosféricas. Todos foram atingidos por Deus? A possibilidade de que uma pessoa em particular seja atingida por um raio é "improvável demais" para ter ocorrido pelo acaso?
Ainda mais fatal que a "probabilidade" criacionista, entretanto, é o simples fato de que as probabilidades de que eles falam são irrelevantes, já que nem as biomoléculas nem as células vivas são formadas "aleatoriamente" ou por "acidente". A vida é um processo químico, e como todos os processos químicos, é governada por leis determinísticas da química e da física e estas leis não são aleatórias. Se temos por exemplo um número de aminoácidos numa solução, eles não se combinam "aleatoriamente" e sim, o fazem de acordo com suas propriedades químicas. Desta maneira, qualquer mistura de aminoácidos se combinará sempre da mesma forma, de acordo com as leis da química. A idéia de que há um número astronomicamente grande de combinações químicas possíveis está simplesmente equivocada. As leis da física reduzem as possíveis combinações químicas a um número muito menor -- o número possível de configurações eletrônicas na camada externa daqueles átomos. Todas as demais combinações "possíveis" são proibidas pelas leis da química e da física. Desta forma, em seu argumento da "probabilidade", os criacionistas convenientemente se esquecem de mencionar que a combinação dos componentes daquelas biomoléculas não é "aleatória", e sim são determinadas precisamente pelas férreas leis da química e física nuclear. Ponha um grupo de aminoácidos em contato e estes se combinarão da mesma forma básica todas as vezes, devido à química dos átomos de carbono. Isto faz com que a "probabilidade" de que uma coleção de aminoácidos se combinarão para formar uma proteína em particular, esteja muito próxima dos 100%. As leis da química e da física reduzem drasticamente o número de "possíveis" combinações químicas, e em muitos casos deixa apenas a configuração que seja mais estável quimicamente. A afirmação criacionista de que uma célula ou uma cadeia de DNA apareceram "de uma só vez" não é mais que uma retórica enganosa. NINGUÉM jamais sugeriu que uma célula viva ou uma biomolécula aparecera pronta como num passe de mágica, intacta. Pelo contrário, a aparição da primeira molécula auto-replicante (assim como da primeira célula viva) foi um processo estável de construção feita passo a passo, começando com um proteinóide e adicionando pedaços aqui e acolá. Nenhum biólogo evolucionista jamais afirmou que as biomoléculas ou as células vivas devem ter aparecido de uma só vez em sua forma final e completa. Uma vez que uma série de processos químicos intermediários antecedeu sua formação, o argumento criacionista de que biomoléculas intactas não podiam ter surgido por mero acaso, é completamente irrelevante. Proximamente ligada ao argumento da "probabilidade" criacionista, entretanto, é a afirmação que um "projetista inteligente" deve ter dirigido este processo. O mais conhecido proponente deste ponto de vista tem sido Michael Behe. Em seu livro Darwin's Black Box, Behe argumenta a favor do que ele chama de "complexidade irredutível". Isto significa, de acordo com Behe, que existem sistemas no mundo natural que estão feitos de um certo número de partes interdependentes, e esta interdependência é tão grande que estes sistemas não poderiam funcionar sem a presença simultânea de todos os componentes. Eles são portanto "irredutivelmente complexos" e somente podem existir como um todo. Como ele colocou: "Por irredutivelmente complexo quero dizer um sistema isolado composto de várias partes bem ajustadas interagindo que contribuem para a função básica, no que a remoção de qualquer uma das partes leva o sistema a efetivamente cessar o funcionamento. Um sistema irredutivelmente complexo não pode ser produzido diretamente (ou seja, melhorando continuamente a função inicial, a qual continua a funcionar pelo mesmo mecanismo) por modificações sucessivas, insignificantes de um sistema precursor, porque qualquer precursor de um sistema irredutivelmente complexo que está sem uma parte é por definição não funcionante." (Behe, p. 39) Já que a probabilidade de que todos os componentes necessários teriam evoluído todos de uma vez, intactos e funcionais, ao mesmo tempo, é altamente improvável, e como é impossível para eles terem se originado passo a passo, então (conclui Behe), eles devem ter sido colocados juntos deliberadamente por um "Projetista Inteligente". A seguir, Behe cita um número de processos biológicos, incluindo o sistema imunológico humano e a coagulação sangüínea, os quais, afirma, são "irredutivelmente complexos" e que portanto devem ser o produto de um "Projetista Inteligente".
O problema tanto com o argumento da "complexidade irredutível" como com o "argumento do design", é que nenhum dos dois tem algo científico a dizer, e ambos estão baseados somente em pressupostos religiosos. Uma proposição científica da forma "a vida foi desenhada por um projetista inteligente" deve ser capaz de ser testada e potencialmente refutada. Mas como podemos fazer isto? Como diferenciamos um organismo "projetado" de um "não projetado"? Que tipo de evidência, a princípio, poderia indicar que existe um "projetista", e que tipo de evidência, a princípio argumentaria contra a existência de um "projetista"? Que tipo de testes objetivos nos permitiria distinguir que algo foi projetado (diferente do que simplesmente olharmos e concluirmos "Isso realmente parece ter sido projetado" . . .) ? O argumento completo de Behe é melhor visto como uma versão do "argumento da ignorância". Em essência, seu argumento inteiro se resume em "Não tenho nem idéia de como este processo pôde ter evoluído passo a passo, portanto não pode ter acontecido". Entretanto o fato de que Behe (ou qualquer outro) não possa determinar como um processo evoluiu passo a passo não constitui uma evidência de que não tenha ocorrido. Na verdade, novas descobertas na bioquímica tem nos levado a entender a evolução passo a passo de muitos dos casos que Behe cita como "irredutivelmente complexos", casos estes que ele afirmava serem impossíveis de se obter pela evolução. Em seu trabalho, Behe ignora um conceito muito importante de evolução biológica, a idéia de "exaptação". Isto ocorre quando uma característica biológica é modificada para o uso em um sistema completamente diferente, e adquire uma nova função que não tinha antes. Exaptações explicam muitos dos "sistemas complexos" que vemos nos seres vivos.
Começamos com a "ratoeira" mais simples possível -- um simples pedaço de isca deixado sobre o chão. Quando o rato se aproxima da isca, acertamos ele com um martelo. Uma pequena modificação ao nosso sistema atual. Colocamos a isca em um pequeno buraco ou depressão na parede. Isto tem a vantagem de momentaneamente confundir o rato quando o surpreendemos na isca, já que leva um tempo até que o rato encontre a saída do buraco, dando-nos mais tempo para acertá-lo com o martelo. Outra modificação leve -- colocamos uma pequena porta dobradiça de metal cobrindo a abertura do buraco, a qual balança livremente para trás e para frente. Isto confunde o rato um pouquinho mais e leva um pouco mais de tempo para encontrar a saída -- dando-nos um tempinho a mais para acertá-lo com o martelo. A seguir, adicionamos um mecanismo de mola que pode ser armado pelo rato assim que ele pega a isca, deste modo fazendo com que a porta se feche atrás dele. A vantagem é que não temos mais que esperar lá quando o camundongo entra -- ao invés, o rato é agora confinado e pode ser acertado por nós através do martelo em qualquer momento conveniente mais tarde. Outra modificação: viramos o aparato todo em 90 graus assim é apoiado horizontalmente ao invés de verticalmente. Em outras palavras, nosso buraco com isca está agora no chão ao invés da parede. Isto tem a vantagem de permitir que o rato aborde nossa armadilha de qualquer direção, ao invés de limitar o acesso em apenas um lado da parede. Outra modificação: eliminamos o buraco e simplesmente colocamos a aparato de porta dobradiça no chão de modo que, quando armada, a porta da armadilha bate fortemente no chão onde o gatilho está localizado, esmagando o camundongo para nós quando ele tropeça no gatilho. A nova vantagem é que não temos mais que acertar o camundongo com o martelo -- a armadilha nova na prática faz isto por nós. Uma modificação final. Cortamos a parte do chão que cerca nossa armadilha e afixamos o mecanismo de armadilha diretamente a ela. Isto permite que levemos nossa armadilha para qualquer lugar que quisermos, ao invés de limitá-la a um local. E assim desenvolvemos passo a passo algo que deveria ser "irredutivelmente complexo". Cada passo é completamente funcional por si mesmo, e em cada passo, o resultado pretendido é conseguido -- um rato morto. Cada passo sucessivo é construído sobre o precedente através de pequenas modificações, no entanto cada passo é mais eficiente de algum modo que seu predecessor. E cada passo usa "exaptação" -- pega qualquer coisa que esteja à mão e incorpora em nosso sistema de crescimento. A isca usada na primeira armadilha pode ser sobras do jantar da noite passada, ou podia ser uma migalha de pão que encontramos atrás do sofá. A parede pode estar em qualquer lugar na casa. O alçapão sem o vai-e-vem podia vir de uma máquina de Coca-cola antiga, ou podia ser tirada do fazedor de gelo no refrigerador. A mola pode vir de qualquer pedaço de maquinaria que temos em casa. A evolução é repleta de exemplos destas exaptações, em que estruturas previamente não relacionadas são incorporadas em sistemas em desenvolvimento e recebem novas funções. Um exemplo é o desenvolvimento de penas por isolamento em pequenos dinossauros terópodos -- penas as quais foram mais tarde incorporadas em asas como mecanismos de vôo. Um exemplo particularmente bom de exaptação é a série de fósseis terapsideos-mamíferos (discutido em outro artigo) a qual mostra as mudanças graduais que resultaram de exaptar ossos pertencentes a articulação das mandíbulas reptilianas para funcionar como ossos do ouvido médio substitutos. Por alegar que tais sistemas são "irredutivelmente complexos", Behe está demonstrando uma ignorância básica de como a evolução funciona. Com efeito, o "projetista" de Behe é nada mais que o velho "Deus das lacunas", no qual qualquer coisa que não entendemos ainda é atribuído à ação divina. O problema com este ponto de vista é que, a medida que compreendemos cada vez mais, há continuamente cada vez menos para o Deus das lacunas (ou o "projetista" de Behe) fazer. Além disso, nem Behe nem mais ninguém pode cientificamente nos dizer algo a respeito de seu "Projetista Inteligente". Uma pergunta que imediatamente nos vêm à mente é: "Quem projetou o Projetista Inteligente?" Behe (e os criacionistas) responderão certamente que tal projetista sempre existiu. Todavia qualquer "Projetista Inteligente" que exista fora das leis da natureza é por definição Deus, e Deus é por definição religioso e não científico em sua natureza. Desta maneira o "argumento do design" por completo é nada mais e nada menos que uma crença religiosa. Não é científico, não pode ser testado e não pode ser refutado. Está baseado única e exclusivamente na crença criacionista (e religiosa) de que Deus projetou e criou a vida por decreto divino. Os criacionistas certamente têm todo o direito de fazer as afirmações religiosas que quiserem. Porém a menos que nos possam dizer como podemos testar a presença de um "criador", não estão nos dizendo nada científico. Até que os criacionistas apareçam com uma forma de provar cientificamente a presença de um design (qual seria a aparência de uma biomolécula não projetada?) não estão dizendo nada científico, e sim estão apenas divagando em sua doutrina religiosa.
Artigo publicado em 30/07/00 |
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