UM CANDIDATO COMPETENTE

Depois de passar dois meses de férias na Europa, Maluf retorna ao Brasil declarando estar disposto a trabalhar para conseguir o apoio parlamentar do presidente Fernando Collor, em quem votou no 2º turno, em 1989. No dia 3 de Maio de 90, Maluf reúne-se por uma hora com o presidente para tratar da sucessão no governo de São Paulo. No início da campanha eleitoral, Paulo Maluf já era o líder nas pesquisas de opinião com 45% de intenção de votos. Passou todo o 1º turno sem participar de nenhum debate e sem acusar nenhum candidato. Antes do início do horário político na televisão para o 2º turno, Maluf deu uma entrevista para o jornal O Estado de São Paulo, publicada no dia 7 de Outubro de 1990, quando pediu os votos do PT, afirmando: "Os eleitores do PT, por exemplo, querem um homem trabalhador para o governo. Sabem que eu sou trabalhador e não há porque não votarem em mim." Mudando o estilo que praticou durante todo o 1º turno, Maluf usou esta entrevista para atacar duramente o governo de Orestes Quércia. No dia 25 de Novembro de 1990, em entrevista ao jornal Folha de são Paulo, Maluf declarou: "O Sr. Fleury não é candidato a governador de São Paulo. Ele é candidato pessoal do Sr. Orestes Quércia para um projeto político também pessoal." Maluf recebeu 5,87 milhões de votos, 34,2% do eleitorado no 1º turno, passando para o 2º turno, quando disputou com o candidato Luiz Antonio Fleury Filho, do PMDB. Perdeu, recebendo 6,86 milhões de votos, ou 40,8%. Maluf era mesmo "competente" - o que sempre compete! Seis anos depois, em 1996, Maluf, prefeito de São Paulo, lançaria a candidatura do obscuro Secretário de Finanças, Celso Pitta para a sua sucessão, que se revelaria ser mais um meliante de sua quadrilha. Durante o programa eleitoral, diversas vezes pediu votos para Pitta, para que ele, Maluf, pudesse se candidatar a governador ou presidente em 1998.

 
"O Maluf está fazendo de São Paulo um grande Banespa: o buraco vai aparecer na próxima administração." Aloísio Mercadante, economista do PT.