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Cientistas dizem ter encontrado gene responsável pela obesidade 
da Folha Online

Uma empresa norte-americana de biotecnologia diz ter descoberto um gene que estaria diretamente relacionado à obesidade em seres humanos.
Segundo cientistas do Myriad Genetics, a estrutura do gene HOB1 permitiria desenvolver com facilidade drogas para combater o problema. Ainda existiria, segundo eles, uma ligação entre o gene e a diabetes.
A descoberta pode ter uma validade maior que a dos genes relacionados à obesidade até agora anunciados porque a empresa norte-americana pesquisou populações humanas, e não de animais.
A Myriad fez estudos genéticos em centenas de famílias do Estado norte-americano de Utah e comparou o DNA de pessoas obesas e magras dentro de uma mesma família.
A empresa usou a mesma metodologia em estudos recentes que ajudaram a detectar mutações genéticas associadas com o câncer de mama e de ovário.
Segundo William Hockett, porta-voz da Myriad, a estrutura dos genes da obesidade facilita o desenvolvimento de drogas para o tratamento do sobrepeso.
Hockett afirmou que a descoberta é apenas "o primeiro passo" para relacionar o gene à obesidade. "Uma quantidade substancial de trabalho ainda é necessária antes de entender a associação da obesidade à mutação genética", afirmou.


A OBESIDADE, ACREDITE, NÃO É TÃO RUIM


Gordos e gordas são classificados como pessoas de alto risco para doença e mortalidade precoce. Estudo recentemente publicado em revista especializada em fisiologia de exercício, realizado por pesquisadores da Universidade de Virgínia, EUA, colocou em dúvida o conceito de que perder peso pode melhorar a saúde dos gordos. O dr. G.A. Gaesser, autor do estudo, afirma que "para pessoas obesas e saudáveis, não há nenhuma evidência definitiva mostrando que as taxas de mortalidade são reduzidas com a perda de peso". Por outro lado, há evidências claras de que engordar piora a saúde das pessoas.
O pesquisador afirma que o efeito do emagrecimento intencional na mortalidade depende do estado de saúde de cada indivíduo. Mesmo em pessoas gordas, com uma ou mais doenças relacionadas à obesidade, recomendações específicas para perder peso podem não ser necessárias, devido a algumas evidências científicas:
1. A redução na mortalidade, associada à perda de peso intencional, não tem correlação com a quantidade de quilos perdidos.
2. A redução na mortalidade, relacionada com o aumento da atividade física, ultrapassa os benefícios do emagrecimento.
3. Muitas doenças associadas à obesidade (como hipertensão, diabetes, etc.) podem ser melhoradas, independentemente da perda de peso. Emagrecer, e principalmente oscilações no peso (ciclos magro/ gordo), têm suas complicações e seu potencial de risco. O dr. Gaesser sugere, portanto, mais ênfase à mudança de estilo de vida dos gordos e menos atenção à perda de peso em si.

http://ww8.terra.com.br/cartacapital/
105/saude.htm
Obesidade causada
por vírus

Seria a obesidade uma
doença infecciosa?
 
A obesidade já é considerada como a epidemia do novo milênio. No Brasil, pesquisa do IBGE mostra que 1/3 da população brasileira está acima do peso ideal, sendo que 6% dos homens e 13,3% as mulheres sâo obesas. Na América Latina em torno de 200 mil mortes por ano estão diretamente relacionadas com o excesso de peso. Cerca de 50% da população brasileira já tentou perder peso e 15% dos adolescentes estão acima do peso.
Um vírus conhecido por causar a obesidade em aves foi associado a problemas de peso em humanos e foi considerado a possibilidade que algumas pessoas "pegam" obesidade e que, em alguns casos, poderia ser uma doença infecciosa.
Esta descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Wisconsin-Madison onde o estudo preliminar deles concluiu que 15% das pessoas obesas têm anticorpos ao vírus e indicam que eles foram expostos a ele mas que isto não ocorreu em nenhuma pessoa magra.
Segundo afirmações do Prof. Nikhil Dhurandhar, o cientista que chefiou a pesquisa juntamente com o Professor Richard Atkinson, endocrinologista e especialista em estudos da obesidade humana, este é o primeiro vínculo de um vírus com a obesidade humana. É um dos achados mais significantes no campo de obesidade em anos, e abre uma área nova de pesquisa e potencial tratamento da doença.
 Essa pesquisa que surpreende, será uma grande revolução e poderá explicar porque 26% de adultos americanos eram obesos em 1980 e agora este percentual se elevou para um índice de 54% da população norte-americana, de acordo com estatísticas oficiais, que é muito gorda ou obesa, ou seja,  mais de 135 milhões de americanos estão obesos apresentando um IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior a 27 kg/m². Pesquisas recentes nos Estados Unidos estimam que no ano 2025 cerca de 75% da população será de obesos, com mulheres pesando em média entre 66 e 77 quilos.
Muitos pesquisadores ainda estão buscando uma resposta porque este aumento tão grande da obesidade está acontecendo, mesmo com o tipo de alimentação, estilos de vida sedentários, predisposição genética e problemas de metabolismo que não explicam a tendência a tão grande aumento na incidência da obesidade nos Estados Unidos e agora, até mesmo no Brasil. De um certo modo, esta progressão segue um tipo de padrão que poderia acontecer com uma doença infecciosa nova, como foi visto com o vírus da AIDS. Com isto nós podemos pensar na possibilidade de que a obesidade seja uma doença de origem viral.
A noção de obesidade como uma doença infecciosa não é convencional, mas há 15 anos atrás se qualquer médico dissesse que a úlcera gástrica era causada por bactérias, as pessoas diriam que era algo absurdo, sem cabimento e hoje sabemos que a úlcera é causada por uma bactéria, o Helicobacter pyllori.
O mecanismo pelo qual o vírus poderia causar ou poderia contribuir para a obesidade ainda não é muito bem conhecido.  O que sabemos é que uma pessoa, predisposta geneticamente, pode ficar gorda ao 20, aos 30, 40 anos ou em qualquer idade sendo que até a um determinado momento era magra. Outro fato que se conhece é que o Ad-36, em culturas de tecidos em laboratório, parece aumentar a diferenciação de adipoblastos (células pré-adiposas) para adipócitos (células adiposas), sendo que adipoblastos expostos ao vírus Ad-36 têm 3 vezes mais possibilidades em se tornarem células adiposas (gordurosas), ou seja este vírus estimula as células pré-gordurosas (os adipoblastos) a se tornarem células gordurosas (os adipócitos)..
Os adenovirus que infectam aves, encontrado na Índia, poderia induzir a obesidade quando foi injetado em galinhas.  Até o momento foram descobertos cinco vírus
animais que podem causar a obesidade em animais, sendo o principal deles o Adenovírus SMAM-1, mas nenhum vírus em humanos tinha sido implicado até o estudo sobre o Adenovírus-36 ou Ad-36.
As Adenoviroses humanas formam uma grande família de uns 50 tipos de vírus. Transmitido pelo ar com contágio de pessoa-para-pessoa, eles podem causar infecções respiratórias superiores, resfriado comum, problemas gastrointestinais e
infecções oculares em seres humanos. Há muito já se sabia desses tipos de efeito dos adenovírus mas o Ad-36 não parece ser um vírus comum.
Por motivos éticos a pesquisa só está sendo feita em animais, apesas do vírus ser encontrado em seres humanos e foi realizada em duas partes, primeiro foram injetados em animais de laboratório o Ad-36 para testar a teoria que estes vírus pudessem causar a obesidade.  Os animais se tornaram gordos e surpreendentemente tinha colesterol e triglicerídeos normais, ao contrário que se esperaria de encontrar, observando que esta obesidade normalmente seria acompanhada por níveis elevados tanto do colesterol quando dos triglicerídeos. Esta seria uma característica paradoxal do referido vírus em animais que parece produzir baixos níveis de colesterol e triglicerídeos junto com a obesidade, enquanto que a obesidade normalmente é acompanhado por níveis elevados dessas substâncias. Outra descoberta detectada foi de que o vírus Ad-36 se desenvolve rápidamente no sangue e no tecido adiposo, entretanto não ataca o tecido muscular esquelético e DNA do vírus foi detectado no tecido adiposo até mesmo 4 mêses após a infecção com o Ad-36.
Em seguida eles testaram 199 pessoas, sendo 154 obesos e 45 magros  para pesquisa da presença de anticorpos para o Ad-36. Aproximadamente 30% das pessoas obesas apresentavam os anticorpos e menos de 5% das pessoas magras tinham os referidos anticorpos.
As pessoas obesas anticorpos-positivo tinham significativamente colesterol e triglicerídeos mais baixos que as pessoas obesas anticorpos-negativo, um padrão semelhante ao visto em animais infectados com Ad-36.
Cerca de 30 outros fatores que poderiam explicar diferenças de peso entre os dois grupos, como idade, história familiar ou obesidade, doenças como diabetes, disfunções renais ou hepáticas foram  comparados.
Nada surgiu que fosse diferente, exceto os anticorpos para o vírus Ad-36.
A presença de anticorpos era associada com uma resposta significativamente melhor para tratamento da obesidade com medicamentos, especialmente nos animais do sexo masculino.
Muitas pesquisas adicionais ainda serão necessárias para determinar se a epidemia global de obesidade pode ser em parte devida a infecção com Ad-36 ou não. Caso seja confirmado esse tipo de infecção em humanos o próximo passo da ciência será produzir uma vacina contra esse vírus e futuramente, através da engenharia genética a medicina tentará consertar os "estragos"  que esse vírus causou ao DNA dos obesos.

Dr. Rogério Alvarenga é Médico (CRM-RJ 23.389-0), Especialista em Medicina Ortomolecular. É também Endocrinologista e tem Título de Especialista em Nutrologia Médica pela AMB. É membro da “The New York Academy Of Sciences” (USA) entre outras no exterior. É Membro da ABESO(Associação Brasileira para Estudos da Obesidade) e outras. É Membro-Fundador da SOMORJ-Sociedade de Medicina Ortomolecular do Estado do Rio de Janeiro.