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Diabetes Mellitus – Uma Doença Inflamatória
Dr. Mario A. J.Saad

reportagem  realizada durante o 25º Congresso Brasileiro de
Endocrinologia e Metabologia, em Brasília.

Dr. Mario A J Saad de São Paulo é especialista reconhecido na área de Endocrinologia do País. Na manhã de sábado, 21, fez parte do Simpósio “Diabetes Mellitus – Uma Doença Inflamatória”, um dos painéis do primeiro dia de Congresso, em Brasília.

À equipe da Folha da SBEM Online, Saad concedeu uma entrevista exclusiva, na qual apontou os avanços nas drogas que buscam a diminuição da resistência à insulina que provocam fenômenos inflamatórios sub-clínicos.

Folha da SBEM – Quais os pontos principais da apresentação do aqui no 25º Congresso de Endocrinologia?

Saad - Nos últimos anos ficou claro que a resistência à insulina presente no diabetes tipo 2, na hipertensão arterial, na obesidade e na síndrome metabólica (que são no meu entender as principais doenças no mundo ocidental) são as responsáveis pela aceleração da aterosclerose. Nessas situações a resistência à insulina está associada, com freqüência, a fenômenos inflamatórios sub-clínicos. Nesse sentido, é fundamental conhecer como fica essa interação com mais detalhe no plano molecular.

O que eu mostrei na aula foram vias metabólicas, que apresentam conexão entre as vias de inflamação e as vias de resistência à insulina. Possivelmente novas drogas virão para melhorar a resistência à insulina, que tenderão a bloquear essas vias inflamatórias que estão aceleradas no paciente com resistência à insulina.

Folha da SBEM – E quais são as expectativas que esses estudos podem provocar?

S
aad – O melhor conhecimento dessas vias vai permitir ao farmacologista clínico desenhar novas drogas que vão poder bloquear a ativação excessiva dessas vias para. Desta forma, poderá ocorrer uma melhora na resistência à insulina e evitar o processo de aceleração de aterosclerose. Bloqueios específicos em alguns tecidos, se você induzir resistência à insulina só no tecido adiposo, poderiam ser benéficos e, inclusive, evitar a obesidade. Acredito que isso será importante no desenho de novas drogas que poderão ter ação-tecido específicas.

Folha da SBEM – O que, nos últimos três anos, evoluiu no mecanismo de marcadores celulares?

Saad – As dosagens dos marcadores inflamatórios melhorou. Hoje, você consegue com mais precisão detectar pequenas variações, porque antigamente conseguíamos detectar só quando você tinha uma inflamação evidente. Atualmente, é possível detectar o que chamamos de inflamação sub-clínica, isso é, você não tem sintomas nem sinais da inflamação, mas você tem exames laboratoriais que mostram que está tendo uma discreta inflamação. E melhorou também o que é regulado dentro da célula.

Então o conhecimento da regulação intracelular é, na minha opinião, o que está tendo um grande avanço nos últimos três anos.

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Edição N° 01
Folha da SBEM Online - Edição comemorativa do 25° CBEM
dezembro de 2002