Em clima de
ironia e bom humor, o cirurgião Arthur Garrido e o
endocrinologista Dr. Halpern, ambos de São Paulo, discutiram a
importância da ação do clínico endocrinologista e do cirurgião
no combate aos casos graves de obesidade. Enquanto o doutor
Halpern recomenda cautela na utilização da cirurgia bariátrica
e a presença constante do clínico durante todas as fases do
tratamento, o doutor Garrido argumenta que o número de
pacientes que necessitam de intervenção cirúrgica é muito
maior do que os que são efetivamente operados. Confira a
entrevista à Folha da SBEM.
Folha da SBEM - O clínico é dispensável ou não?
Dr. Halpern - É absolutamente indispensável porque existem
muitas ocorrências clínicas. Precisa-se do clínico para a
indicação, preparo e emergências clínicas que freqüentemente
ocorrem. Além disso o acompanhamento a longo prazo é
essencial.
Folha da SBEM – É necessário uma redução do peso do
paciente antes da cirurgia?
Dr. Halpern - Isso é variável. Se o indivíduo é muito obeso
e sofre de apnéia do sono, por exemplo, é aconselhável que
perca peso para melhorar este estado geral. No caso do paciente
com diabetes, é preciso uma internação para perder peso.
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Como regra
geral, se você conseguir uma redução antes da cirurgia, isso
facilita. Mas não é condição sine qua non.
Folha da SBEM - Dr. Garrido, opera-se pouco ou demais no Brasil?
Dr. Arthur Garrido - Para as necessidades da demanda reprimida
que existe no país, ainda se opera pouco. Até hoje não foram
operados mais que dez mil pacientes com obesidade mórbida.
Estima-se que existam mais de um milhão de obesos mórbidos no
Brasil. Nós sabemos que esses pacientes raramente se beneficiam
de qualquer outro tratamento que não o cirúrgico. Nesse
sentido, operamos pouco. Mas há um rápido desenvolvimento de
centros que oferecem esse tratamento. Acredito que nos próximos
anos poderemos atender integralmente a demanda.
Por outro lado, alguns colegas operam demais, em pacientes que não
necessitam desta intervenção.
Folha da SBEM - Então o senhor concorda com o Dr. Alfredo
quando ele diz que há uma certa vulgarização das intervenções
cirúrgicas?
Dr. Arthur Garrido - Existe, sem dúvida, por parte de alguns
colegas, mas isso é minoria
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