voltar congresso


Duas especialidades unidas no combate à obesidade
Drs. Arthur Garrido e Dr. Halpern

reportagem  realizada durante o 25º Congresso Brasileiro de
Endocrinologia e Metabologia, em Brasília.

Em clima de ironia e bom humor, o cirurgião Arthur Garrido e o endocrinologista Dr. Halpern, ambos de São Paulo, discutiram a importância da ação do clínico endocrinologista e do cirurgião no combate aos casos graves de obesidade. Enquanto o doutor Halpern recomenda cautela na utilização da cirurgia bariátrica e a presença constante do clínico durante todas as fases do tratamento, o doutor Garrido argumenta que o número de pacientes que necessitam de intervenção cirúrgica é muito maior do que os que são efetivamente operados. Confira a entrevista à Folha da SBEM.

Folha da SBEM - O clínico é dispensável ou não?

Dr. Halpern - É absolutamente indispensável porque existem muitas ocorrências clínicas. Precisa-se do clínico para a indicação, preparo e emergências clínicas que freqüentemente ocorrem. Além disso o acompanhamento a longo prazo é essencial.

Folha da SBEM – É necessário uma redução do peso do paciente antes da cirurgia?

Dr. Halpern - Isso é variável. Se o indivíduo é muito obeso e sofre de apnéia do sono, por exemplo, é aconselhável que perca peso para melhorar este estado geral. No caso do paciente com diabetes, é preciso uma internação para perder peso.

Como regra geral, se você conseguir uma redução antes da cirurgia, isso facilita. Mas não é condição sine qua non.

Folha da SBEM - Dr. Garrido, opera-se pouco ou demais no Brasil?

Dr. Arthur Garrido - Para as necessidades da demanda reprimida que existe no país, ainda se opera pouco. Até hoje não foram operados mais que dez mil pacientes com obesidade mórbida. Estima-se que existam mais de um milhão de obesos mórbidos no Brasil. Nós sabemos que esses pacientes raramente se beneficiam de qualquer outro tratamento que não o cirúrgico. Nesse sentido, operamos pouco. Mas há um rápido desenvolvimento de centros que oferecem esse tratamento. Acredito que nos próximos anos poderemos atender integralmente a demanda.
Por outro lado, alguns colegas operam demais, em pacientes que não necessitam desta intervenção.

Folha da SBEM - Então o senhor concorda com o Dr. Alfredo quando ele diz que há uma certa vulgarização das intervenções cirúrgicas?

Dr. Arthur Garrido - Existe, sem dúvida, por parte de alguns colegas, mas isso é minoria


Edição N° 01
Folha da SBEM Online - Edição comemorativa do 25° CBEM
dezembro de 2002