Edição nº43 - 08/12/00
Angústia (1936)
Graciliano Ramos
Pequena Biografia:
"Lá estão novamente gritando os meus desejos. Calam-se acovardados, tornam-se inofensivos,
transformam-se, correm para a vila recomposta. Um arrepio atravessa-me a espinha, inteiriça-
me os dedos sobre o papel. Naturalmente são os desejos que fazem isto, mas atribuo a coisa à
chuva que bate no telhado e à recordação daquela peneira ranzinza que descia do céu todos os
dias." (Angústia - Graciliano Ramos)
Graciliano Ramos nasceu em Quebrângulo, nas Alagoas, em fins de outubro de 1892. Lá, passou sua infância e parte da adolescência, repartindo-se, com a família, entre as cidades de Buíque, Viçosa e Palmeira dos Índios. Primeiro dos quinze filhos, Graciliano foi sempre visto pela família como um sujeito difícil, taciturno e introspectivo.
Fez os estudos secundários em Maceió, sem, no entanto, cursar nenhuma faculdade. O pai vivia do comércio e o filho mais velho foi aventurar-se: esteve, por breve período, no Rio de Janeiro, onde por , volta de 1914, trabalhou como revisor e redator nos jornais Correio da Manhã e A Tarde.
Mas , ao saber que três de seus irmãos tinham morrido de febre bubônica, torna ao Nordeste e passa a ser jornalista, fazendo política também. Foi prefeito de palmeira dos Índios entre os anos de 1928 e 30. É dessa época o seu primeiro romance ( Caetés, 1933);
De 1930 a 1936 vive em Maceió, dirigindo a Imprensa e a Instrução do Estado de Alagoas. E é de março de 36 a janeiro de 1937 que vive os mais difíceis dias de sua vida. Acusado de subversivo e comunista, passa dez meses de prisão em prisão, sem saber do que o acusam, sem sequer ser ouvido em depoimento ou processado.
Desse tempo terrível, nascerá mais tarde Memórias do Cárcere, um relato que soma a angústia de existir, o medo e a inquietação. Muda-se para o Rio de Janeiro. Seus romances, histórias para crianças e artigos passam a ser reconhecidos como o maior legado literário desde Machado de Assis.
Em 1945, filia-se ao Partido Comunista Brasileiro e, em 1952, viajou para a Rússia e países comunistas; o que presenciou nessa peregrinação está contido num outro livro: Viagem(1954).
Em 1953, morre no Rio, vítima de câncer.
Suas obras já foram traduzidas para o russo, francês, inglês, alemão. E, em 1964, o romance Vidas Secas ganhou a versão cinematográfica pelas mãos de Nélson Pereira dos Santos.
Obras:
Romances:
Caetés ( 1933)
Angústia ( 1936)
São Bernardo ( 1938)
Vidas Secas ( 1938)Conto:
Insônia ( 1947)
Memórias:
Infância ( 1945)
Memórias do Cárcere ( 1953)
Viagem ( 1954)
Linhas Tortas ( crônicas, 1962)
Viventes das Alagoas ( 1962)Literatura Infantil:
Histórias de Alexandre ( 1944)
Dois dedos ( 1945)
Histórias incompletas ( 1946)A classificação dos romances:
Ao aparecer no cenário nacional na segunda época do Modernismo brasileiro ( neo-realismo , 1930-1945), entre os "nordestinos" que à época faziam um grande sucesso, Graciliano Ramos escreveu romances em primeira pessoa, característica particular do que podemos denominar "memorialismo". Vidas Secas, de 1938, traz uma marca diferente: cenário tipicamente nordestino, o agreste ressecado do vaqueiro Fabiano, e a terceira pessoa como ponto de vista do narrador. É uma exceção.
Angústia, de 1936, é romance de tom confessional, intenso e memorialista e pertence a uma trilogia densa, fortemente existencialista, completada por Caetés ( 1933) e São Bernardo (1938). Nos três romances há o tom confessional do narrador em primeira pessoa, buscando respostas para seus atos, indagando do mundo o porquê dos acontecimentos que o cercam e o afligem. Tais narrativas assemelham-se a diários íntimos, dolorosas confissões de culpas dramáticas. Em cada um deles, o narrador se desnuda e se desvenda.
O crítico e teórico da literatura Otto Maria Carpeaux escreveu em um artigo denominado "Visão de Graciliano Ramos" que "Todos os romances de Graciliano Ramos - e este é o sentido do seu experimentar - são tentativas de destruição"tentativas de acabar com "a minha memória", tentativas de dissolver as recordações pelos "estranhos hiatos"dum sonho angustiado." E seus romances parecem mesmo isso: uma espécie de exorcismo, uma forma de se livrar para sempre não das recordações pessoais, está claro, mas de um universo delas, juntando-se o que viveu, o que foi e ao que assistiu como espectador do mundo de criança, adolescente e adulto.
O que Graciliano Ramos capta em seus livros em primeira pessoa não é a ambiência do nordeste ressequido: é o interior dos seres em conflito, de seus desajustes com o mundo que lhes deve algo que procuram como resposta a si mesmos.
Caetés, primeiro romance de Graciliano Ramos, foi publicado em 1933, quando o escritor já tinha completado 41 anos de idade. Veio ao mundo por outros caminhos: o editor lera os famosos relatórios feitos por Graciliano quando prefeito de Palmeira dos Índios, em Alagoas, gostara muito do estilo e acabou por descobrir que aquele prefeito, daquela tão longínqua cidadezinha alagoana, tinha um livro engavetado desde 1928. O livro era Caetés.
E Caetés é um livro escrito por um homem maduro, "(...) um livro da idade madura. A segurança narrativa, a análise com profundidade dos problemas humanos abriram um crédito valorativo para o romancista que surgia. (...) ele era "diferente"do chamado "regionalismo"do Nordeste.(...)"(Assis Brasil- Graciliano Ramos, OS Editora, 1969)
E era verdade. Havia, entre os chamados "nordestinos", uma preocupação com a denúncia social, com a necessidade de mostrar um Nordeste ressequido, abandonado, analfabeto. Em Graciliano, nesses três primeiros romances, a paisagem exterior não é o centro da questão da ambiência. Mesmo por que, a ambiência é interna, o lado de dentro do homem que sofre procurando suas respostas, como já dissemos.
É a proximidade, identificação do escritor com outra nordestina, Rachel de Queirós. Entre todos eles, somente os dois é que se distinguem nesse projeto que mais tarde, já na década de 40, introduziria o romance intimista no Brasil. Sem dúvida que Graciliano Ramos é o precursor desse tipo de literatura atenta aos dramas existenciais.
Leia o que o crítico Assis Brasil escreve sobre isso:
"Temos ainda que assinalar outro aspecto do estreante Graciliano Ramos, naqueles idos de 1933. Salientando-se primeiro por imprimir à sua obra um tratamento literário elevado, se destacaria também por mostrar personagens "por dentro", naquela fase em que as exterioridades paisagísticas e pitorescas eram normatividade. Ele troca a natureza paisagística pela natureza humana. Os problemas humanos, como em José Lins do rego e Jorge Amado, não estão "emoldurados"pela paisagem. A sua moldura é a própria carne e os ossos e o sangue dos personagens que se debatem."
Álvaro Lins, outro crítico literário importante, também reconhece no escritor a tendência para o desvendamento interior: "Meio físico - o que seria, no romance, a paisagem exterior - não aparece muito objetivamente no romance do Sr. Graciliano Ramos. Ele exprime o ambiente com fidelidade, mas somente em função de seus personagens. A ambiência é um acidente; o personagem é que é a vida romanesca. A paisagem exterior torna-se projeção do homem. O romance São Bernardo desenvolve-se dentro de uma fazenda; Paulo Honório coloca a sua ambição no domínio da terra. Contudo, a fazenda e a terra não são realidades fundamentais de São Bernardo. A realidade fundamental do romance é a figura de Paulo Honório, com seu egoísmo, com sua maldade, com seu ciúme, com a sua desumanidade."(Os mortos de sobrecasaca, Ed. Civilização Brasileira, 1963)
Portanto, os romances de Graciliano Ramos são, no contexto do regionalismo neo-realista da década de 30, especiais. Embora a criticam especialmente Álvaro Lins, tenha visto em Caetés uma certa superficialidade, uma preferência pelo miúdo, pelo fuxico das pequenas cidades do interior, o romance indicava o aparecimento de uma contemporaneidade especial, embora tivesse os capítulos numerados e fosse, cronologicamente , linear. Caetés é narrado por João Valério que, apaixonado por Luísa, não se peja em auto-denominar-se um caeté destruidor que vai, lentamente, corroendo as forças de Adrião, marido de Luísa, e o homem que lhe estendera as mãos.
São Bernardo, pertencente a este ciclo memorialista inicial é uma história que também tem como ambiência o interior de um homem atormentado: Paulo Honório, rico proprietário de terras em Viçosa, Alagoas, escreve o romance tentando compreender por que a Madalena, a mulher, se matara. Ele sabe, o leitor também, mas, na fúria de buscar respostas, Paulo Honório é um homem desapiedado consigo próprio e se desnuda diante dos olhos do leitor que, atordoado, tenta compreender. Egoísta e brutal, o narrador conta da vida de menino guia de cego, de adolescente trabalhador do eito e, de, finalmente, um homicida que aprende a ler na cadeia. Saído de lá, por movimentos escusos, comprará São Bernardo, a fazenda em que fora quase escravo.Desprezando os seres humanos, tratando-os como animais, casa com Madalena e dela tem um filho. Mas a desconfiança e a brutalidade, o ciúme, fazem com que Madalena tome veneno. Morta Madalena, PH quer, através do livro que escreve, livrar-se ou compartilhar culpas.
Sobre o romance Angústia:
"Sou um bípede, é preciso ter a dignidade dos bípedes."
Capa da 3a. ed., por Santa Rosa
Angústia é o segundo romance do que chamamos "ciclo memorialista"de Graciliano Ramos; inesquecível e perturbador, não há nele divisão estrutural em capítulos: é escrito como um fluxo confessional, um relato de mea culpa, um confiteor de um homem desesperado.
Sob a ótica da vulgaridade interpretativa, poderia ser resumido como o relato de um crime cometido por um intelectual, Luís da Silva, um homicídio contra o rival Julião Tavares que lhe roubara a mulher amada, Marina, às vésperas de um casamento planejado.
Uma autobiografia de um narrador emocionalmente abalado, assustado com a dimensão de seus próprios atos, um delírio que, na estrutura, configura-se como desordenação e fragmentação de idéias, tempo que se entrelaça, sem indicação de passado e presente.
Angústia é um relato desesperado sob a forma da tentativa de colocar em ordens os fatos e a vida, a mesma que está estilhaçada, sem rumo, objetivos. Angústia é um grito de dor: a decepção amorosa, o ciúme, o desejo contido e humilhado e a mulher escolhida pertencendo a outro ser. O ódio pela perda gera o crime, o assassinato que transtorna o narrador e o põe doente, após matar o oponente:
"Retirei a corda do bolso e em alguns saltos, silenciosos como os das onças de José Bahia, estava ao pé de Julião Tavares. Tudo isto é absurdo, é incrível, mas realizou-se naturalmente. A corda enlaçou o pescoço do homem, e as minhas mãos apertadas afastaram-se. Houve uma luta rápida, um gorgolejo, braços a debater-se. Exatamente o que eu havia imaginado. O corpo de Julião Tavares ora tombava para a frente e ameaçava arrastar-me, ora se inclinava para trás e queria cair em cima de mim. A obsessão ia desaparecer."
O narrador e a narrativa:
"Um dos mais apaixonantes e intensos romances de nossa literatura contemporânea."
(Álvaro Lins, crítico literário)
Angústia é narrado em primeira pessoa, como dissemos, por um homem atormentado.Não são somente os acontecimentos atuais que ele revolve: é o conjunto terrível de suas lembranças de homem que se confundem: a infância desolada, o isolamento, o sentimento de inferioridade, as necessidades físicas, as urgências emocionais.
Em seu artigo "Angústia, uma teoria do romance de Graciliano Ramos" ( Estado de São Paulo, 10/9/2000), o professor Ivan Teixeira, da USP, escreveu:
"Como se percebe pela síntese da fábula, Angústia possui estrutura de autobiografia, podendo ser entendido como espécie de diário íntimo, com notável progressão no andamento do assunto: origina-se na alucinação decorrente do ciúme e da idéia do crime, passa pela reconstituição de seus motivos, até chegar, sempre em meio à memória afetiva, ao crime propriamente dito. Essa ordem decorre da racionalização da leitura, que seleciona, corta, ata, intercala e reata, porque vê tudo de fora, depois que tudo foi vivido e relatado pela personagem em desespero. Mas ela própria, que sentiu intensamente os acontecimentos que narra, não consegue organizá- los de maneira coerente. Para ela, tudo é confuso e caótico, porque, ao falar, ainda se encontra emocionada com o que fala. Cada pormenor assume importância desmedida, até mesmo os olhos do gato que a espia do muro, horas depois do crime. O livro é organizado de modo a sugerir impressão de desarranjo e absurdo, pois procura representar as categorias subterrâneas de um indivíduo atormentado pelo isolamento e pela mania da auto-análise."
Tudo é, na verdade, confuso e caótico.
É o fluxo das lembranças desordenadas que mais dá trabalho ao leitor: o pensamento navega solto, ao sabor das lembranças que se hierarquizam de acordo com o valor que se dá a elas. Recortam, eles, o que há de importante para dizer, o que há de importância para a emoção que toma o narrador e o transtorna:
"Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo que ainda não me restabeleci completamente. Das visões que me perseguiam naquelas noites compridas umas sombras permanecem, sombras que se misturam à realidade e me produzem calafrios.
Há criaturas que não suporto. Os vagabundos, por exemplo. Parece-me que eles cresceram muito, e , aproximando-se de mim, vão gemer peditórios: vão gritar, exigir, tomar-me qualquer coisa.(...)
Vivo agitado, cheio de terrores, uma tremura nas mãos, que emagreceram. As mãos já não são minhas: são mãos de velho, fracas e inúteis. As escoriações das palmas cicatrizaram. "
O romance parece ser pura memória, uma espécie de diário onde se registram , de maneira caótica, alucinada e aleatória os fatos que magoaram o narrador. Some-se a isso a culpa que sente pelo ato cometido e, por fim, acrescente-se a tudo a mágoa que pouco a pouco se transforma em rancor contra a mulher que um dia amou ( ou apenas desejou?) e quis para si. Leia Álvaro Lins:
"Na forma de Angústia, o egoísmo do personagem principal se afirma pela concentração do romance em sua própria pessoa. Luís da Silva é todo o romance Angústia. Contando a sua história, Luís da Silva absorve-a em si mesmo. O romance toma, por isso, a forma e as dimensões do seu espírito.Torna-se um diário que a personagem escreve posteriormente. A sua memória se desdobra em ziguezague e a narração romanesca acompanha fielmente esse ziguezague da memória de Luís da Silva. O seu método é o da confissão psicanalítica: uma palavra que explica a outra, um pensamento que esclarece o outro.
E também o da associação de idéias: uma idéia que atrai outra idéia, uma lembrança que sugere outra lembrança. Luís da Silva não vive senão da sua memória e da imaginação. Mas a sua imaginação, no romance, constitui um resultado da memória. Luís da Silva conta o que imaginou anteriormente; a sua imaginação já se tornou um fato do passado, um patrimônio da memória." ( opus cit.)
Personagens:
Luís da Silva: é a personagem-narradora. Um homem emocionalmente de nervos estilhaçados, 35 anos, "funcionário público, homem de ocupações marcadas pelo regulamento.(...) Um sujeito feio: olhos baços, o nariz grosso, um sorriso besta e a atrapalhação, o encolhimento que é mesmo uma desgraça.(...) Habituei-me a escrever, como já disse. Nunca estudei, sou um ignorante, e julgo que os meus escritos não prestam. (...) Trabalho num jornal. À noite dou um salto por lá, escrevo umas linhas. (...) "
Marina: "Cabelos de milho, unhas pintadas, beiços vermelhos e o pernão aparecendo." Marina é uma mulher vulgar, muito jovem, ambiciosa ao extremo, aparece como a vizinha nova do narrador, por quem ele se apaixona. "Era uma sujeitinha vermelhaça, de olhos azuis e cabelos tão amarelos que pareciam oxigenados." Abandona-o para se tornar amante de Julião Tavares.
Julião Tavares: rico, gordo e vermelho, bacharel, metido a patriota. Falava bem, tinha boa aparência e seduzia as moças pobres, abandonando-as a seguir. Luís conhece-o uma noite no Instituto Historio, mas passa a odiá-lo pelo seu jeito acanalhado: "Tudo nele era postiço, tudo dos outros."
Dona Adélia: Mãe de Marina; queixa-se freqüentemente de tudo e é a responsável, segundo a ótica do narrador, pela "perdição da filha". Estimula-a a casar-se como se fora um arranjo e joga-a de encontro a Julião, quando descobre que ele era rico, aceitando os presentes, a comida.
Seu Ramalho: Pai de Marina, um velho decente, sistemático e enfarruscado, avisa Luís de que a filha não é lá grande coisa; torna-se amigo de Luís da Silva quando Marina o abandona para ficar com Julião.
Seu Ivo: É uma alma infeliz que vaga pela rua, bebe o tempo inteiro e vem comer na casa de Luís. É dele que o narrador recebe como presente a corda com a qual enforcará Julião Tavares.
Moisés: judeu amigo do narrador. É credor de Luís, mas envergonha-se de cobrar o amigo, evitando encontra-lo na rua. Quando inevitavelmente o faz, ao receber uma prestação ( atrasadíssima) diz que elas já se acabaram e restabelece a amizade, o estar junto com Luís para discutir assuntos, beber e freqüentar a casa. Moisés é socialista, fala pausadamente e é um pessimista inveterado.
Vitória: a criada do narrador; tem cinqüenta anos, é meio surda, terrivelmente feia e tem como costume enterrar moedas à noite, no quintal, quando Luís dorme. À noite, raramente descansa: conta as moedas do salário, reza e fala sozinha.
Tempo narrativo:
O tormento descrito por Luís da Silva tem a duração de menos de um ano: "Foi lá que vi Marina pela primeira vez, em janeiro do ano passado. E lá nos tornamos amigos."
Há também as referências temporais captadas no passado remoto, através das digressões que se juntam aos dramas do presente:
"Desejava em vão sentir a morte de meu pai. Tudo aquilo era desagradável. - "Isto é um cavalo de dez anos e não conhece a mão direita."
Agora eu tinha catorze, conhecia a mão direita e os verbos."
Desde o início da narrativa, o que se pode observar é o tempo psicológico, tempo do sofrimento e dor; este não é mensurável e se confunde, mistura passado e presente, nos confunde. O que Luís da Silva narra é um fluxo contínuo de suas emoções desencontradas, cruéis; recordações que se presentificam na forma de dor constante.
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