Cinco Minutos, assim como "A Viuvinha", foram escritos no
início da carreira do
autor. Assim como os outros romances caracterizados pelo romantismo
ingênuo de Alencar, esses dois não fogem à regra, são feitos aos
moldes de folhetim, curtos, quase infantis. Têm como pano de fundo
o Rio de Janeiro. Cinco Minutos faz parte da fase urbana do
escritor. Cinco Minutos conta a hstória do casamento do autor com
Carlota. No entanto, para o leitor, parece que está escutando uma
história que não é para ele, já que Alencar dirige seu texto a
uma prima. O leitor aqui é uma terceira pessoa, um "voyer"
que fica entre José de Alencar e sua prima. Ao mesmo tempo em que
tenta levar o leitor a pensar que tudo é imaginário e faz parte
das fantasias do autor, José de Alencar faz questão de narrar
fatos verídicos da época, acontecimentos reais que marcaram o Rio
de Janeiro no início do século. É tão minucioso nesse aspecto
que até narra datas e horários etc. Atualmente as histórias do
autor romântico passam como que quase infantis e ingênuas para o
leitor moderno. São narrações em que o amor sempre vence, decisões
passionais de amantes, amor e amor e amor. À época, os folhetins
eram lidos pelas senhoras burgueses. Exagerando-se um pouco na dose,
poderíamos dizer que Alencar lembra remotamente, os livrinhos que
embalam os sonhos de moças solteiras, no entanto não se pode
deixar de dizer que sua escrita, linguagem, e modo estilísco são
de extrema qualidade. Foi Alencar quem dissociou-se do modelo
português da escrita para definitivamente inaugurar o texto nosso,
brasileiro. Os livros Cinco Minutos e A Viuvinha falam sobre a vida
burguesa. Suas personagens são personagens que, no fundo,
representam o ideal acabado da vida burguesa, tropicalmente
reproduzida na Corte brasileira. Em Cinco Minutos, o
narrador-personagem está disponível, da primeira à última página,
para satisfazer a todos os caprichos de sua imaginação. Sem
compromisso profissional algum, o aspecto financeiro de suas
peregrinações atrás de Carlota não chegam jamais a preocupá-lo.