Sou uma garota assim, com idéias
meio bizarras. Isso me levou a escrever, para dar algum tipo
de forma às coisas que eu imaginava e arquivá-las
fora da minha cabeça. Muitas pessoas me perguntam de onde
eu tiro essas idéias. A resposta é simples: não
sei. Mas posso dizer que minha poesia é fotográfica,
visual. Combinações inusitadas de objetos e cores
traduzidas em palavras de uma forma ritmada.
Esse meu gosto pelo estranho e obscuro me
levou a abrir a percepção e me deu a liberdade
necessária para ter idéias igualmente estranhas.
Seguir um caminho próprio. Um dos meus objetivos na poesia
é tentar escrever sobre o que todos conhecemos(ou talvez
não) de uma maneira original. E de alguma forma, usar
essa liberdade que as palavras propiciam para criar diferentes
atmosferas e falar um pouco do meu mundo urbano, das minhas ruas
estreitas, dos marinheiros , das mulheres impossíveis
e outros cenários e criaturas que me habitam.
Muitas vezes o meu processo criativo é
completamente inconsciente. Mas uso caminhos para chegar a esses
locais "proibidos" onde moram as idéias. O primeiro
deles(e acho que o mais importante) é estar atenta às
minhas sensações. Estar sensível a tudo
que me rodeia, desde a cor do sabonete até as reações
e emoções das pessoas que convivem comigo. Estar
atenta aos detalhes. Os ventos, as casas, as pessoas. E sentir
o que eles transmitem.
A música também é fundamental
na minha vida, pela carga de emoção que traz. Tanto
a sensualidade do blues como a inocência de uma flauta,
podem despertar muito dentro de uma pessoa. E isso aconteceu
comigo. Tenho meus cd's preferidos como grandes amigos. Na verdade,
todo o tipo de arte me interessa profundamente. Tive a sorte
de ter tido acesso às artes desde muito cedo, por vir
de uma família igualmente interessada em cultura e aberta
ao novo. Isso me abriu caminho para aprender sobre o meu próprio
gosto e ir procurar o que me agradava. É uma busca que
não acaba nunca, felizmente. Adoro saber que sempre haverá
um novo(pode ser até antigo, mas que eu ainda não
conheça) disco, um novo poeta, um novo pintor a ser descoberto.
Nasci nos anos setenta (em Curitiba-Pr, onde
ainda moro) e comecei a escrever muito cedo. Hoje, formada em
publicidade e pós-graduada em marketing, posso dizer que
gosto da minha profissão, escrever textos aplicados. Mas
a poesia e prosa sempre serão essenciais para o exercício
da liberdade total. Estou feliz que vocês estejam comigo
como companheiros nesse navio.