Da mesma maneira que o historiador faz a reconstituição da história do homem, a geologia histórica, que é um ramo da ciência geológica, faz a reconstituição da história da Terra. Para o historiador fazer a reconstituição da hisória do homem, ele se baseia nas fontes históricas. Por exemplo, os objetos, os documentos e ruínas de aldeias e cidades são fontes históricas. Através do estudo desses materiais ou elementos, o historiador faz a reconstituição da história do homem. Para o geólogo realizar a reconstituiço da história da Terra, ele se baseia nos estudos das rochas e dos fósseis. O estudo das rochas possibilitou ao geólogo conhecer:
a antigüidade da Terra, calculada através do estudo das rochas radioativas, como por exemplo o urânio;
os climas de épocas passadas, existentes em várias partes da Terra;
os terremotos e vulcanismos do passado;
as distribuições dos continentes e oceanos à superfície da Terra e suas variações através do tempo geoógico.
O estudo dos fósseis, isto é, dos restos ou vestígios de seres orgânicos (vegetais ou animais ) que deixar am suas marcas nas rochas sedimentares da crosta terrestre, permite ao estudioso saber também várias coisas do passado da Terra. Por exemplo, as espécies animais e vegetais que existiram em épocas passadas e as variações do clima, pois cada animal ou vegetal apresenta um tipo de estrutura para cada tipo de clima. Baseados nesses elementos, rochas e fósseis, os geólogos admitem que a Terra se formou há cerca de 5 bilhões de anos. Da mesma maneira que podemos dividir a nossa vida em etapas (infância, juventude, maturidade e velhice), a existência da Terra também pode ser dividida em vários momentos. A cada um dos momentos ou divisões da história da Terra os estudiosos deram o nome de era geológica.
Era Proterozóica
Também chamada de Era Primitiva ou Era Pré-Cambriana. A mais antiga e mais vasta divisão do tempo geológico(gr. proteros = primeiro + zoé= vida). O seu início não é ainda definitivamente conhecido, ultrapassando, entretanto, a casa dos quatro bilhões de anos (estimativa baseada na radioatividade); o seu término deu-se aproximadamente há 500 milhões de anos. Designam-se comumente como pré-cambrianos os terrenos formados durante essa era. Constituem-se de rochas metamórficas (gnaisses, xistos) intensamente dobradas e falhadas e rochas ígneas (granitos, etc.). A sua importância econômica é muito grande, porque nos terrenos dessa era estão as maiores reservas de ferro conhecidas, manganês, etc., sem mencionar-se ouro, cobre, níquel, prata, pedras preciosas, material de construção, etc. Distribuem-se os terrenos pré-cambrianos largamente pelo mundo, sendo as suas áreas maiores de ocorrência chamadas "escudos". Na Austrália constituem o Escudo Australiano; na África, o Escudo Etiópico; na Ásia, o Escudo Angárico; na Europa, o Escudo Báltico; e, na América do Sul formam dois escudos principais: o Escudo Guianense, ao norte do Rio Amazonas, e o Escudo Brasileiro, ao sul daquele rio. Fósseis de idade pré-cambriana são comparativamente raros: estruturas possivelmente originadas por algas (Collenia, etc.), moldes de medusas, etc. A ocorrência de rochas grafitosas em terrenos desta era sugere vida orgânica, enquanto os depósitos de ferro e de calcário são considerados por muitos autores como sendo resultantes da atividade de bactérias.
Era Paleozóica
Também chamada de Era
Primária. Divisão do tempo geológico seguinte à Era
Proterozóica e a antecedente à Era Mesozóica. A sua duração
foi de aproximadamente 380 milhões de anos. Embora a vida já se
achasse presente na Era Proterozóica, é nos terrenos mais
antigos da Era Paleozóica que os vestígios de organismos se
mostram mais abundantes. Divide-se em seis períodos que, na
ordem dos mais antigos para os mais modernos, são os seguintes:
Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e
Permiano. De acordo com os dados paleontológicos, no cambriano
achavam-se presentes todos os grandes grupos de invertebrados. As
formas ancestrais da fauna cambriana são desconhecidas ou porque
o elevado metamorfismo e os dobramentos a que foram sujeitas as
rochas da Era Proterozóica as destruíram, ou porque a erosão
apagou grande parte dessa documentação antes da deposição dos
sedimentos cambrianos.
Os animais do início da Era Paleozóica viveram dominantemente
em ambiente marinho: graptólitos, trilobites, moluscos,
briozoários, braquiópodes, equinodermos, corais, etc. Os peixes
surgiram no Ordoviciano, nas águas doces. As plantas terrestres
mais antigas conhecidas datam do Siluriano (Austrália). No
Carbonífero e também no Permiano constituíram grandes
florestas das quais se originaram carvões em várias partes do
mundo. Daí a designação de Antracolítico dada em esses dois
períodos conjuntamente. Especialmente curiosas foram as
Pteridospermae, vulgarmente conhecidas como "fetos com
sementes". Os insetos mais antigos datam do Devoniano. Os
anfíbios surgiram no Devoniano e os répteis no Carbonífero.
Angiospermas, aves e mamíferos apareceram mais tarde, na Era
Mesozóica.
A paleogeografia da Era Paleozóica é a matéria de
controvérsia. As similaridades demonstradas entre a geologia da
parte meridional da América do Sul, África do Sul, Índia e
Austrália- flora fóssil comum, designada flora de Glossopteris,
vestígios de glaciação tipo inlandsis, aparentemente da mesma
idade, levaria, segundo certos autores, à aceitação de um
antigo continente, Continente de Gonduana, reunindo tais
regiões, ou, segundo outros, à suposição de que elas
estiveram diretamente unidas até o fim da Era Mesozóica (teoria
de Wegener). Dois ciclos orogenéticos importantes ocorreram na
Era Paleozóica: dobramentos coledonianos do Siluriano e
dobramentos hercinianos do Carbonífero. Vários grupos de
animais e de plantas foram privativos da Era Paleozóica:
Psilophytales, vegetais que desapareceram no Devoniano;
trilobites, euripterídeos, granptólitos, corais dos grupos
tetracorais e tabulados; briozoários dos grupos Trepostomados e
Criptostomados; foraminíferos da família dos Fusulinídeos;
equinodermos dos grupos cistóides, blastóides e heterostelados;
peixes dos grupos Ostracodermas e Placodermas.
Era Mesozóica
Também chamada de Era
Secundária. Penúltima das eras em que se divide a história da
Terra. Conhecida como a Idade dos Répteis ou Idade dos Amonides,
pela importância que esses dois grupos atingiram durante os 140
milhões de anos da sua duração. O nome vem do grego mesos que
significa meio, e zoé que indica vida, isto é, vida
intermediária. Dos répteis mesozóicos os dinossauros são os
mais conhecidos. Atingiram tamanhos gigantescos e se extinguiram
no fim da Era Mesozóica. Alguns répteis adaptaram-se ao e
outros à vida aquática. Nos mares, proliferaram cefalópodes do
grupo dos Amonites, que igualmente se extinguiram no ocaso desta
era. Surgiram os peixes teleósteos, as primeiras aves (criaturas
exóticas dotadas, no início, de dentes e de cauda), os
primeiros mamíferos, as primeiras plantas do grupo dos
angiospermas. A Era Mesozóica recebeu também o nome de Idade
das Cicadófitas, graças à importância que tal grupo de
vegetais alcançou nesta era.
Divide-se em três períodos, do mais antigo para o mais moderno:
Triásico, Jurásico e Cretáceo.
Movimentos orogenéticos importantes afetaram durante a Era
Mesozóica a região andina e a região das Montanhas Rochosas.
Mas as presentes cadeias são devidas inteiramente a movimentos
subseqüentes.
No Brasil, os terrenos mesozóicos cobrem vastas áreas do
interior do país, ocorrendo ainda na orla marítima no nordeste.
No sul, no início da Era Mesozóica, o clima foi árido,
originando-se vasto deserto com deposição abundante de áreas
eólicas. Tal deposição foi entremeada de intenso vulcanismo,
responsável por derrames de lava de grande extensão. Seguiu-se
a deposição no Período Cretáceo, de areias que mais tarde
foram consolidadas por cimento calcário e que encerraram restos
de dinossauros e de outros répteis. Nos terrenos cretáceos do
nordeste, boa parte dos quais marinhos, ocorrem importantes
jazidas de calcário, fosforita e petróleo.
Era Cenozóica
Oprincípio da Era
Cenozóica marca a abertura do capítulo mais recente da
história da Terra. O nome desta era provém de duas palavras
gregas que significavam vida recente. Durante a Era Cenozóica,
que principiou há cerca de 60 milhões de anos, a face da Terra
assumiu sua forma atual. A vida animal transformou-se lentamente
no que hoje se conhece, porque nela se desenvolveu o ser humano.
A Era Cenozóica divide-se em dois períodos principais, dos
quais os mais antigo, denominado Período Terciário,
subdivide-se em cinco épocas: Paleoceno, Eoceno, Oligoceno,
Mioceno e Plioceno. O Período Quaternário, sucedente,
subdivide-se em Pleistoceno e Holoceno ou Atual. Durante todo o
Período Terciário houve muita atividade vulcânica e
formaram-se os grandes maciços montanhosos do mundo, como os
Andes, os Alpes e o Himalaia.
Com efeito a Era Cenozóica foi marcada pelo aparecimento de 28
ordens de mamíferos, 16 das quais ainda vivem. No paleoceno e no
Eoceno viveram mamíferos de tipo arcaico que no fim do Eoceno e
no Oligoceno foram substituídos, exceto na América do Sul,
pelos ancestrais dos mamíferos modernos. No decorrer de milhões
e milhões de anos deu-se a modernização das faunas que
culminou na produção de mamíferos adiantados, especializados,
do mundo moderno. Os processos que conduziram à elaboração das
faunas modernas datam do Pleistoceno e do pós-Pleistoceno.
Distingue-se a fauna atual da fauna do Pleistoceno,
principalmente pelo empobrecimento, advindo da extinção de
várias formas.
A América do Sul achava-se unida à América do Norte no início
da Era Cenozóica; tal união manteve-se interrompida durante
grande parte dessa era, voltando a ser restabelecida no fim do
Terciário. Isso explica certas peculiaridades faunísticas do
nosso continente. Por outro lado, a América do Norte manteve
ligação com a Ásia através da região de Bering (hoje
interrompida pelo Estreito de Bering) durante grande parte da Era
Cenozóica, o que explica o porquê da homogeneidade faunística
da América do Norte, Ásia Setentrional e Europa. As
peculiaridades faunística da Austrália, por sua vez, são
devidas ao isolamento que manteve desde o Cretáceo em relação
à Ásia.
A forma ancestral do cavalo data do Eoceno e recebeu o nome de
Eohippus; viveu no hemisfério norte. O Equus, isto é, cavalo
propriamente dito, surgiu na América do Norte bem mais tarde,
donde migrou para a Ásia, no Pleistoceno.
No Pleistoceno, também chamado época Glacial ou Idade do Gelo,
ocorreu uma vasta glaciação no hemisfério norte. Glaciação
de muito menores proporções deu-se também no hemisfério sul.
Datam do Pleistoceno os mais antigos restos do homem (cerca de
450.000 anos). Acredita-se que o mais antigo deles seja o Homo
heidelbergensis . Há controvérsia sobre a idade do Homo
sapiens; segundo alguns autores o seu aparecimento deu-se há
cerca de 250.000 anos, isto é, antes mesmo do Homo
neanderthtalensis. No Pleistoceno inferior vivem hominídeos
vários: Australopithecus, da África do Sul; Pithecanthropus
erectus ou homem de Java; Sinanthropus pekinensis ou homem de
Pequim. Inúmeras localidades brasileiras forneceram ossadas de
mamíferos pleistocênicos. Os achados mais famosos são os das
grutas de Minas Gerais, pacientemente pesquisados por Peter Lund
no século passado. Outra localidade curiosa é a de Águas do
Araxá, também em Minas Gerais, onde parte do material obtido
acha-se exposta. Aí foram descobertos cerca de 30 indivíduos de
mastodontes fósseis (Haplomastodonwaringi). Megatérios,
gliptodontes, tigres dentes-de-sabre (Smilodon) e toxodontes
figuram entre os mamíferos pleistocênos mais comuns. A
ligação entre as duas Américas no Pleistoceno trouxe como
conseqüência uma imigração de carnívoros que não existiam
por aqui, os chamados tigres dente-de-sabre. A antigüidade do
homem no Brasil é matéria de controvérsia. Não foi ainda
cabalmente provada a Idade Pleistoceno do homem da Lagoa Santa
cujos ossos aparecem nas mesmas grutas em que ocorrem animais
extintos.
Bibliografia
Enciclopédia Barsa, volumes 4, 9, 10 e 11.
Encyclopaedia Britannica Editôres Ltda.
História Memória Viva, Editora Scipione.
Cláudio Vicentino.
Geografia 1, Volume 1, Editora Moderna.
Melhem Adas.
Geografia e Participação, Volume 1, Editora Scipione.
Celso Antunes