A Alemanha, depois da Itália, foi o país que mais se influenciou no rock progressivo da Inglaterra, formando excelentes bandas. Um dos maiores exemplos delas é Eloy.
Formado em 1969 em Hannover, pelo guitarrista e cantor Frank Bornemann, a banda no início, tocava músicas covers dos Beatles e outros grupos conceituados. Já em 1970, Frank começou a compôr suas próprias músicas. A banda contava com Frank Bornemann, Erich Schriever (vocal), Helmut Draht (bateria), Manfred Wieczorke (guitarra) e Wolfgang Stocker (baixo). No seu primeiro LP 'Inside', lançado em 1973, Frank estava nos vocais, Manfred passou a tocar os teclados também e Draht foi substituído por Fritz Randow. Seu trabalho foi um sucesso, inclusive na América do Norte (talvez o fato de suas letras serem em inglês tenha ajudado um pouco), abrindo espaço para a música alemã.
Como é comum nas bandas progressivas, a banda sofreu várias alterações em sua história. No LP "Floating", Luitjen Janssen substitui Stocker e no LP "Power and the Passion", Detlef Schwaar contribui na guitarra. Apesar do sucesso de seus lançamentos, a banda sofreu uma crise interna e em 75, quase encerrou sua carreira.
Em 76, a banda volta com uma formação: Jurgen Rosenthal (bateria), Detlev Schimdtchen (teclados), Klaus Peter Matziol (baixo) e Bornemann (guitarra). Essa formação continuou até 79, quando Hannes Arkona (guitarra) entra pra banda. Seguiram algumas outras alterações, em 80, com a saída de Schmidtchen e Rosenthal e a entrada de Hannes Folberth (teclados) e Jim McGillivray (bateria). Em 82, Frtiz Randow voltou à banda, recuperando parte do prestígio perdido do Eloy.
Como ocorreu com Pink Floyd, a maior referência musical para o Eloy, teve várias fases distintas. A primeira, bem progressivo, durando até Power and the Passion (1975), com um som variando entre o folk e o hard-rock, e o vocal bem tímido, com Frank imitando certas vezes o Ian Anderson. A segunda, a fase Space Rock, pelo qual mais ficou conhecido, durou de Dawn até Silent Cries and Mighty Echoes, com uma participação maior dos teclados e dos orgãos. A terceira, ainda Space Rock, mas um pouco mais comercial e com canções de durações menores, teve mais participação ainda dos teclados, com mais sequências de sintetizadores e menos guitarra. Diferente de várias bandas, o Eloy não se rendeu ao apelo comercial e continua adepto ao seu estilo original, se aperfeiçoando com o tempo, até os dias de hoje.
Discografia:
Eloy (1971)
Inside (1973)
Floating (l974)
Power And The Passion (l975)
Dawn (l976)
Ocean (l977)
Live (l978)
Silent Cries And Mighty Echoes (l979)
Colours (l980)
Planets (l98l)
Time To Turn (l982)
Performance (l983)
Metromania (1984)
Codename Wildgeese (1985)
Ra (1988)
Destination (1992)
Ocean 2 - The Answer (1998)
Eloy - Best of (The early days)
Coletânea das melhores faixas dos primeiros lançamentos da banda. Característico pelo som bem
elétrico das guitarras, esse album é recomendado pra quem quer conhecer o progressivo germânico.
Entre as músicas, destaco 'Inside', 'Castle in the air' (com excelentes solos de guitarra) e 'The Light from
deep darkness', a melhor de todas com 14 minutos! Alterna seqüências lentas com pesadas, sendo acompanhado
mais tarde, uma seqüência de teclado (que lembra muito o Emerson, do ELP), que podia ser mais energético
pra acompanhar o ritmo da música, mas que não tira sua majestosidade. 'Love over six centuries', 'Mutiny',
dentre outras, são músicas não tão pesadas assim, mas, ainda, de boa qualidade.
Ocean
Após a ótima impressão que tive com o som do Eloy, resolvi me arriscar com um trabalho da fase
"space rock" da banda. No início, Ocean soou bem estranho, certamente porque eu esperava algo
parecido com as músicas de 'The early days'. Depois de algumas audições, todas as más impressões
ficaram de lado. Os vocais de
Frank mudaram um pouco. Antes, era só como voz de fundo, mas agora está completamente integrado
a música.
Com apenas 4 longas faixas, Ocean conta a história de Poseidon e o reino de
Atlântida. Começa com uma breve introdução, contando o surgimento de Atlântida. Depois, a coisa
esquenta. Com mudanças de ritmo, cria-se um clima perfeito de luta e de guerra. Tudo isso, em
meio a longas e excelentes seqüencias instrumentais. Minha única decepção foi com a última
Atlantis Agony, com 14 minutos, que eu esperava ter mudanças de ritmo, vocais energéticos e tudo
mais como em 'The Light from Deep Darkness'. Entretanto, o ritmo é constante e Frank canta
meio 'frio'. Mas fora isso, Ocean é indispensável para quem gosta de Space Rock.
Silent Cries and Might Echoes
Outro excelente trabalho de Space Rock, contando com a tradicional fórmula de algum temático e
longas faixas. Muitas pessoas consideram Eloy como uma cópia alemã do Pink Floyd, dizendo que
albuns como Silent Cries se apóiam bastante em 'Animals'. Apesar do estilo ser o mesmo, sempre
achei Eloy uma banda original. Os solos de guitarra são bem diferentes, assim como os temas.
Enquanto PF aborda temas humanos, Eloy prefere 'viajar' com batalhas entre bem e mal e conflitos
fantasiosos. Assim é Silent Cries. Começa com a movimentada 'Astral Entrance', com uma longa
seqüencia instrumental, seguida de Frank Borneman se empolgando nos vocais. Depois, vem o
climáx, 'Apocalipse' com 14 minutos de duração, alterando entre seqüencias instrumentais, coros,
vocais femininos e solos de saxofone, tudo em um clima melancólico. Realmente, é Eloy no auge.
As outras três faixas não adicionam tanto ao album, mas com Astral Entrance e Apocalipse, já
vale ouvir. Destaque também para 'Pilot to Paradise'.
Time to Turn
Como em todas as bandas progressivas, Eloy modificou um pouco sua fórmula. Continuando com o
estilo Space Rock, mas com músicas mais curtas e menos progressivas. Mesmo assim, continua com
um bom trabalho, sem caír em tanto apelo comercial como vários outros fizeram. O maior problema
aqui é que as músicas ficam sem tanta personalidade, pois a fórmula é mesma em todas as músicas.
Entretanto, aparecem faixas excelentes como 'Time to Turn' e 'Through a somber galaxy'. A
novidade é a balada 'Say is it really true'. A primeira vez que ouço uma música do Eloy sem a
guitarra sendo o foco principal. Se você não conhece a banda, recomendo começar com os trabalhos
dos anos 70.
Colours
O início de uma nova fase para o Eloy. Ao invés de se tratar de um album temático, é composto por várias músicas isoladas. Começa com a instrumental "Horizons" e segue com "Illuminations". Bastante uso de sintetizadores até aqui. "Giants" e "Impressions" são as músicas que mais tem a cara do Eloy, com direito a solos de guitarra. O grande destaque aqui é a ótima "Child Migration". A última música, "Sunset", outro instrumental, também é magnífica. Um belo solo de sintetizador sobre uma base macabra de violão. No geral, um bom album.