IV   PARTE

 

 

 

            E como todo final de história deve ser, as coisas desajeitadas dessa aqui também foram se ajeitando aos pouquinhos.

            Depois que se acertaram pelo telefone, a Futemminha decidiu não contar ao Taylor o que o Isaac lhe disse no dia do aeroporto, em que ela embarcou para casa. Se é o melhor a se fazer? Ela não tem idéia. Simplesmente é o que ela prefere. Nunca mais ninguém tocou no assunto. Aliás, depois do dia do aeroporto, nem a Patty, nem o Isaac procuraram mais um ao outro. Talvez seja a hora da história deles terminar também.

            O namoro do Taylor e da Patty parece que tem tudo para dar certo, mesmo à distância. O Walker duvida que vá funcionar. Até jogar praga de vez em quando ele joga. Continua acreditando que filho dele não nasceu para ficar preso, com uma mulher só. Cada vez que ele começa com as filosofias de relacionamento dele, a Diana tem vontade de dar com uma frigideira na cabeça do marido. Mas como ela não quer ser presa nem ser investigada pelo Serviço Social, simplesmente revira os olhos e suspira, tentando concentrar-se nos motivos que a levaram casar-se com o Walker.

            Mas eu acho que você também quer saber o que aconteceu com o Isaac. O Isaac está feliz. Sim, ele está. Desde que tirou do seu peito o sentimento que guardava pela Patrícia, sente-se mais leve e preparado de verdade para um relacionamento, qualquer que seja ele, com quem quer que seja. Não importa. Ele está preparado.

            O The SS  está indo muito bem obrigado e começa a ganhar fama além das fronteiras da cidade de Tulsa. E foi essa a principal causa de o Isaac ter recebido convites de empresários nova-iorquinos para abrir uma filial do The SS na Big Apple. Claro que ele ficou bastante incerto, mas aceitou ir para Nova Iorque analisar a proposta. Foi até engraçado ver a preocupação da Diana e dos irmãos horas antes de o Isaac embarcar. Ele já estava de malas prontas, mas passara na casa da família para se despedir e para apanhar algumas peças que haviam ficado em seu guarda-roupa, no antigo quarto. Além disso, Walker o levaria até o aeroporto.

- Ike, você tem certeza de que é uma boa idéia? - a Diana perguntou, observando o filho mais velho enfiar roupas e mais roupas dentro da grande mala.

- Eu não tenho certeza de nada, mãe. É exatamente por isso que eu estou embarcando para Nova Iorque hoje. Para tentar descobrir.

- E o The SS  aqui? - o Zac perguntou. - Nem vem jogar nas mminhas costas porque eu não vou cuidar daquele lugar.

- O que te faz pensar que eu colocaria o meu maior empreendimento sob sua responsabilidade, Zac? - o  Isaac revidou. - O George vai cuidar de tudo pra mim.

- Ah... É bom mesmo - o Zackito resmungou.

- Trás um presente pra gente, Ike - a Avery, uma das irmãs menores, disse.

- É! - Zöe, a mais nova, se empolgou.

- Mas nada de bonecas porque nós já somos pré-adolescentes - Jessica, a mais velha das meninas, disse.

- Cala a boca, sua atrasada mental - Mackenzie, considerado o mini-Zac da casa, se manifestou.

- Tudo bem, eu trago alguma coisa pra vocês.

- Ligue para nós de lá, Ike - o Taylor pediu. - Pra nós sabermos sobre como estão as coisas, as negociações, saber das propostas...

- É, pra darmos uns palpites também, caso você precise - a Diana disse. - O seu pai é bom com isso.

- Eu sei, mãe - o Isaac sorriu, colocando seu sobretudo dentro da mala. - Eu vou ligar sim, vocês vão saber de tudo que estará acontecendo.

- Quanto tempo você pretende ficar por lá? - a Diana perguntou.

- Eu pensei em me hospedar em um bom hotel e ficar por lá uns dois meses. E se eu aceitar a proposta, quero ficar até o bar ficar pronto.

- Eu posso morar no seu apartamento enquanto você não volta? - o Zac perguntou, rápido como um tiro.

- Tudo bem... Mas eu quero tudo como eu deixei quando eu voltar.

- Seu pai já está te esperando no carro, meu anjo - a Gina apareceu na porta do quarto, informando.

- Obrigado, Gina. Diz para ele que eu já estou descendo.

            A mulherzinha sorriu, indo então cumprir a tarefa que lhe fora ordenada. Em seguida, toda a família desceu as escadas com a bagagem de Isaac em mãos. Despediu-se de toda a família, deixando os irmãos por último.

- Boa sorte, Ike - o Taylor sorriu, cumprimentando-lhe com uma das mãos, puxando-o a seguir para um abraço.

- Valeu, Tay. Quando você embarca para ver a Patty?

- Semana que vem.

- Mande um abraço para ela.

- Eu mando sim - o Taylor sorriu.

- Até mais, Zac - o Isaac estendeu-lhe a mão.

- Bye man. Se cuida lá e... Bom, se você quiser, eu posso ajudar o George com o The SS  aqui e...

            O Isaac sorriu. E o puxou para um abraço também.

- Eu sabia que, no fundo, você era um cara legal - brincou.

- Não enche, Isaac - o Zac riu. - E vai logo embora antes que a bicha do Taylor comece a chorar.

- O Taylor, é? Sei... - a Zöe riu baixinho.

            Deu o último aceno, pegou sua mala e foi para o carro, onde seu pai o esperava. E lá ia o Isaac de encontro com o seu futuro.

 

            Dois dias mais tarde, o Taylor conversava com a Patty pelo telefone para acertar alguns detalhes de horários em que ele chegaria em Albuquerque, o hotel em que ele se hospedaria na cidade... Coisas assim. Detalhes, meros detalhes. O que importava de verdade para eles era estarem juntos de uma vez. A Diana vive dizendo que uma hora eles casam. E a cada vez que ela articula o tal do comentário, o Walker protesta a questão o quanto dá:

- Casamento? De jeito nenhum! O meu filho não pode casar agora! Isso é paixonite, Diana, você vai ver. Logo, logo, aparece uma garota deslumbrante na vida dele e o Taylor volta a ser aquele jovem extremamente requisitado e que não quer saber de compromisso. Aaah, aquele Taylor sim era o meu garoto - ele não cansa de dizer.

             E esse é o chefe da família Hanson.

           

...

 

- Vamos para o apartamento do Ike? - o Zac pergunta a sua namorada enquanto dirige.

- Eu vou para qualquer lugar com você - a Ló responde, encostando sua cabeça no ombro do Zac.

- Você quer pedir alguma coisa pra comer quando a gente chegar lá?

- Qualquer coisa que você quiser, Zackito.

- A gente podia pedir comida chinesa ou, sei lá, pizza...

- Você quem decide.

- Eu estava a fim de comer sanduíche de cocô.

- Soa ótimo pra mim.

- Lynne, você ouviu o que eu disse?

- Ouvi, Zackito. Eu ouço tudo o que você fala.

- Eu disse que quero comer sanduíche de cocô.

- Uhun... - suspira a garota.

- Você ouviu o que você acabou de dizer? Que come sanduíche de cocô.

- Agora que eu não sou mais virgem, Zackito, sanduíche de cocô para mim é canapé, de tão feliz que eu estou.

- Três minutos - ele olha no visor do som do carro. - Até que demorou para você falar sobre ontem de novo.

- Ah, Zackito... Mas foi tão bom - ela diz, se agarrando mais ao braço dele.

- Lynne, você quase morreu de dor.

- Realmente... Eu achei que você fosse atravessar as minhas costas.

- Então!

- Ah, Zackito, mas foi tão legal... Você foi tão carinhoso comigo e tudo aconteceu tão certinho...

- Lynne, será que fui só eu que ouvi você implorando para eu parar porque estava doendo demais?

- Não, eu acho que os vizinhos ouviram também.

- Ainda bem que no prédio do Isaac é só um apartamento por andar.

            Eles chegam ao edifício. Zac estaciona o carro na garagem. Portaria, elevador, corredor. A Lynne entra no apartamento cantando:

- Eu não sou mais virgem, eu não sou mais virgem, eu não sou mais virgem...

- Pára com isso, Lynne.

- Por quê? Entenda como uma homenagem pra você.

- Homenagem? Eu estou me sentindo um tarado, furador de hímens inocentes.

- Zackito, não fala assim. Foi lindo. Aliás, foi a coisa mais linda que já aconteceu comigo.

- Linda vai ser a minha cara quando você contratar um avião para escrever no céu que você não é mais virgem.

- É uma idéia.

            Cabreiro, ele senta no sofá. Olha para ela e, depois de uns segundos em "pensação", pergunta:

- Você... Quer conversar sobre ontem? Quer dizer, conversar direito.

- Se alguém me dissesse que você perguntaria isso pra mim um dia depois que a gente fizesse amor pela primeira vez, eu juro que não acreditaria.

            Ele sorri meio sem jeito. A Ló senta ao lado dele.

- E então? - ele pergunta. - Me diz o que você achou.

- Eu já te disse o que eu achei. Eu achei lindo.

- Estou falando sério Lynne. O que você achou de verdade? Tirando os seus gritos e as suas caretas de dor...

- Eu não fiz careta!

- Eu não sei se você lembra, mas eu estava em cima de você. Eu tinha visão privilegiada da sua cara.

- Eu fiz careta?

- E umas assustadoras...

- É que doeu.

- Você odiou.

- Zackito, eu não quero que, só por causa de umas caretinhas e uns gritinhos, você pense que eu não gostei.

- Você não precisa ficar falando que gostou só pra me agradar, Lynne.

- Mas eu não estou falando só para te agradar. Acredita, foi incrível.

- O que teve de tão incrível? Você só sentiu dor e tudo foi meio... Meio... Desajeitado e...

- Zachary, eu tenho consciência de que foi, ahm, meio... Torcido.

- Torcido?

- É, meio... Esdrúxulo.

- Então pára de compor músicas sobre a sua virgindade.

- Zachary, eu estou brincando!

- Tá, mas não tem graça.

- É para quebrar o gelo, para você não ficar todo encanado e acreditar quando eu digo que gostei.

- Não é isso que parece.

- Desculpe - ela sorri. - Mas é que... Você foi tão carinhoso e atencioso comigo... Não brigou porque eu estava com vergonha de tirar a roupa, teve paciência quando eu ameaçava desistir... E você olhou no meu olho o tempo todo. Para mim, isso tudo compensou toda a bagunça.

- Foi mesmo, é?

- Foi.

- E eu tenho que concordar com você - o Zac fala, abraçando a namorada pelos ombros. - Agüentar as suas frescuras na hora de tirar a blusa e a saia exigiu de mim uma paciência de monge.

- Pô, Zachary, o único homem que tinha me visto como eu vim ao mundo até hoje era o meu pai. O que você esperava? Uma super desenvoltura e destreza para arrancar a roupa?

- Tudo bem, mas você podia ter feito isso mais rápido.

- Coloca um hímen no meio das tuas pernas pra você ver aonde que vai parar a sua super agilidade na cama.

            O Zac ri. E a abraça com força. Ela se aninha no namorado.

- Você mudou muito, sabia? - ela diz, toda boba.

- Mudei?

- Mudou.

- Mas não mudei tanto.

- Mudou sim.

- Não, eu não mudei, não.

- Você está me chamando de mentirosa?

- Não, eu só disse que eu não mudei tanto.

- Comparado a quando eu te conheci, você é outra pessoa.

- Whatever... - o Zac resmunga.

- E tem mais: você mudou como mudou graças a mim.

- Tá louca?!

- É sim. Você ficou mais sensível e mais suave por minha causa.

- Mais sensível e mais suave?

- E mais compreensivo também.

- Eu sei o que você está tentando fazer - ele espreme os olhos, como se tivesse entendido o segredo da humanidade.

- Eu não estou tentando fazer nada.

- Está sim. Você quer colocar aquele hímen em mim.

- O quê?!

- Não! Pior! Você quer trazê-lo de volta.

- Trazer quem de volta?

- O hímen.

- Zachary, do que é que você está falando?

- Aceite, Alynne Lóide, ele já se foi.

- Eu sei disso!

- E não há nada que você possa fazer a respeito.

- Zachary, você cheirou meia, por acaso?

- Vamos fazer um minuto de silêncio para o hímen.

- Com licença, mas será que o meu hímen...

- Ex-hímen - o Zac interrompe.

- Será que o meu ex-hímen pode descansar em paz?

- Ele está descansando.

- Então pára de falar dele! - Pausa. - Senão ele vai vir puxar o seu pé à noite.

            O Zac dá uma gargalhada.

- Não ria!

            Ele não dá ouvidos.

- Zachary, pára de rir do meu hímen!

- Lynne, eu não estou...

- Está! - Revoltada, ela levanta do colo dele. - Pois pode ir embora!

- Lynne, eu só...

- Não quero saber. Ninguém ri do meu hímen - ela diz, indignada.

- Ahm, Lynne...?

- Pode ir embora, não quero saber. O meu hímen é um hímen de respeito. Eu não admito que você se refira a ele como se fosse um reles pedaço de... Algo que nasceu para ser furado.

- E não é isso?

            Aquele comentário a revolta mais ainda.

- Lynne, nós estamos discutindo por algo que nem existe mais.

- Mas você podia mostrar um pouco mais de consideração. Vai, xispa, pode ir embora.

            Neste período todo em que eles namoraram, o Zac já havia sido enxotado tantas vezes pela namorada que já estava começando a se acostumar.

- Não querendo ser chato, mas nós estamos no apartamento do Isaac, Mala Sem Alça.

            Opa. Que gafe.

            A Ló olha para os lados, se situando. Então cruza os braços e cai sentada no sofá.

- Droga. É mesmo.

- Ainda está com fome?

            Soltando raios pelos olhos, ela o encara.

- Que foi, Alynne? Você não queria parar de falar do hímen? Paramos, ué.

- Peça desculpas.

- Pra você ou pro hímen? - ele brinca. A Ló olha feio. - Tá bom, tá bom, desculpe.

            Silêncio.

- Comida chinesa? - ela diz, baixinho.

- Ok.

            Ele sorri sereno e desliza as mãos pelo rosto dela. E a beija rapidamente.

- Quer ligar você?

- Não, liga você, Zachary.

- Por que você nunca me chama de Zac, Malinha?

- Porque eu acho o seu nome muito bonito para ser abreviado.

- Uau... Gostei dessa.

            A Ló ri e apóia a cabeça no ombro dele. Silêncio por um bom tempo. Até que o Zac diz:

- Até que o finalzinho foi interessante, não foi?

- Pois é... Até que foi.

 

 

- Quer pedir alguma coisa? O serviço de quarto aqui é muito bom - o Taylor diz, enquanto acaricia os cabelos da namorada, deitada em seu colo. Os dois estavam no chão, sobre o tapete felpudo, com o Taylor encostado no sofá.

- Você também, hein... Escolheu o melhor hotel de Albuquerque - a Patty comenta.

- Claro. Porque eu sabia que você iria vir dormir aqui comigo.

- Bom, já que é assim, que tal se nós descêssemos pra jantar?

- Aaah, não. Estou com preguiça.

            Ela faz cócegas nele e o beija.

- Não, a gente vai sim - ela exige.

- Que horas são? - o Taylor pergunta.

- Quase nove da noite.

- Tudo bem, nós vamos.

- Urrú! - ela comemora.

- Patty, eu estava pensando...

- No quê?

- O que você acha do meu sobrenome?

- Como assim? - a Patty não entende.

- O que você acha do sobrenome Hanson.

- O que eu acho?

- É. O que você acha.

- Eu gosto. É bonito - a Patty sorri.

- Mesmo?

- Mesmo.

- Você não gostaria de tê-lo no final do seu nome? - o Taylor pergunta, meio rindo.

            Uma sobrancelha da Patty se levanta, dando aquela expressão de do-que-diabos-você-está-falando para o rosto da japonesinha.

- Patrícia Futemma Hanson - ele pronuncia. - Sonoro, muito sonoro.

- Taylor, lá vai você de novo.

            Ele ri. Ela reclama:

- Quando você começa com essas histórias de casamento, eu nunca sei se você está falando sério.

- Eu sei, a sua cara de tacho deixa isso bem claro - o Taylor brinca.

- Sai, Zachary Walker, desse corpo que não te pertence - a Patty exorciza a grosseria.

            O Taylor ri mais. E continua, engrossando a voz:

- Ah, não enche, China in Box.

            A almofada do sofá do hotel é imediatamente arremessada pela Patty na cara do Taylor. Eles brincam um pouco, riem e ela acaba sentada ao lado dele, com suas mãos dadas. Silêncio alguns minutos.

- Acho que eu vou tomar um banho - o Taylor diz. - Eu estou morrendo de cansaço.

- Tudo bem, daí a gente desce jantar - ela sorri. - Vai lá que eu vou ver um pouquinho de televisão.

- Ok. Mas antes de eu ir, diz se você casa comigo ou não.

- Taylor, pelo amor de Deus.

- Diz. Sim ou não?

- Tá, eu caso. Mas vai tomar banho logo que eu quero descer jantar.

O Taylor se levanta, pega o necessário e, fala, parado na porta do banheiro:

- Não quer entrar também?

- Nós não casamos ainda, Taylor Hanson.

            Ele faz que se rende e entra no banheiro, rindo. Quando já quase fechava a porta, a Patty pôde ouvi-lo, ainda rindo um pouco:

- Tudo bem, tudo bem... Perguntar não ofende.

            Na televisão pegavam todos os canais imagináveis.

- Hotel chic é isso aí - a Patty fala sozinha.

            E passeando de canal em canal, descobre o filme Exterminador do Futuro 2, com o clássico Schwarzenegger. Não tendo nada mais de interessante, a Patty fica por ali mesmo.

            O barulhinho do chuveiro está agradável. A Patty sorri, pensando em como aquele banho deveria estar gostoso. Já que não pretendia entrar, resolve abaixar o volume da TV para ouvir o som da água caindo no box. E é esse ato o responsável por ela ter ouvido o seu celular tocar sobre a escrivaninha. Corre atende-lo, pois já deveria estar tocando há algum tempo.

- Alo?

- Patty?

- Sim.

- Oi, é o Isaac.

            Exatamente naquele instante, o chuveiro é desligado no banheiro. A Patty caminha pelo quarto enquanto fala no celular.

- Ike? Puxa, que... Que surpresa.

- Como você está?

- Estou ótima e você?

- Estou bem também.

- Você está aonde? - ela pergunta.

- Continuo em Nova Iorque. Estou voltando para o hotel agora.

- É, eu ouvi que você estava aí... E como está indo tudo?

- Está correndo tudo bem. Acabei de assinar o contrato com os empresários daqui e as obras para o The SS  nova-iorquino já começam semana que vem.

            O Taylor sai do banheiro de roupão, com os cabelos molhados.

- Puxa, isso é ótimo.

- E você está aonde?

- Em Albuquerque mesmo.

- Ahm, Patty... Eu sei que... Depois do dia do aeroporto, as coisas ficaram um pouco estranhas, mas...

            Então o Taylor abraça a namorada pela cintura e beija seu pescoço.

- Com quem você está falando? - o Taylor pergunta.

- Tay, só um pouquinho - ela cobre o telefone e fala.

            Do outro lado da linha, o Isaac percebe que havia ligado em uma hora desapropriada.

- Desculpe, Patty, eu não queria atrapalhar e... - ele se desculpa. - Eu não sabia que o Taylor já estava aí com você.

- Não, imagina, não tem problema.

- Bom, eu só liguei mesmo para saber como você este e...

- Eu estou bem, não se preocupe.

- Acho melhor eu desligar agora. Se cuide, Patty.

- Você também.

- Tchau.

            Vendo que a namorada guardava o celular, o Taylor pára de se trocar e se aproxima, usando sua calça jeans que acabara de tirar da mala, ainda aberta. Então a abraça.

- Finalmente - ele brinca, beijando-lhe o pescoço.

- É você quem é muito impaciente - a Futemminha sorri. - Você podia ter terminado de se trocar sem pressa.

- Quem era?

- Ninguém.

- Ninguém?

- Taylor, você está todo molhado! - a Patty desconversa. - Agora eu estou toda molhada também.

            Ele ri e se beijam, com o Taylor molhando todo o rosto da Patty com os pingos que caíam de seus cabelos.

 

No mesmo instante em que Zac e Ló abriam a porta do apartamento do Isaac para o cara da comida chinesa entrar, Taylor descia pelo elevador com a Patty para jantarem no restaurante do hotel em Albuquerque, Novo México. E em Nova Iorque, Isaac entrava em seu mais novo lar (o quarto do hotel) após ter apertado a mão de um dos empresários responsáveis pelo projeto, em um chiquérrimo jantar, fechando assim o que poderia ser o maior negócio de sua vida. Porém decepcionado pela conversa carregada que tivera com a Futemminha no celular, durante a volta para casa.

 

            Todo mundo muda. E se muda.

 

            Ao mesmo tempo em que o Isaac preparava-se para dormir, o George era encontrado em casa, fazendo uma sopinha de batatas e cenoura para sua avó, que assistia sentada em sua poltrona verde-musgo o último capítulo da sua novela preferida.

            Chateado eternamente, o pai da Ló permanecia parado em sua sala de estar, segurando um porta-retratos com a foto de sua falecida esposa, pensando, enquanto observava a figura da mulher sorridente, em como ela faz falta naquela grande casa.

            Diana e Walker colocavam as crianças para dormir e Gina assistia na pequena televisão em seu quarto ao tal último capítulo da mesma novela que a Srª. Ford via tomando sua sopinha, agora já pronta.

            E não muito distante dali, em um bairro mais humilde de Tulsa, a Damares, ex-funcionária do hotel mais luxuoso da cidade, que vira Taylor Hanson e Patty Futemma dançando no corredor da suíte presidencial, dava um belo chute na bunda do marido, decidida a começar a vida de novo. Fazia uma semana que ela desfilava pelo bairro com os dentes novos, resultado do tratamento dentário intensivo a que se submeteu durante um considerável período de tempo. Suas roupas também eram novas e agora ela fazia doces para vender.

 

            Toda história acaba. Nem sempre como nós queremos, nem sempre quando imaginamos, nem sempre do jeito mais feliz. Simplesmente como deve ser.

 

Fim


Agradecimentos:

 

Terminei. Depois de quase dois anos escrevendo (senão mais), eu terminei a história mais comprida que eu já escrevi até hoje, 10 de Junho de 2002. A questão é que eu JAMAIS poderia ter sequer começado a escrever essa história se não fosse a existência de algumas pessoas na minha vida.

Primeiramente e invicta, a minha grande amiga Patty. Eu não sei como escrever uma homenagem a alguém sem parecer clichê, mas eu vou arriscar. A Patty é uma das pessoas mais meigas que já nasceram nesse mundo e que chegaram ao meu conhecimento. Ela é uma amiga sensível, querida e extremamente presente. E o que mais me surpreendeu nela: a Patty é uma pessoa boa. Uma bondade que toda vez que eu estava brava, me ajudava a me sentir melhor. Infelizmente nós fomos separadas pela distância, mas eu nunca vou me esquecer do quanto essa menina-sorriso é importante para mim. Escutou, Patty? Você é uma das amigas mais incríveis que já passaram na minha vida. Obrigado por ter existido, senão essa história não teria sido escrita.

            Mas não foi só a Patty que me ajudou com as minhas idéias. Eu queria agradecer do fundo do meu coração a duas pessoas que foram bastante essenciais no meu processo de criação: a Joana (Mioja) e a Nathália (Naty). A Joana me aturou heroicamente e em graus absurdos de chateação. Quando me dava um branco e eu não sabia o que fazer com os meus personagens, eu corria falar com ela pedindo ajuda. Muito obrigada, Mioja. Você foi incrível. E a Naty que desde o começo, se mostrou uma amiga linda e extremamente presente e não deixou eu perder a credibilidade em mim mesma. Foi sincera, dizendo sempre o que eu precisava ouvir. Além do que, cedeu espaços e espaços para a minha historinha e citou o meu nome lindamente e várias vezes em sua página de entrada. E mais! Confiou em mim para meter o bedelho em histórias dela. Valeu, Natilda! Adoro você!

            Para a parte do final, eu quero agradecer muuuito a Juliana (Juzi), que ouviu atentamente o que eu tinha em mente, mesmo antes de botar no papel, e me convenceu de não dar um final heróico e estúpido para o Isaac. Juzi, muito obrigado. Você foi esclarecedora. Se não fosse por você, o Isaac teria terminado a lá Dawson e Joey. Em outras palavras, XAROPÍSSIMO.

            Muito obrigado também à Thais que, mesmo achando o final estranho, deu idéias ótimas para não acabar tão chato. Valeu, Tays! Te adoro, 'miguinha! =)

E a Lynne, que virou personagem na última hora, mas acabou conquistando todo mundo. Te adoro, amiga. E sou fã da sua franjinha.

            E as pessoas que me deram um puta apoio: Beatriz (Bizuka), que vive repetindo o quanto acredita em mim e me faz sorrir toda vez que eu estou desanimada; a Biba, que me surpreendia com perguntas do tipo "Gaby, qual é o sabor do Gatorade que o Zac normalmente toma na história?"; a Lella que comentava cada pedacinho da parágrafo; a Nique que me azucrinou pelo menos umas três vidas, perguntando incansavelmente "Tem mais Futemminha? Tem mais Futemminha?"; a Manu, que lia tudo assim que eu mandava só para me dar uma opinião correndo e era sincera, mesmo não conseguindo explicar de vez em quando o que tinha achado ao ler determinadas partes; a Paola Di Orti, (que vai ser sempre a minha trocadora de idéias de FF) que me consolava quando aparecia gente me copiando; e a Taina, que putz, sempre, sempre, sempre, me lembrou o quanto eu era capaz.

            E todo mundo que leu, todo mundo que xingou, todo mundo que me ligou perguntando se eu conhecia alguém famoso, todo mundo que veio conversar comigo para saber da onde eu tirava as respostas do Zac, todas as pessoas que pediram para eu escrever uma história com elas no enredo, todos que me escreveram dizendo que choraram lendo a Futemminha, todos aqueles que esperaram pacientemente pelo término, todo mundo que, quando me via online no ICQ, nem me dava oi direito e já chegava perguntando da história, todo mundo que se matou de rir lendo os trechos da historinha... Para todas essas pessoas, para você e você, um muito obrigado. Eu sei que não parece, mas vocês foram fundamentais para essa história acontecer.

            E claro, um muito obrigado também para as minhas amigas queridas Gabi e Carlinha, a dupla dinâmica, a Juli de Mogi e a Ana Cláudia, que leram fielmente cada capítulo. E um beijão para a Paola de novo, que graças a Deus, já está voltando da Bélgica.

            Nossa, isso aqui ficou parecendo encarte de Cd. Mas tudo bem, eu sei que só vai ler isso aqui mesmo quem participou de todo o processo de produção dessa história. E eu não culpo quem não leu até o fim... Isso ficou imenso. E olha que eu tinha programado um paragrafozinho, com umas seis linhas talvez...

 

Jesus, valeu por mais essa!

 

Com carinho...

 

...Gaby Brandalise

 

10 de Junho de 2002

 

e-mail: gaby_woohoo@hotmail.com