And the Night has Come é uma abertura maior para a vida do protagonista, que foi casado e vive com a filha, Narinha.
Me levanto de madrugada e pego um cigarro.

A sensação é gostosa como sempre, uma espécie de alívio, relaxamento... me levanto após fumar, com sede, para pegar um pouco de água na cozinha. Passo pelo quarto de Narinha e vejo que ela dorme como um anjinho, inocente e quieta.

Ouço um helicóptero passando por sobre o prédio, algumas metralhadoras soam ao longe. É uma madrugada tranqüila. Poucos carros passam e um lua bonita no céu.

Sento ao lado de um holo e me pergunto se vale a pena ligar para Márcia. Ouvir a voz macia e gostosa dela de madrugada é bem tentador, mas acabo por desistir, tanto eu quanto ela, trabalhamos pela manhã. E também sinto medo da maneira como ela pode receber meu holo. Conversamos pouco sobre Narinha, mas sei o quanto ela não quer crianças, e levar novamente esse assunto a tona, não é algo bom a essa hora, com ambos cansados, já tendo sofrido com a discussão de ontem...

Volto a olhar para a rua e vejo um casal andando apressado, quase com medo. É melhor se apressarem, filhos da puta não faltam nesta vizinha a esse horário. Parecem jovens, mas é difícil de ver a essa distância, com a chuva fina e constante, comum a cidade nesta época do ano.

Pego o cartão do carro, mas acabo desistindo de sair a essa hora, Narinha não ficaria segura, tenho de pensar nela. E a vontade ainda assim persiste. Penso de novo na segurança dela e isso basta.

Tento ligar um livro e fico no sofá, mas continuo inquieto. Peço a casa para fazer alguma comida, e espero até que esteja pronta, afinal, pode apenas ser fome. O sanduíche de peru defumado é gostoso, pego também um pouco de café (descafeinado), e como de maneira vagarosa e paciente.

Fico assim a noite toda, pensando, remoendo coisas do passado. Como foi bom ter me mudado, assegurando minha sobrevivência e a de Narinha. Mas é péssimo ter abandonado uma vizinhança, se não boa, pelo menos conhecida. Fico pensando nas alternativas, e só de imaginar o meu corpo e o de Narinha estendidos na calçada, ambos alvejados por Camille...Não, não seria algo agradável.
Tive de sair as pressas de casa após requerer o divórcio. Apesar de atirar melhor que Camille,eu temo por Narinha.

Afinal, pq as mulheres são tão temperamentais quanto a uma separação?