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Bernardo Homem da Silveira nasceu aos 20 de maio de 1725 na Freguesia de N.S. da Piedade, Ilha do Pico, Açores, Portugal. Era filho de João Gonçalves Areias e Maria da Esperança. Eis o assento de seu batizado: "Bernardo filho de João Gls Areias e de sua mulher Maria da Esperança naturais e fregueses desta Paroquial Igreja da Virgem NS da Piedade da Ponta, termo da Vila das Lajens da Ilha do Pico e moradores a Cruz do Redondo, lugar desta freguesia, nasceu aos 20 dias do mês de maio da era de 1725 anos e foi batizado nesta Igreja de seus pais, aos 22 dias do dito mês e ano por mim Francisco Álvares da Borba, vigário desta Igreja. Foram padrinhos Pedro de Fraga e Bárbara da Conceição, filhos de Frco. de Fraga e Maria Álvares, naturais e fregueses desta sobredita paróquia, estiveram testemunhas presentes o soldado Antônio Vargas Machado e Soldado Caetano da Costa Leal e para constar fiz este termo que assinei die, mense et anno ut supra" A vida de Bernardo, em sua pátria, com certeza não oferecia grandes possibilidades. Seus pais eram pacatos lavradores, proprietários de vinhas e algumas reses, conforme relatou Manoel Pereira da Rosa, seu conterrâneo, no processo de habilitação do padre João Bernardes da Silveira, em 1779: "que conheceu na Ilha do Pico, sua pátria, a João Gls Areias e sua mulher Maria da Esperança, por alcunha Maria Santa, avós maternos do habilitando João Bernardes da Silveira, pessoas que viviam de suas vinhas, lavradores que eram, na mesma freguesia donde ele testemunha era natural (...) conhece e conheceu na sua Pátria o dito Alferes Bernardo Homem da Silveira por serem vizinhos, em muitas vezes se encontravam no campo pastorando seus rebanhos" Assim, Bernardo deve ter vindo muito jovem para o Brasil, embora não se tenha conseguido precisar com exatidão a época. Mas, sabe-se que, chegando a Minas, seguiu a trilha dos milhares de aventureiros que aportaram nessas paragens: a busca pelo ouro. Parece ter tido sucesso na atividade de garimpagem de ouro e como mercador, mas não persistiu nessas atividades. Buscou rumos mais sólidos para sua vida: adquiriu um fazenda na região de São José D'el Rei, hoje Tiradentes, casou-se e obteve, sucessivamente, as patentes de alferes e capitão. Nesse sentido, são esclarecedores os depoimentos de algumas testemunhas no mesmo processo de habilitação do Pe. João Bernardes da Silveira: "... conheceu o alferes Bernardo Homem da Silveira nestas Minas, primeiramente vendendo ouro lavrado e depois com sua fazenda e daí passou-se, depois de casado, a lavrador, como se acha com fábrica nesta freguesia..." (Miguel Leal do Couto) "conhece o Alferes Bernardo Homem da Silveira, sendo mercador, agora roceiro" (Amaro de Freitas Almada, natural da Vila do Porto, Ilha de Santa Maria) O casamento de Bernardo Homem da Silveira ocorreu na Matriz de Prados aos 27 de novembro de 1752, quando tinha, então, 27 anos de idade: "Aos 22 dias do mês de novembro de 1752, Nesta Igreja Matriz de N.S. da Conceição dos Prados, de manhã, sendo feitas as denunciações na forma do Sagrado Concílio e constituições deste Bispado, nesta dita Igreja, em cuja freguesia os contraentes são moradores, em minha presença e das testemunhas abaixo assinadas, se casaram em forma eclesiástica solenemente por palavras de presente Bernardo Homem PIMENTEL(?) e Mariana Francisca de Belém, ele natural da Ilha do Pico e batizado na Freguesia de NS da Piedade, Bispado de Angra; ela da freguesia de NS da Assunção da Vila do Porto, Ilha de Santa Maria do dito bispado, logo lhe dei as bênçãos nupciais conforme os ritos da Santa Madre Igreja e para constar fiz este assento era ut supra - o vigário colado Manoel Martins de Carvalho" Curiosamente, o sobrenome de Bernardo, nesse assento, aparece como Pimentel. Terá sido um engano de vigário ao redigir o termo, ou teria Bernardo homenageado algum antepassado, como era costume àquela época? Aliás, o sobrenome Silveira, como visto no assento de seu batizado, não era o de seu pai, João Gonçalves Areias, nem o de sua mãe, Maria da Esperança. Na verdade, o sobrenome Silveira lhe veio do avô materno, o Capitão Antônio (Homem) da Silveira, conforme assento de batismo de Maria da Esperança: "Em os dezenove dias do mês de agosto de 1687, digo 1688, batizei a Maria, filha do Capitão Antônio Silveira e de sua mulher Cecília Pereira. Foram padrinhos Alferes Francisco Machado Fagundes, freguês da Matriz da Vila das Lajens, e Ana Monteira, filha de João Quaresma, freguês da Igreja de Santa Barbara das Ribeiras, e para constar fiz este termo, o vigário Mel. Cardoso Machado" A esposa de Bernardo, Mariana Francisca de Belém, era natural da Ilha de Santa Maria, nascida aos 20 de setembro de 1728: "Mariana Francisca, filha legítima de José Andrade e sua mulher Maria da Conceição, naturais desta Matriz de N.S.da Assunção e moradores na Ribeira de São Domingos, termo desta Vila, nasceu aos 29 dias do mês de setembro da era de 1728 anos, foi batizada nesta dita Matriz paroquial de seus pais por mim José de Andrade, cura desta Matriz, em os três dias do mês de outubro da dita era supra, foi padrinho Mel. Curvello de Magalhães, morador em Rosa Baixa e Mariana da Vitória, recolhida no recolhimento de NS da Conceição, e por ela assistiu seu pai Cristovam de Almada, morador nesta vila, todos naturais desta Matriz. Foram testemunhas Melchior de Saa e Cristovam de Almada, morador nesta vila, de que para constar fiz este termo que assinei era ut supra, cura José de Andrade". Mariana Francisca de Belém veio para o Brasil, igualmente muito jovem, com seus pais, José de Andrade Braga e Maria da Conceição. Estes eram aparentados entre si e o casamento deles foi realizado dia 23 de fevereiro de 1726 na Matriz de Nossa Senhora de Assunção, Ilha de Santa Maria, dispensados de 3o. e 4o. graus de consangüinidade. José de Andrade Braga era filho de Miguel de Andrade Braga e Ângela de Magalhães. De acordo com depoimento de Paulino de Andrade, "procurador de causas"(advogado), de 64 anos de idade em 1762, no processo de habilitação do Padre João Bernardes da Silveira, eles eram descendentes de nobres famílias da Ilha de Santa Maria: "disse que a dita Ângela de Magalhães, mãe do justificante, era filha legítima de Manoel Curvello de Magalhães e de sua Mulher dona Francisca de Parada, descendentes de nobres famílias desta Ilha (...) disse que a razão que tem para certificar o que tem jurado é por conhecer as ditas linhagens e por papéis que tem tirado por suas próprias mãos por traslados de habilitações que nestas ilhas se tem tirado no juízo" O Dr. Djalma Garcia Campos, advogado e historiador/genealogista, fez um apanhado da vida de Bernardo Homem da Silveira, no seu livro Iguatama-História e Genealogia, destacando a compra de uma fazenda em 27 de abril de 1770, que era de Manoel de Souza Pacheco, localizada na Paragem de São João Batista, na Freguesia de Santo Antônio (Tiradentes), na Comarca do Rio das Mortes; a obtenção da patente de Capitão de Cavalaria, em 24 de março de 1787. Finaliza, dizendo que em 1798, aos 73 anos de idade, Bernardo findou o seus dias naquela fazenda, sendo sepultado no interior da capelinha de São João Batista. Nas disposições de sua última vontade, nomeou os seus filhos, a saber: 1.-Padre João Bernardes da Silveira2.-José Bernardes da Silveira cc Ana Gonçalves da Cruz 3.-Francisco Bernardes da Silveira cc Francisca Romana da Silva 4.-Antônio Joaquim da Silveira 5.-Ana cc Manoel da Silva Ponte 6.-Mariana Francisca da Silveira cc Cap. Joaquim da Silva Leão 7.-Bernarda cc Matheus Gonçalves Costa 8.-Genoveva cc Manoel Martins Parreiras 9.-Manoel Bernardes da Silveira cc Elena Rodrigues Pode-se dizer, com segurança, que Bernardo Homem da Silveira realizou o sonho dos milhares de portugueses que vieram buscar fortuna no Novo Mundo. Colaborou na consolidação do povoamento de nosso Estado, deixando para a posteridade exemplo de persistência, dedicação ao trabalho e religiosidade. Nas regiões sul e oeste de Minas, principalmente, vivem hoje centenas de descendentes do destemido e empreendedor açoriano Capitão Bernardo Homem da Silveira. Ter um antepassado como ele é motivo de muito orgulho e incentivo a que se dê continuidade ao ideal de evolução e progresso de nossa sociedade.
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