Na ascendência dos Câmara identificam-se quatro pessoas de sobrenome Brejo. O elo de união entre as duas famílias foi Vitória Ignocência da Silva Brejo, esposa de José Gomes Rodrigues Câmara. Era nascida por volta de 1785, em Piedade do Paraopeba, MG, ou, talvez, Congonhas de Sabará,MG. Essa segunda hipótese baseia-se no testamento de seu irmão, Francisco Gonçalves Brejo, que declarou ser natural daquela segunda localidade. Os pais de Vitória, Manoel Gonçalves Brejo e Maria Borges da Silva, vieram casados de Portugal, conforme se deduz dos autos de inventário do primeiro, iniciado em 1804, onde sua esposa declarou que o falecido era "natural do Reino de Portugal", tendo sido casada com ele "nos costumes do Reino".
Em 1749, os Brejos já estavam em Minas Gerais, conforme se verifica num dos livros da "pequena inquisição" (Devassa) realizada nas primeiras décadas do Século XVIII. Naquela ocasião, Domingos Gonçalves Brejo, de 70 anos (portanto nascido por volta de 1679), natural de São Matheus do Bunheiro, Comarca de Aveiro, Bispado do Porto, foi chamado a depor, em razão de ser acusado de manter uma união não sacramentada pela Igreja com uma criola. Como testemunha foi convocado um sobrinho, que também era seu feitor, Manoel Gonçalves Brejo, de 26 anos, natural da mesma localidade declarada por Domingos. Não se consegue apurar daqueles registros se alguma punição foi impigida a Domingos, ou se lhe foi exigida a regularização de sua situação perante a Igreja. No seu testamento, redigido em 19 de fevereiro de 1745, antes portanto da Devassa, ele declarou que "viveu em estado de solteiro, não deixando herdeiros". De qualquer forma, parece que daquela união resultou prole, conforme se pode verificar na Lista de População de Piedade do Paraopeba, do Censo de 1831, onde, ao lado dos Brejo identificados como brancos, aparecem outros qualificados como "pardos"ou "criolos".
Do testamento de Domingos Gonçalves Brejo extraem-se alguns dados significativos para a genealogia dos Câmara, confirma-se que Manoel Gonçalves Brejo era efetivamente seu sobrinho; que viviam àquela época um irmão de Domingos, chamado João Gonçalves Brejo, supostamente pai de Manoel; uma irmã, chamada Domingas e outro sobrinho, Domingos André Gomes. Fica-se conhecendo os nomes dos pais de Domingos, portanto avós de Manoel Gonçalves Brejo, a saber: Domingos Gonçalves (não menciona Brejo) e Catarina André (noutro documento menciona-se Andrade) dos Santos. O sobrenome Brejo, ao que tudo indica, é decorrente de uma localidade na Freguesia do Bunheiro denominada "Brejo" ou "Breja". Em registros paroquiais da época, encontram-se várias pessoas denominadas "da Breja", mas nenhuma ocorrência com "do Brejo". Todavia, tanto Domingos, quanto Manoel, de próprio punho assinaram "Brejo", firmando-se com essa grafia o sobrenome.
Manoel Gonçalves Brejo, que interessa a esta genealogia, nasceu por volta de 1725 e faleceu, estimadamente, em 1798, visto que nos autos de seu inventário, iniciado em 1804, a viúva, Maria Borges da Silva, declarou que o inventariado havia falecido "há uns seis anos". Além de Vitória Ignocênica da Silva Brejo, Manoel deixou outros cinco filhos. Alguns desses filhos, inexplicavelmente, adotaram o sobrenome Prudente. A apartir desses dados, traça-se a seguinte árvore genealógica:
Domingos Gonçalves (+- 1655~1720, S. Matheus, Bunheiro, Aveiro, Portugal)
c/c Catarina Andre dos Santos (+- 1665~1750,idem) Pais de:
João Goncalves Brejo (+- 1680~1765,idem)
c/c ??? Pais de:
Manoel Gonçalves Brejo (+-1725~1800,idem/Piedade do Paropeba, MG, Brasil)
c/c Maria Borges da Silva (+-1740~1828,idem/idem) Pais de:
Victoria Ignocência da Silva Brejo (+-1785~1865, Piedade do Paraopeba, MG, Brasil) c/c José Gomes Rodrigues da CÂMARA (1786~1854, idem)
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