NOSSA SENHORA DO DESTERRO

Este título de Nossa Senhora tem fundamento bíblico. Afirma o evangelista Mateus que, após a partida dos Reis Magos, um anjo do Senhor apareceu em sonhos a São José e disse: "Levanta, toma o menino, a sua Mãe e foge para o Egito; permanece lá até que eu te avise, porque Herodes procura o menino para o matar. Levantando-se de noite, ele tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito". (Mt 2,13-14).

Nossa Senhora do Desterro

Não foi uma viagem fácil. Belém dista do delta do Nilo cerca de duzentos e cinqüenta quilômetros. Uma tradição fixa em Macarié, nas proximidades de Heliópolis, o local da permanência da Sagrada Família. Antigamente calculava-se em sete anos a duração deste exílio. Os autores modernos, porém, acreditam ter sido bem menor.

Após a morte de Herodes, São José, avisado pelo anjo, voltou à terra de Israel. Entretanto, receoso das trapaças de Arquelau, filho de Herodes, fixou-se em Nazaré, na Galiléia.

Muitas lendas se relacionam ao desterro da Virgem Santíssima no Egito, como a da tamareira, junto à qual Maria se sentara para repousar, que se inclinou para que as tâmaras ficassem ao alcance de suas mãos. Outra estória conta que a Sagrada Família foi atacada por salteadores, mas eles não lhe fizeram mal nenhum, em atenção ao pedido de um de seus companheiros, que seria mais tarde o Bom Ladrão, morto na cruz ao lado de Cristo e hoje venerado com o nome de São Dimas.

No folclore brasileiro encontramos também várias lendas sobre a viagem da Sagrada Família, o que demonstra o carinho do povo simples para com a Mãe Santíssima. Talvez elas tenham sido inspiradas pelos jesuítas, os quais por meio de estórias conseguiram gravar melhor na inteligência dos indígenas os mistérios da vida de Cristo.

Em nosso pais a devoção a Senhora do Desterro foi intensa durante o período colonial, talvez porque os portugueses, deixando a pátria, provisória ou definitivamente, para servirem na colônia de além-mar, encontrassem consolo na devoção a Virgem Exilada. Entre os templos mais antigos do Brasil temos o de Nossa Senhora do Desterro da Bahia, junto ao qual foi erguido um convento para senhoras que desejavam se afastar do mundo e dedicar-se a vida religiosa, célebre atualmente pelas suas riquíssimas alfaias; e a ermida do Rio de Janeiro, construída nos primeiros tempos da fundação da cidade. Conta-se que o historiador Padre Simão de Vasconcelos deveu a Virgem Desterrada a sua milagrosa cura. Foi aí também, junto a pequena capela carioca, na subida do morro do Desterro, que um grupo de bravos estudantes enfrentou os soldados franceses comandados por Duclerc, conseguindo derrotar os invasores. Mais tarde, no local da ermida, foi edificado o convento de Santa Teresa, das monjas carmelitas, porém sua igreja conservou a antiga devoção.

A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, chamou-se durante mais de dois séculos Vila do Desterro, pois nasceu em torno da capela construída em 1673 por Francisco Bias Velho, que morreu alguns anos depois na própria igreja que fundara, defendendo seu povo contra um ataque de piratas. Somente após a Revolta da Armada, em 1894, a cidade recebeu seu atual nome em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto. Na moderna matriz catarinense, que substituiu a velha capela da Virgem, encontra-se maravilhosa escultura em madeira de tília, em tamanho natural, de autoria dos escultores Dernetz, representando a Sagrada Família em fuga para o Egito.


Santuário de
Nossa Senhora do Desterro
Em Casa Branca, cidade paulista, existe um santuário dedicado a Virgem do Desterro, famosa pelos numerosos milagres alcançados por seu intermédio. Todos os anos grande número de devotos, provenientes de vários estados, acompanham piedosamente e em silêncio a procissão que se realiza à luz de velas, levando o andor com a bonita imagem de São José puxando o burrinho que carrega a Virgem com seu Filho ao colo.

Nossa Senhora do Desterro é muito venerada na Itália como a "Madonna degli Emigrati", sendo padroeira daqueles que foram obrigados a deixar sua pátria para se refugiarem ou a fim de procurar trabalho no estrangeiro. Ela tem sido a Mãe Amorosa para todos os que, saudosos de sua terra natal, imploram cheios de fé e de amor o auxílio da Virgem do Desterro a fim de encontrarem compreensão e simpatia na terra adotiva.

Oração à Nossa Senhora do Desterro

Ó Bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo Salvador do Mundo, Rainha do Céu e da Terra, advogada dos pecadores, auxiliadora dos cristãos, protetora dos pobres, consoladora dos tristes, amparo dos órfãos e viúvas, alívio das almas penantes, socorro dos aflitos, desterradora das indigências, das calamidades, dos inimigos corporais e espirituais, da morte cruel dos tormentos eternos, de todo bicho e animal peçonhentos, dos maus pensamentos, dos sonhos pavorosos, das cenas terríveis e visões espantosas, do rigor do dia do juízo, das pragas, dos incêndios, desastres, bruxarias e maldições, dos malfeitores, ladrões, assaltantes e assassinos. Minha amada mãe, eu prostrado agora aos vossos pés, com piedosíssimas lágrimas, cheio de arrependimento das minhas pesadas culpas, por vosso intermédio imploro perdão a Deus infinitamente bom.

Rogai ao vosso Divino Filho Jesus, por nossas famílias, para que ele desterre de nossas vidas todos estes males, nos dê perdão de nossos pecados e nos enriqueça com sua divina graça e misericórdia. Cobri-nos com o vosso manto maternal, ó divina estrela dos montes.

Desterrai de nós todos os males e maldições. Afugentai de nós a peste e os desassossegos. Possamos, por vosso intermédio, obter de Deus a cura de todas as doenças, encontrar as portas do Céu abertas e convosco ser felizes por toda a eternidade. Amém.

(Rezar 7 Pai-nossos, 7 ave-marias e 1 Credo ao Sagrado Coração de Jesus, pelas sete dores de Maria Santíssima).

Visite a Home Page do Santuário de Nossa Senhora do Desterro, em Casa Branca (SP):

Bibliografia:

Nilza Botelho Megale, "Invocações da Virgem Maria no Brasil", Ed. Vozes, 1998, pp. 180-183