Luz Amparo Cuevas Arteseros, nasceu em 13 de março de 1931 num casario chamado El
Pesebre (O Presépio), do povoado de Peñascosa, na província de Albacete, Espanha.
Era a segunda filha de um casal pobre de pastores e lavradores, Jacinto Cuevas Ruiz e
María Dolores Arteseros. A fortuna não a acompanha, pois segundo seu diretor espiritual,
o frade carmelita Alfonso Maria Lopez Sendín, Luz Amparo perdeu a mãe quando tinha um
ano e quatro meses. Ao se defrontar com a desgraça, sem saber o que fazer, o pai de
Amparo e de sua irmã mais velha, Carmem, leva as duas meninas à Casa Cuna Provincial de
albacete. ali elas ficam durante um tempo, enquanto ele se casa com Virginia, a nova mãe,
morre por sua vez no parto de seu primeiro filho, criança que, nesta torrente de
desditas, falece aos nove meses de idade na casa de uma tia paterna. No êxtase que Amparo
experimentou , muitos anos depois, em 16 de abril de 1982 na pradaria, quando ouviu a voz
do arcanjo São Miguel - a última vez, segundo lhe disse, que falava aos homens -, viu
seu irmão no céu transformado em anjo. Aos seis anos, Amparo é adotada por uma família
sem filhos de Tomelloso, a qual menos de um ano depois, tendo conseguido descendência
própria, a devolve ao pai Jacinto. No casario do Presépio, onde a estreiteza continua,
Carmen e Luz Amparo passam mais dois anos cuidando do avô pastor e de uma prima da mãe.
O pai, na época, ganha o pão trabalhando fora.
E chega o terceiro casamento de Jacinto. Bárbara, que além de sua pessoa entra na
família com mais dois filhos do casamento anterior e a forçosa mudança para La Hoz,
outro lugarejo de Albacete onde ela vivia, seria, de agora em diante, a nova mãe das duas
meninas. A vida de ambas, já em si amarga, conflui agora no relato duro de um conto de
fadas. Começa as saídas à floresta para pegar lenha ou ervas para comer; dedica-se
também à venda ambulante por esses caminhos e povoados, e não volta para casa até ter
vendido tudo. às vezes, por isso, acaba dormindo ou descansando ao relento da tempestade,
do verão ou da geada, embaixo de uma árvore ou outro abrigo. As duas irmãs mal comem.
De vez em quando, fogem de La Hoz até o presépio, onde encontram refúgio na casa da tia
Josefina. A felicidade dura pouco. Durante uma dessas escapadelas, Luz Amparo cai,
desacordada, sobre a neve gelada, em tempo de morrer congelada se não fosse achada e
reanimada por uns arrieiros. Ela tinha nove anos. É duramente castigada, trancada num
quartinho escuro, mantida a pouca farinha e pouca água. Seu pai, Jacinto, sofre com a
situação que padece suas filhas. Consegue colocar Carmen no serviço de uma fazenda, e
leva a caçula consigo para um povoado de Cuenca, onde arranjou emprego como vigia e
apontador de obras.
Durante as noites, a pequena Amparo chora a solidão e o infortúnio. Lembra-se a toda
hora da mãe. daquela que teve na terra mas não conheceu, embora saiba que está no céu,
e roga à Virgem que tenha a bondade de levá-la também. A Virgem ouve, mas não faz o
que lhe pede. Acaba aquele emprego do pai. O casal torna a reunir-se, indo morar com Luz
Amparo e seu novo irmão pequeno em outro campo de Albacete, onde continuam a existência
entre apertos e dificuldades. Nessa casa, Amparo precisa compartilhar com o irmãozinho
uma despensa que serve a ambos de cama e quarto, onde Amparo sequer consegue esticar as
pernas. Pouco depois, a vemos mais uma vez adotada por uma família de Valência, que
também a devolve, e depois, interna numa instituição gratuita de Alicante que acolhe
crianças desamparadas. aqui aprende a costurar. Após um ano de ausência, volta ao
convívio com os pais, mas logo depois a vemos em Madri, na casa da tia Antônia, na rua
Ayala. Trabalha como doméstica diarista até que, prestes a completar 26 anos de idade,
em 28 de fevereiro de 1957, casa com Nicásio Barderas Bravo, na Igreja de São Lourenço
do Escorial, onde o novo casal passa a residir e viverá até bem avançado o auge das
aparições... Terão sete filhos.
Com o nascimento de seu primeiro filho, Gabriel, Amparo adoece do coração. A doença
agrava-se; precisa repousar o quanto possível, mas deve continuar trabalhando em seu
próprio lar e para outras pessoas, pois apanha roupas em outras casas para lavá-las na
sua. Parece piada, mas seu marido, Nicasio, também se queixa de dor no peito, a doença
também se abate sobre ele. A economia doméstica vai completamente à falência. Os
Cursilhos de Cristandade ajudam, pagando o aluguel durante alguns meses; o pároco, dom
antônio, lhe fornece o leite e o pão; até onde é possível, compram fiado na mercearia
Las Casillas, e vários vizinhos e amigos, Marcelina, antônia, Matilde, Davi...
prontificam-se a ajudá-los. Nicásio recupera-se aos poucos, embora alguns anos depois
tenha uma recaída, sendo internado no hospital do tórax, do Escorial. Naqueles anos, a
prefeitura do município lhes cede em usufruto um pequena área, perto da fazenda, chamado
Prado Novo, de frexeiros e prados, que eles passam a cultivar como "família
necessitada", como outras de tamanho e condição similar. Em maio de 1970, Amparo é
operada de apendicite no Hospital Clínico de Madri, onde fora internada sofrendo de
úlcera e mais alguma coisa. E é nesse estado que segundo ela se lembra, tudo vai
começar. Após a cirurgia, de noite, vê perto da cabeceira da cama alguém que parece um
médico; tem barba e cabelo grande, olhos verdes, é algo moreno. Não lhe diz
nada. De manhã, comenta com uns estudantes de medicina a fisionomia desse doutor, e eles
lhe perguntam que a operou. Estranham a resposta dela; pedem que decline o nome do
médico. ela não sabe mas acrescenta: "Foi aquele do avental branco que
esteve aqui, esta noite." As outras companheira de quarto ficam intrigadas com a
resposta; elas não tinham visto ninguém. Todos concluem que essa visão foi provocada
pelos efeitos da anestesia.
Continuam as hemorragias no estômago, a doença no coração; não respira bem e precisam
fornecer-lhes balão de oxigênio; sofre freqüentes tonturas, em decorrência das quais
caí várias vezes; fratura os braços, a clavícula. vários médicos a atendem. Nesse
ponto, resolve viajar para Lourdes, no trem da esperança, XVI Peregrinação
presidida pelo Cardeal Tarancón, que se deu entre 18 e 22 de Junho de 1973. No trajeto de
ida ela piora; no santuário se sente morrer... e reza. Mas no último instante, e apesar
de ter ido lá para pedir sua cura, reza pelos demais. Sente a presença da Virgem e
chora; ainda não a viu. Ao regressar, no trem, olha para trás, como se despedindo. Não
houve milagre de cura, mas em sua casa no Escorial começa a sentir-se melhor dia após
dia. Não mais vomita, não precisa de oxigênio, não fica tonta, nem cai no chão. Agora
pode trabalhar normalmente; entretanto suas doenças persistem, dão fé disso os médicos
Herrero robles e Dom Salvador, bem como a dona de casa onde então servia, dona Matilde,
todos tendo visto Amparo quase morrer na ocasião. eles receiam o pior. ela invoca a
virgem do seu jeito, e contempla um fulgor bem em cima dos pés da cama. E melhora
inexplicavelmente...