Discurso de Madre Teresa de Calcutá aos políticos
americanos
Quando ela se dirigiu ao Café da Manhã Nacional
de Oração em Washington, DC, a mensagem de Madre Teresa abalou uma audiência
de políticos poderosos, inclusive o Presidente Clinton.

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Em Washington, DC, o Café da Manhã Nacional de Oração
normalmente é um acontecimento quieto, tranqüilo: uma reunião ritual
do estabelecimento político do país. Embora a grande maioria dos
participantes seja cristã, o evento é ecumênico, acolhendo membros de
qualquer crença.
Numa cidade cuja vida cotidiana é dominada pelo debate político,
este evento é ainda mais escrupulosamente apartidário. Palestrante após
palestrante cuidadosamente evita todos os assuntos controversos,
enquanto os ouvintes mostram a sua imparcialidade saudando todos os
palestrantes com o mesmo aplauso cortês.
O Café da Manhã Nacional de Oração de 4 de fevereiro de 1994,
que aconteceu no elegante Hotel Shoreham, começou da maneira habitual.
Os organizadores deram boas-vindas às centenas de participantes que
incluíam diplomatas de mais de 100 países diferentes. Foram anunciados
os membros da mesa principal, com sua distinta lista de convidados
encabeçada pelo Presidente Clinton e pelo vice-presidente Gore. Mas
logo o ânimo quieto foi quebrado pelo aparecimento da palestrante
principal da manhã: Madre Teresa de Calcutá.
Com as suas simples mas poderosas e pertinentes observações,
Madre Teresa abalou a sua audiência - e recebeu três entusiásticas
ovações - emitindo um desafio direto para os acomodados detentores do
poder em Washington.
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O texto completo de seus eletrizantes
comentários:

Por MADRE TERESA DE CALCUTÁ:
No último dia, Jesus dirá àqueles à sua direita,
"Venha, entre no Reino. Porque eu tive fome e você me deu comida, eu
estava sedento e você me deu bebida, eu estava doente e você me
visitou."
Então Jesus se voltará para aqueles à sua esquerda e dirá,
"Afaste-se de mim porque eu tive fome e você não me alimentou, eu
estava sedento e você não me deu bebida, eu estava doente e você não me
visitou."
Eles lhe perguntarão,
"Quando nós o vimos faminto, ou sedento, ou doente, e não o
ajudamos?"
E Jesus lhes responderá,
"Tudo que você deixou de fazer ao menor destes, você deixou de fazer
a mim!"
Uma vez que nós nos reunimos aqui para rezar juntos, eu penso que será
bonito se nós começarmos com uma oração que expressa muito bem o que Jesus
quer que nós façamos para os menores. São Francisco de Assis entendeu muito
bem estas palavras de Jesus e a sua vida é muito bem expressada por uma oração.
E esta oração que nós rezamos diariamente depois da Santa Comunhão, sempre
me surpreende muito, porque é muito adequada para cada um de nós. E eu sempre
imagino se há oitocentos anos atrás quando São Francisco viveu, eles tinham
as mesmas dificuldades que nós temos hoje. Eu acho que alguns de vocês já têm
esta oração de paz, assim nós iremos rezá-la juntos.
Senhor,
Fazei de mim um instrumento de Vossa paz!
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erros, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado...
Pois é dando que se recebe;
é perdoando que se é perdoado;
e é morrendo que se vive
para a Vida Eterna.
Amém.
Demos graças a Deus pela oportunidade que ele nos deu hoje de ter vindo aqui
para rezar juntos. Nós viemos aqui especialmente para rezar pela paz, alegria,
e amor. Nós somos relembrados de que Jesus veio trazer a boa notícia para os
pobres. Ele nos disse o que a boa notícia é quando ele disse,
"Eu vos deixo a minha paz, eu vos dou a minha paz."
Ele não veio dar a paz do mundo, que só é que nós não incomodemos um ao
outro. Ele veio dar paz de coração que vem de amar - de fazer bem a outros.
E Deus amou tanto o mundo que deu o seu filho. Deus deu o seu filho à Virgem
Maria, e o que ela fez com ele? Assim que Jesus entrou na vida de Maria,
imediatamente ela foi às pressas anunciar esta boa notícia. E assim que ela
entrou na casa de sua prima, Isabel, a Escritura nos conta que a criança por
nascer - a criança no útero de Isabel - pulou de alegria. Enquanto ainda no útero
de Maria, Jesus trouxe paz para João Batista, que pulou de alegria no útero de
Isabel.
E como se isto não fosse o bastante - como se não fosse o bastante que Deus
Filho se tornasse um de nós e trouxesse paz e alegria enquanto ainda no útero,
Jesus também morreu na Cruz para demonstrar aquele amor maior. Ele morreu por
você e por mim, e por aquele leproso e por aquele homem morrendo de fome e
aquela pessoa desnuda que jaz na rua - não só de Calcutá, mas da África, de
todos os lugares. Nossas Irmãs servem estas pessoas pobres em 105 países por
todo o mundo. Jesus insistiu que nós amemos um ao outro como ele ama a cada um
de nós. Jesus deu a sua vida para nos amar, e ele nos fala que ama a cada um de
nós. Jesus deu a sua vida para nos amar, e ele nos fala que nós também
devemos dar tudo que for necessário para fazer o bem uns aos outros. E no
Evangelho Jesus diz muito claramente, "Amai como eu vos amei".
Jesus morreu na Cruz porque isso é o que foi necessário para que ele
fizesse o bem para nós - para nos salvar de nosso egoísmo e pecado. Ele largou
tudo para fazer o desejo do Pai, para mostrar a nós que nós também devemos
estar dispostos a dar tudo para fazer a vontade de Deus, para amar uns aos
outros como ele ama a cada um de nós. Se nós não estamos dispostos a dar tudo
o que for necessário para fazer o bem uns aos outros, o pecado ainda está em nós.
É por isso que nós também temos que dar aos outros até que doa.
Amor sempre dói
Não é suficiente dizermos "eu amo a Deus". Mas eu também tenho
que amar meu próximo. São João diz que você é um mentiroso se você diz que
ama a Deus e você não ama seu próximo. Como você pode amar a Deus que você
não vê, se você não ama seu próximo que você vê, que você toca, com quem
você vive? E assim é muito importante para nós percebermos que o amor, para
ser verdadeiro, tem que doer. Eu devo estar disposta a dar tudo que for necessário
para não prejudicar outras pessoas e, de fato, para fazer o bem a elas. Isto
requer que eu esteja disposta a dar até que doa. Caso contrário, não há
nenhum verdadeiro amor em mim e eu trago injustiça, não paz, para aqueles ao
meu redor.
Doeu a Jesus nos amar. Nós fomos criados à sua imagem para coisas maiores,
para amar e ser amado. Nós temos que "nos revestir de Cristo", como a
Escritura nos fala. E assim nós fomos criados para amar como ele nos ama. Jesus
se faz o faminto, o desnudo, o sem casa, o não desejado, e ele diz, "Você
fez isto a mim". No último dia ele dirá àqueles à sua direita,
"tudo que você fez ao menor destes, você fez a mim", e ele também
dirá àqueles à sua esquerda, "tudo que você deixou de fazer para o
menor destes, você deixou de fazer a mim".
Quando ele estava morrendo na Cruz, Jesus disse "eu tenho sede".
Jesus tem sede do nosso amor, e esta é a sede de todos, tanto pobres como
ricos. Todos nós temos sede do amor dos outros, de que eles saiam do seu
caminho para evitar nos prejudicar e para fazer o bem a nós. Este é o
significado do verdadeiro amor, dar até que doa.
Eu nunca posso esquecer a experiência que eu tive visitando uma casa onde
eles mantinham todos aqueles velhos pais de filhos e filhas que tinham há pouco
os posto em uma instituição e, talvez, os esquecido. Eu vi que naquela casa
aquelas pessoas idosas tinham tudo: comida boa, lugar confortável, televisão -
tudo. Mas todo mundo estava olhando para a porta. E eu não vi nem um deles com
um sorriso na face.
Eu virei para a Irmã e perguntei, "Por que estas pessoas, que têm todo
conforto aqui - por que todos eles estão olhando para a porta? Por que eles não
estão sorrindo?" (Eu estou acostumada a ver os sorrisos em nosso povo. Até
mesmo os agonizantes sorriem.) E a Irmã disse, "Este é o modo que é,
quase todos os dias. Eles estão aguardando - eles têm esperança - que um
filho ou filha venha visitá-los. Eles sofrem porque são esquecidos."
Vejam, esta negligência para amar traz pobreza espiritual. Talvez em nossa
família nós tenhamos alguém que está se sentindo só, que está se sentindo
doente, que está preocupado. Nós estamos lá? Nós estamos dispostos a dar até
que doa, para estar com nossas famílias? Ou nós pomos nossos próprios
interesses primeiro? Estas são as perguntas que precisamos fazer a nós mesmos,
especialmente quando nós começamos este Ano da Família. Nós precisamos nos
lembrar de que o amor começa em casa, e nós também precisamos nos lembrar de
que "o futuro da humanidade passa pela família".
Eu fiquei surpresa no Ocidente por ver tantos meninos e meninas jovens dados
a drogas. E eu tentei descobrir por que. Por que é assim, quando esses no
Ocidente têm tantas coisas mais do que aqueles no Oriente? E a resposta era,
"Porque não há ninguém na família para os receber". Nossas crianças
dependem de nós para tudo: sua saúde, sua nutrição, sua segurança, seu vir
a conhecer e amar a Deus. Para tudo isto, eles olham para nós com confiança,
esperança, e expectativa. Mas freqüentemente o pai e mãe estão tão ocupados
que eles não têm tempo para suas crianças, ou talvez eles nem mesmo sejam
casados, ou desistiram do seu matrimônio. Assim as crianças vão para as ruas,
e são envolvidas nas drogas, ou em outras coisas. Nós estamos falando de amor
à criança, que é onde o amor e a paz devem começar. Estas são as coisas que
quebram a paz.
Mas eu sinto que o maior destruidor da paz hoje é o aborto, porque é uma
guerra contra a criança - um assassinato direto da criança inocente -
assassinato pela própria mãe. E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até
mesmo sua própria criança, como nós podemos dizer para outras pessoas que não
matem uns aos outros? Como nós persuadimos uma mulher a não fazer um aborto?
Como sempre, nós devemos persuadi-la com amor, e nós lembramos a nós mesmos
que amor significa estar disposto a dar até que doa. Jesus deu até a sua própria
vida para nos amar. Assim a mãe que está pensando em aborto, deveria ser
ajudada a amar - quer dizer, a dar até que fira seus planos, ou o seu tempo
livre, para respeitar a vida da sua criança. O pai daquela criança, seja quem
for, também tem que dar até que doa. Pelo aborto, a mãe não aprende amar,
mas mata até mesmo a sua própria criança para resolver os seus problemas. E
pelo aborto, é dito ao pai que ele não precisa ter responsabilidade alguma
pela criança que ele trouxe ao mundo. É provável que aquele pai coloque
outras mulheres na mesma dificuldade. Assim o aborto apenas leva a mais aborto.
Qualquer país que aceite o aborto não está ensinando as pessoas a amar, mas a
usar qualquer violência para conseguir o que eles querem. É por isso que o
maior destruidor do amor e da paz é o aborto.
Muitas pessoas são muito, muito preocupadas com as crianças da Índia, com
as crianças da África, onde muitas morrem de fome, e assim por diante. Muitas
pessoas também preocupam-se com toda a violência neste grande país dos
Estados Unidos. Estas preocupações são muito boas. Mas freqüentemente estas
mesmas pessoas não se preocupam com os milhões que estão sendo mortos pela
decisão deliberada das suas próprias mães. E este é o maior destruidor da
paz hoje: o aborto, que leva as pessoas a tal cegueira.
"Eu quero esta criança!"

E por isto eu apelo na Índia e eu apelo em todos os lugares: "Deixe-nos
trazer a criança de volta". A criança é o presente de Deus à família.
Cada criança é criada à especial imagem e semelhança de Deus para coisas
maiores - amar e ser amado. Neste Ano da Família nós precisamos trazer a criança
de volta para o centro de nosso cuidado e preocupação. Este é o único modo
pelo qual o nosso mundo pode sobreviver, porque nossas crianças são a única
esperança para o futuro. À medida que as outras pessoas são chamadas para
Deus, só as suas crianças podem tomar os seus lugares.
Mas o que Deus diz a nós? Ele diz, "Até mesmo se uma mãe pudesse
esquecer da sua criança, eu não o esquecerei. Eu o gravei na palma de minha mão".
Nós estamos gravados na palma da sua mão; aquela criança por nascer foi
esculpida na mão de Deus desde a concepção, e é chamada por Deus a amar e
ser amada, não só agora nesta vida, mas para sempre. Deus nunca pode se
esquecer de nós.
Eu vou contar uma coisa bonita a vocês. Nós estamos lutando contra o aborto
pela adoção - pelo cuidado à mãe e a adoção para o seu bebê. Nós
salvamos milhares de vidas. Nós avisamos as clínicas, os hospitais, e
delegacias de polícia: "Por favor não destruam a criança; nós ficaremos
com a criança". Assim nós sempre conseguimos que alguém diga às mães
em dificuldade: "Venha, nós cuidaremos de você, nós conseguiremos uma
casa para sua criança".
E nós temos uma tremenda demanda dos casais que não podem ter uma criança.
Mas eu nunca dou uma criança a um casal que fez algo para não ter uma criança.
Jesus disse, "Qualquer um que recebe uma criança em meu nome, me
recebe." Adotando uma criança, estes casais recebem Jesus, mas abortando
uma criança, um casal recusa-se a receber Jesus.

Por favor não matem a criança. Eu quero a criança. Por favor me dêem a
criança. Eu estou disposta a aceitar qualquer criança que seria abortada, e a
dar aquela criança a um casal casado que amará a criança, e será amado pela
criança. Da casa de nossas crianças em Calcutá apenas, nós salvamos mais de
3.000 crianças de abortos. Estas crianças trouxeram tal amor e alegria para os
seus pais adotivos, e cresceram tão cheias de amor e alegria! Eu sei que os
casais têm que planejar a sua família, e para isso há planejamento familiar
natural. O modo para planejar a família é planejamento familiar natural, não
contracepção. Destruindo o poder de dar vida, pela contracepção, um marido
ou esposa está fazendo algo a si mesmo. Isto dirige a
atenção para si mesmo, e assim destrói o dom de amor nele ou ela. Amando, o
marido e esposa têm que dirigir a atenção um para o outro, como acontece no
planejamento familiar natural, e não para si mesmos, como acontece na contracepção.
Uma vez que aquele amor vivo é destruído pela contracepção, o aborto segue
muito facilmente.
A grandeza do pobre
Eu também sei que há grandes problemas no mundo - que muitos cônjuges não
amam um ao outro o bastante para praticar planejamento familiar natural. Nós não
podemos resolver todos os problemas no mundo, mas nunca tragamos o pior problema
de todos, que é destruir o amor. Isto é o que acontece quando nós dizemos
para as pessoas que pratiquem contracepção e aborto.
Os pobres são pessoas muito grandes. Eles podem nos ensinar tantas coisas
bonitas. Uma vez um deles veio nos agradecer por ensinar a eles planejamento
familiar natural, e disse: "Vocês - que praticaram castidade - vocês são
as pessoas mais indicadas para nos ensinar planejamento familiar natural, porque
não é nada além de autocontrole por amor um ao outro." E o que esta
pessoa pobre disse é bem verdade. Estas pessoas pobres talvez não tenham nada
para comer, talvez elas não tenham uma casa para viver, mas eles ainda podem
ser grandes pessoas quando eles são espiritualmente ricos. Aqueles que são
materialmente pobres podem ser pessoas maravilhosas. Uma noite nós saímos e
recolhemos quatro pessoas da rua. E um deles estava em uma condição bem terrível.
Eu disse às Irmãs: "Vocês tomem conta dos outros três; eu cuidarei do
que parece pior." Assim eu fiz por ela tudo aquilo que meu amor pode fazer.
Eu a pus na cama, e havia um belo sorriso na sua face. Ela pegou minha mão, e
ela só disse uma coisa: "Obrigado". Então ela morreu.
Eu não pude evitar examinar minha consciência diante dela. Eu perguntei,
"O que eu diria se estivesse em seu lugar?" E minha resposta foi muito
simples. Eu teria tentado chamar um pouco de atenção para mim. Eu teria dito,
"Eu tenho fome, eu estou morrendo, eu estou com frio, eu estou com
dor", ou algo assim. Mas ela me deu muito mais - ela me deu o seu amor
agradecido. E ela morreu com um sorriso em sua face.
E havia o homem que nós apanhamos da sarjeta, meio comido pelos vermes. E
depois que nós o trouxemos para casa, ele só disse, "Eu tenho vivido como
um animal na rua, mas eu vou morrer como um anjo, amado e cuidado." Então,
depois que nós removemos todos os vermes deste corpo, tudo o que ele disse -
com um grande sorriso - foi: "Irmã, eu vou para casa para Deus." E
ele morreu. Era tão maravilhoso ver a grandeza daquele homem, que podia falar
assim sem culpar qualquer pessoa, sem comparar nada. Como um anjo - esta é a
grandeza das pessoas que são espiritualmente ricas, até mesmo quando eles são
materialmente pobres.
Um sinal de cuidado
Nós não somos assistentes sociais. Nós podemos estar fazendo trabalho
social aos olhos de algumas pessoas, mas nós devemos ser contemplativas no meio
do mundo. Porque nós temos que trazer aquela presença de Deus para dentro de
sua família, porque a família que reza unida, permanece unida. Há tanto ódio,
tanta miséria, e nós com nossa oração, com nosso sacrifício, estamos começando
em casa. O amor começa em casa, e não importa o quanto fazemos, mas quanto
amor nós colocamos naquilo que fazemos.
Se nós somos contemplativas no meio do mundo com todos seus problemas, estes
problemas nunca podem nos desencorajar. Nós devemos sempre nos lembrar do que
Deus nos diz na Escritura: Até mesmo se a mãe pudesse esquecer da criança em
seu útero - algo que é impossível, mas até mesmo se ela pudesse esquecer -
eu nunca o esquecerei. E assim aqui estou eu falando com vocês. Eu quero que
vocês achem os pobres aqui, bem em sua própria casa primeiro. E comecem o amor
lá. Levem a boa notícia ao seu próprio povo primeiro. E descubram sobre seus
vizinhos de porta. Vocês sabem quem eles são?
Eu tive a experiência mais extraordinária de amor a um vizinho de uma família
hindu. Um cavalheiro veio para nossa casa e disse, "Madre Teresa, há uma
família que não tem comido por muito tempo. Faça algo." Então eu peguei
um pouco de arroz e fui lá imediatamente. E eu vi as crianças, os seus olhos
brilhando com fome. (Eu não sei se vocês alguma vez viram fome, mas eu tenho
visto muito freqüentemente.) E a mãe da família pegou o arroz que eu lhe dei,
e saiu. Quando ela voltou, eu lhe perguntei, "Onde você foi? O que você
fez?" E ela me deu uma resposta muito simples: "Eles também têm
fome." O que me abalou era que ela sabia. E quem eram "eles"? Uma
família muçulmana. E ela sabia. Eu não trouxe mais nenhum arroz naquela
noite, porque eu quis que eles - hindus e muçulmanos - desfrutassem a alegria
de compartilhar.
Mas havia essas crianças irradiando alegria, compartilhando a alegria e paz
com a sua mãe porque ela teve o amor para dar até que doesse. E vocês vêem
que é aí que o amor começa: em casa na família. Deus nunca se esquecerá de
nós, e há algo que você e eu sempre podemos fazer. Nós podemos manter a
alegria de amar Jesus em nossos corações, e compartilhar esta alegria com
todos com que nós entrarmos em contato. Que nós façamos questão de que
nenhuma criança seja indesejada, não amada, não cuidada, ou morta e jogada
fora. E que demos até que doa - com um sorriso.
Porque eu falo tanto de dar com um sorriso, uma vez um professor dos Estados
Unidos me perguntou, "Você é casada?" E eu disse, "Sim, e eu às
vezes acho muito difícil sorrir a meu cônjuge - Jesus - porque ele pode ser
muito exigente" - às vezes isto realmente é algo verdadeiro. E é aí que
o amor entra - quando é sacrificado, e ainda assim nós podemos dar com
alegria.
Um das coisas mais exigentes para mim é viajar para todos os lugares, e com
publicidade. Eu disse a Jesus que se eu não for para céu por mais nada, eu
irei para céu por todas as viagens com toda a publicidade, porque isto me tem
purificado e me sacrificado e me tornado realmente pronta para ir para céu. Se
nós nos lembrarmos de que Deus nos ama, e de que nós podemos amar aos outros
como ele nos ama, então a América pode se tornar um sinal de paz para o mundo.
Daqui, um sinal de cuidado para com o mais fraco dos fracos - a criança por
nascer - tem que partir para o mundo. Se vocês se tornarem uma luz ardente de
justiça e paz no mundo, então realmente vocês serão fiéis ao que os
fundadores deste país defendiam. Deus os abençoe!
Original em inglês: Mother
Teresa's 1994 Address to the National Prayer Breakfast
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