PENSAMENTOS E FRASES
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"Se Deus se fez homem, muita coisa há ainda a mudar: em mim, em ti, no mundo"
Nuno Brás
"Sabemos que Caim, por exemplo, já nos alvores da humanidade - é a primeira carta de João que o lembra, nos alvores do cristianismo - e segundo reza o mito bíblico do Génesis (4, 1-16), também invocava Deus, cumpria com todos os ritos religiosos, frequentava regularmente a liturgia da época. Isso porém não o impediu de, na maior das calmas, e com a mais sossegada das consciências, matar o irmão Abel. O Deus que invocava e cultuava e ao qual, generosamente, oferecia as prímicias das suas colheitas, não era incompatível com uma acção fraticidade. (...)
A narrativa foi escrita, não como um conto para nos distrair, mas para nos edificar. Para nos alertar. Para nos ajudar a discernir. Para nos revelar que não basta admitir a existência de Deus, ser deísta, ser religioso, frequentar actos de culto, a horas certas e locais tidos como sagrados, para sermos, automaticamente, homens e mulheres humanizados, fraternos, numa palavra, cristãos. Podemos fazer tudo isso e muito mais, por exemplo, contribuir com chorudas ofertas para a construção de templos e santuários, fazer difíceis e dolorosas promessas e cumpri-las escrupulosamente, manter até um bom entendimento com os sacerdotes de alguma das múltiplas religiões que por aí existem e, ao mesmo tempo, alimentar sentimentos de ódio e vingança, de ciúme e de morte contra o outro e os outros. Pior ainda, podemos até passar a vias de facto e matar o outro, matar os outros, os "inimigos", os que não pensam como nós, os que não são da nossa religião, nem aceitam fazer o nosso jogo. E tudo isto, sem chegarmos a perder a tranquilidade de consciência. Pelo contrário, como todo o ar de quem cumpre um dever, de quem pensa que, assim, é que está a ser religioso
Escrever e dizer estas coisas pode ser eventualmente chocante para muitos e muitas crentes em Deus ou ateus, mas não devia sê-lo, pelo menos, para os cristãos e cristãs e respectivas igrejas."
Pe. Mário de Oliveira - Fátima Nunca Mais
"(...) a partir de Jesus crucificado, que o Pai ressuscitou, que de facto, Deus não é, nunca foi, um realidade unívoca. Há muitos deuses. Há Deus e deuses. E há uma luta dos deuses contra Deus. Há deuses altamente perigosos, assassinos e opressores, que não estão bem sem vítimas inocentes, cujo sangue reclamam insaciavelmente. Deuses sádicos que devoram os seus adoradores, os escravizam e degradam. Numa palavra, os desumanizam e, finalmente, matam. E que assim como são, fazem ser os seus adoradores que, por isso, podem ser muito religiosos, como Caim, mas também assassinos. À imagem e semelhança dos deuses que invocam e cultuam.
E há o Deus das vítimas, Ele próprio vítima dos deuses todo-poderosos e assassinos, que ressuscitou Jesus dos mortos. Este é o Deus de Jesus e dos homens e mulheres que prosseguem a sua causa (cristãos, cristãs e outros de boa vontade), o Deus vivo que vive e faz viver, o Deus que não quer outro culto senão a promoção da vida e vida em abundância para todos, o Deus que não só não quer nem faz vítimas, como trabalha sempre para as tirar da cruz, o Deus que está presente e se manifesta no olhar e no corpo das vítimas da história, a partir das quais lança aquela mais perturbante e desafiadora pergunta, também a mais potencialmente criadora de fraternidade, dirigida a todos os que O invocam como Caim, mas que, como este, matam os irmãos: "Onde está o teu irmão? Que fizeste do teu irmão?" ou esta outra, actualizadora daquela: "Porque me persegues?" (At 9, 4)"
Pe. Mário de Oliveira - Fátima Nunca Mais
"(...) Deus totalmente ocupado na libertação e salvação da humanidade e apostado em levar ao seu termo a criação do mundo, iniciada há muitos milhões de anos. Uma criação demorada, porque Ele não a quer fazer sem nós, mas connosco. E também porque respeita infinitamente a nossa liberdade. Sem jamais perder a paciência, apesar dos inúmeros disparates que cometemos contra nós próprios, contra os outros e contra a natureza que nos serve de berço. E isto, porque nos ama infinitamente. Pois nem pode fazer outra coisa."
Pe. Mário de Oliveira - Fátima Nunca Mais
"(...) Deus não mora em templos feitos pela mão do homem, mas no intimo de cada um/cada uma de nós, sempre à espera que nos decidamos a escutá-Lo, a acolhê-Lo e a atendê-Lo como filhas e filhos seus, mais do que pedir-lhe que nos escute, nos acolha e nos atenda."
Pe. Mário de Oliveira - Fátima Nunca Mais
"(...) Deus salva-nos por pura graça e não pelos nosso méritos. Como tal, não temos nada que passar a vida a tentar comprar os favores de Deus e as graças de Deus. Como se Ele fosse um negociante ou o dono duma multinacional religiosa que vende a salvação por dinheiro, ou a troco do nosso bom comportamento."
Pe. Mário de Oliveira - Fátima Nunca Mais