PENSAMENTOS E FRASES

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"O sorriso é a exprssão dos lábios, quando os olhos encontram, aquilo que o coração procura."

                                                                                                                                                                Autor Desconhecido

 

"Escuta o teu coração. (...) Ele conhece todas as coisas. (...) Porque onde ele estiver, é onde estará o teu tesouro."

                                                                                                                                                                                          Paulo Coelho - O Alquimista

 

"Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, resolveu descer à Terra e visitar um mosteiro. Orgulhosos, todos os padres fizeram uma grande fila, e cada um se apresentava diante da Virgem para prestar homenagem. Um declamou belos poemas, outro mostrou as suas iluminuras para a Bíblia, um terceiro disse o nome de todos os santos. E assim por diante, monge após monge, cada um homenageou Nossa Senhora e o Menino Jesus.

No último lugar da fila, havia um padre, o mais humilde do convento, que nunca tinha aprendido os sábios textos da época. Os seus pais eram pessoas simples, que trabalhavam num velho circo das redondezas, e tudo o que lhe tinham ensinado era a atirar bolas para o ar e a fazer alguns malabarismos.

Quando chegou a sua vez, os outros padres quiseram encerrar as suas homenagens, porque o antigo malabarista não tinha nada de importante para dizer e podia desmoralizar a imagem do convento. Entretanto, no fundo do seu coração, também ele sentia uma imensa necessidade de dar alguma coisa de si a Jesus e à Virgem.

Envergonhado, sentindo o olhar reprovador dos seus irmãos, tirou algumas laranjas do bolso e começou a atirá-las ao ar, fazendo malabarismos, que era a única coisa que sabia fazer.

Foi só nesse instante que o Menino Jesus sorriu, e começou a bater palmas no colo de Nossa Senhora. E foi para esse padre que a Virgem estendeu os braços, deixando que ele segurasse um pouco o Menino."

                                                                                                                                                                                                             Paulo Coelho - O Alquimista

 

" ¾ O que queres aqui hoje? - perguntou-lhe o deserto - Já não nos contemplámos o suficiente ontem?

¾ Nalgum ponto guardas a pessoa que eu amo - disse o rapaz - Então, quando olho as tuas areias contemplo-a também. Quero voltar para ela e preciso da tua ajuda para transformar-me em vento.

¾ O que é o Amor? - perguntou o deserto.

¾ O Amor é quando o falcão voa sobre as tuas areias. Porque para ele tu és um campo verde, e ele nunca volta sem caça. Conhece as tuas rochas, as tuas dunas, e as tuas montanhas, e tu és generoso para com ele.

¾ O bico do falcão tira pedaços de mim - disse o deserto - Durante anos cultivo a sua caça, alimento-a com a pouca água que tenho, mostro-lhe onde está a comida. E um dia, o falcão desce do céu, justamente quando eu ia sentir a carícia da caça sobre as minhas areias. Ele leva aquilo que eu criei.

¾ Mas foi para isso que tu criaste a caça - respondeu o rapaz - Para alimentar o falcão. E o Falcão alimentará o Homem. E o Homem alimentará um dia as tuas areias, onde a caça tornará a surgir. Assim se move o mundo.

¾ É isso o Amor?

¾ É isso o Amor, sim. É o que faz a caça transformar-se em falcão, o falcão em Homem e o Homem de novo em deserto. É isto que faz o chumbo transformar-se em ouro; e o ouro voltar a esconder-se sob a terra.

(...)

¾ É a isto que se chama Amor - disse o rapaz, ao ver que o vento estava quase a ceder ao seu pedido - Quando se ama é que se consegue ser qualquer coisa da Criação. Quando se ama não temos necessidade nenhuma de entender o que acontece, porque tudo passa a acontecer dentro de nós, e os homens podem transformar-se em vento.

(...)

¾ O vento disse-me que tu conheces o Amor - disse o rapaz ao Sol - Se conheces o Amor, conheces também a Alma do Mundo, que é feita de Amor.

¾ Daqui de onde estou - disse o Sol - posso ver a Alma do Mundo. Ela comunica com a minha alma, e nós, juntos, fazemos as plantas crescerem e as ovelhas caminharem em busca de sombra. Daqui de onde estou - e estou longe do mundo - aprendi a amar. Sei que, se eu me aproximar um pouco mais da Terra, tudo que está nela morrerá, e a Alma do Mundo deixará de existir. Então contemplamo-nos e queremo-nos, e eu dou-lhe vida e calor, e ela dá-me uma razão para viver.

(...)

¾ Tu és sábio porque vês tudo á distância - respondeu o rapaz - mas não conheces o Amor.

(...)

¾ E porque dizes que eu não conheço o Amor? - perguntou o Sol.

¾ Porque o Amor não é estar imóvel como o deserto, nem correr o mundo como o vento, nem ver tudo de longe, como tu. O Amor é a força que transforma e melhora a Alma do Mundo. Quando penetrei nela pela primeira vez, achei que era perfeita. Mas depois vi que era um reflexo de todas as criaturas, e tinha as suas guerras e as suas paixões. Somos nós que alimentamos a Alma do Mundo, e a terra onde vivemos será tanto melhor ou pior, quanto nós formos melhores ou piores. Aí é que entra a força do Amor, porque quando amamos, sempre desejamos ser melhores do que somos.

¾ O que queres de mim - perguntou o Sol.

¾ Que me ajudes a transformar em vento - respondeu o rapaz.

¾ A Natureza conhece-me como a mais sábia das criaturas - disse o Sol - mas não sei como te transformar em vento. (...) Conversa com a Mão que escreveu tudo.

(...)

O rapaz virou-se então para a Mão que Tudo Tinha Escrito. E ao invés de falar qualquer coisa, sentiu que o Universo ficava em silêncio, e ficou em silêncio também.

Uma força de Amor jorrou do seu coração, e o rapaz começou a rezar. Era uma oração que nunca tinha feito antes, porque era uma oração sem palavras e sem pedidos. Não estava a agradecer pelas ovelhas terem encontrado um pasto, nem a implorar para vendar mais cristais, nem a pedir para que a mulher que tinha encontrado estivesse a aguardar a sua volta. No silêncio que se seguiu, o rapaz entendeu que o deserto, o vento, e o sol também buscavam os sinais que aquela Mão tinha escrito, e procuravam cumprir os seus caminhos e entender o que estava escrito numa simples esmeralda. Sabia que aqueles sinais estavam espalhados na Terra e no Espaço, e que na sua aparência não tinham qualquer motivo ou significado, e que nem os desertos, nem os ventos, nem os sóis, e nem os homens sabiam porque tinham sido criados. Mas aquela Mão tinha um motivo para tudo isto, e só ela era capaz de operar milagres, de transformar oceanos em desertos, e homens em vento. Porque só ela entendia que um desígnio maior empurrava o Universo a um ponto onde os seis dias da criação se transformariam na Grande Obra.

E o rapaz mergulhou na Alma do Mundo, e viu que a Alma do Mundo era a parte da Alma de Deus, e viu que a alma de Deus era a sua própria alma.

(...)

                                                                                                                                                                                                             Paulo Coelho - O Alquimista

 

 

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