Alanis Morissette - Olympia - 22/10/96
O mais engraçado, antes de entrar no Olympia, foi ver a guerra das rádios. Antes a 89 tinha monopólico sobre shows de rock em São Paulo, agora a Transamérica teve o patrocínio exclusivo do show da Alanis Morissette no Brasil, alem disso a 89 tem que engolir que a Brasil 2000 era a única rádio que destribuiu ingressos após o anúncio de que estes estavam esgotados, e ainda vai patrocinar o próximo show do Sepultura. A 89 montou uma barraca em frente ao Olympia, destribuiu vários adesivos e raspadinhas que concorriam a CD’s... Concorrência é algo muito interessante... Quanto ao show eu não estava muito preocupado com a Alanis. A principal produto dela, que é a sinceridade, foi colocada à prova em um monte de entrevista e progamas por onde ela passou aqui no Brasil. Ela fez o Estúdio Ao Vivo Transamérica (em transmissão conjunta com a MTV), foi no Progama Livre, deu entrevista a tudo quanto que é veículo de comunicação interessado... enfim, uma marotona por onde passa apenas artistas brasileiros, ou quase naturalizados como Pato Banton e Gangajang. Acho que nunca um artista que arrebentando nos Estados Unidos, passou pelo Brasil no auge da fama e se submeteu a isto, provando que Alanis não é uma simples armação. A minha preocupação era mais que o público não fosse corresponder ao show. Eu previa o Olympia infestado de Mauricinhos e Patricinhas, domesticados pela MTV e que iriam só vibrar nas músicas mais conhecidas. A primeira parte eu realmente acertei, o público era na maioria “Mauricinhos e Patricinhas”. Mas deram todo o gás e não deixaram o show cair em nenhum momento, nem nas músicas novas. E quando tocava as mais conhecidas (“Hand In My Pocket” foi a primeira, no meio do show “You Oughta Know” e “Ironic”, e “You Learn” em penúltimo, a música que fechou o show foi “Your House”, a faixa fantasma do CD), o Olympia parecia que ia desmoronar. E o melhor de tudo é que tinha uma quantidade enorme de “minas”... E eu que já pensei em ir a um show do Bon Jovi para ver presença feminina no rock... Além das conhecidas, vale destacar “Head Over Feet” e a lenta “Mary Jane”, momentos realmente mágicos do show. Foi realmente um show único porque a tendência agora é uma só: Alanis deve realmente amadurecer como cantora e compositora o que pode trazer duas diferentes consequencias, totalmente imprevisíveis: consolidar e aumentar ainda mais o seu público, o que faz com que um novo show em lugar fechado aqui no Brasil seja impossível, ou cair no esquecimento por este público tão fiel a modismos, o que faz com que um próximo show não esteja tão cheio e vibrante. Ás vezes é questionado se o sucesso dela é realmente merecido, afinal ela é legal, mas nem tanto. Eu acredito se o seu talento não está a altura do sucesso, pelo menos é infinitamente maior a um monte de porcaria que vende de balde... Resta apenas torcer que o futuro lhe traga o melhor para a vida artística dela, seja ou sucesso ou não. Com o sucesso ela já provou que sabe lidar muito bem.
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