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Um dia a paraplegia me ensinou a andar sem o uso das pernas e eu comecei a perceber ainda mais que a vida é qualquer coisa importante para ser desperdiçada . Que temos de ter um cuidado a cada segundo da existência e produzir em nosso interior a fecundidade da imagem externa .
Carregar no intimo a intenção firme da busca constante do melhor e não desperdiçar os momentos fundamentais .
Dominar a primeira hipótese como se já conhecessemos as outras
esperar sempre procurando. Não avançar em demasia , nem temer o avanço .
Ocupar-se das inspirações concretas sem exageros e não esmorecer , jamais , diante da primeira desvantagem. Teimar, prosseguir , acreditar , persistir nas dificeis caminhadas , escolhendo os espaços convenientes, no tempo certo .
Abreviar as angustias , nortear o discernimento , sustentar o destemor .
Familiarizar-se com as esperas e saber tirar delas pontos de avanço.
Objetivar , antes de tudo , a tranquilidade . Acima de tudo a felicidade.
Sustentar a opinião convicta e saber demonstrá-la com altivez .
E de repente , aprendiz de tudo isso , me pego andando abobalhado por essa cidade de concreto , meio em câmera lenta , diante de um imenso oceano de amor e alegria gerado por Márcia , minha mulher , e que agora inunda nossas vidas . Olho para nossa filha Marina , doce , delicada e linda , e mais me apaixono pela vida e pela mulher que tenho .
Jamais pensei que momentos tão sublimes , mais sublimes do que todos , ainda poderiam estar reservados a tantos que tenho convivido nessa contínua evolução de minha estrutura humana.
E você , Márcia , é o estímulo mais intenso nessa minha caminhada .
Amo você .

João Carlos Pecci


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