Brasil faz 1o transplante de intestino
Equipe da Santa Casa de São Paulo pôs intestino novo em criança. É uma esperança para pessoas com insuficiência
Graves problemas intestinais - como de encurtamento, má-formação e falta de absorção - agora têm cura. Após 31 anos fora de uso, por falta de drogas eficazes contra rejeição, foi realizado, com sucesso, anteontem, o primeiro transplante de intestino em crianças. "Esta operação marca também o começo de uma nova era de transplantados com menor possibilidade de rejeição", conta o diretor do Programa de Transplante de Fígado e Intestino da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Maurício Iasi.
Segundo Iasi, o primeiro transplante de intestino delgado foi realizado em 1968, porém, por falta de drogas que impedissem a rejeição, o paciente morreu. No ano seguinte, os transplantes foram proibidos. "Durante todo esse tempo, pacientes com insuficiência intestinal acabavam morrendo, pois não havia cura." Ele explica que o intestino é um órgão vital e que seu mau funcionamento debilita o organismo e o expõe a infecções viscerais.
A transplantada foi uma criança de 2 anos e 8 meses que há nove meses perdeu o intestino por falta de circulação - resultado de má-formação do órgão. "O Brasil é um país pioneiro em transplantes. No mundo, foram realizadas apenas 400 cirurgias deste tipo."
O doador foi outra criança, pois o intestino transplantado deve ter o peso e tamanho parecido com o do receptor.
Oito horas Após escutar durante meses que sua filha sofria apenas de prisão de ventre, a dona de casa Alexandra Fernandes, de 24 anos, só descobriu a doença quando sua filha teve de ser internada. "Espero que o transplante de minha filha sirva de exemplo para muitos outros", diz. "Graças a Deus, agora está tudo bem."
A operação durou oito horas e foi feita por 15 profissionais. "É uma cirurgia muito complexa", afirma Iasi. Ele revela que há dez anos profissionais da Santa Casa vêm se aprimorando em Pittsburg (EUA) para fazer transplante de instestino delgado. "Estima-se que cerca de cem pessoas estejam em nutrição parenteral (espécie de diálise para pacientes com insuficiência intestinal) à espera de um novo intestino em todo País.
"Estamos inaugurando uma nova era nos transplantes", afirma Iasi.
Lygia Rebello - Agencia Estado
Volta
|
(c) 2002 F. N. de Assis
|