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1-Origens

2-No Ocidente

3-Termografia

4-Teorias Prospectivas

5-Teoria Neuronal Talâmica

6-Teoria morfogênica

7-Teoria Informacional

8-Propriedades elétricas dos Meridianos

9-Propriedades Acústicas dos Meridianos

10-Linhas de Pesquisa em Meridianos

11-Explorações neurofisiológicas

12-Explorações funcionais

2

13-Estudos Morfológicos

14-Dados microscópicos

15-Dados macroscópicos

16-Conclusões atuais

17-Conclusão

18-Cintilografia

19-Bibliografia

Introdução

Um dos pilares da Medicina Tradicional Chinesa, o conceito de Meridiano ainda apresenta alguns aspectos obscuros. Desde a segunda década do século XX, diversas linhas diferentes de pesquisa foram entabuladas com o objetivo de verificar a realidade biológica dos Meridianos, suas ações fisiológicas e seus efeitos terapêuticos.

As tentativas de encontrar estruturas anatômicas específicas nas regiões mapeadas foram infrutíferas. Alguns pesquisadores procuraram relações entre os meridianos e estruturas anatômicas, que só correspondem a uma porção limitada do trajeto de um meridiano.

Uma evidência universalmente aceita é a da ocorrência de gradientes elétricos entre determinados pontos, propriedade esta que é diferente de outras regiões da pele. Através da cintilografia, as pesquisas têm revelado uma distribuição de radio-isótopos ao longo de trajetos coincidentes com os meridianos.

Está em quase toda a literatura o conceito de Meridiano como linhas do corpo por onde flui energia. O uso deste conceito, e o de "energia" como uma substância circulante são obstáculos para a aceitação universal da teoria dos Meridianos.

Entretanto, evidências clínicas e experimentais têm comprovado a eficácia terapêutica dos pontos escolhidos segundo um raciocínio baseado na teoria dos Meridianos. Novas teorias têm sido propostas, relacionando Meridianos com as estruturas embrionárias organizativas, e com cadeias neuronais do SNC. Outra, aqui apresentada, propõe que os Meridianos representam um fluxograma, o desenho dos trajetos de menor impedância elétrica na Rede Neural, preferenciais para o fluxo de Informações.

História

Origens

Admite-se que a formação da Teoria dos Meridianos ocorreu entre os séculos 8o ao 3o a.C. Entretanto, a referência escrita mais antiga aparece nos textos Zubei shiyi mai jiu jing e Yinyang shiyi mai jiu jing, descobertos em Ma Wang Dui (2). Os documentos, de cerca de 100 a.C., se referem a onze Meridianos, correspondentes aos Wu Zang Liu Fu (Cinco Órgãos e Seis Vísceras). No clássico Huang Di Nei Jing So Wen, ao qual Joseph Needham (3) se refere como um monumento histórico (traduz como "O Manual da Medicina do Imperador Amarelo"), aparece outra descrição dos Meridianos.

O Nei Jing, um marco na formação da Teoria dos Meridianos, estava pronto na Dinastia Han do Leste - 25 - 220 d.C. (4). Atribui-se ao tratado uma origem muito antiga, puramente lendária, já que o Imperador Amarelo teria vivido entre 2797 e 2696 a.C. A estrutura do livro é de diálogo, entre o Imperador e os mestres Qi Po, Lei Gong, Iu Fou, Po Gao e Chao Iu. Na verdade a obra foi escrita a partir da reunião de manuscritos médicos provenientes de diversas escolas. A edição mais utilizada hoje é a versão comentada por Wang Bing em 762 e atualizada por Lin Yi quatro séculos depois.

No Nei Jing se lê que "Jing Luo são linhas do corpo por onde fluem Qi e Xue". No Nei Jing os Meridianos são divididos morfologicamente em dois grupos - Jing e Luo, e funcionalmente a eles é atribuída a capacidade de promover Qi e Xue (Sangue), para reagir às doenças e resistir aos vários agentes patogênicos. O período Han é considerado "a idade do ouro da Acupuntura" (5). Nos períodos subseqüentes, Dinastias Jin, Sui e Yuan foram escritos tratados que fizeram evoluir a teoria. Na Dinastia Ming, Yang Jizhou escreveu o Zhen Jiu Da Cheng, em que expõe a teoria dos meridianos da forma adotada hoje.

Guan Hanheng, He Zhiming, Hu Haitian, 1979 (6), escreveram: "Para posteriores investigações nos princípios básicos da teoria da Acupuntura a da Anestesia por Acupuntura assim como da essência dos meridianos, é de grande significância traçar a origem e a história da teoria dos canais e estudar sua formação e desenvolvimento". Dizem eles que "A descoberta dos canais se originou da prática. O curso evolutivo do ponto ao canal foi o seguinte: Primeiros, cauterizar a ferida; segundo, testar o ponto com ponta de peda afiada e cauterizar; terceiro, determinação da localização do ponto e seu nome (descoberta do ponto); e quarto, dos pontos às linhas que se combinam para formar canais que reúnem pontos de funções similares (formação dos doze meridianos)".

Para Meng Zhaowei, 1979 (7), os dois aspectos Qi e Xue, parecem representar nervos e vasos sangüíneos. Segundo ele, "A opinião tradicional é que os canais se formaram a partir da descoberta dos pontos, e que se constituem da conexão entre os pontos. Quer dizer - pontos primeiro, canais depois. Entretanto, depois das descobertas arqueológicas do distrito de Ma Wang Dui (material de 2.100 anos, da época da Dinastia Han Ocidental e antes do período do Nei Jing), este antigo ponto de vista ficou superado. Assim, os canais vieram primeiro, e depois se desenvolveram em pontos. Estavam registradas as bases clínicas dos canais, parecendo que se construíram sobre os relatos dos pacientes, que descreviam linhas de sensação propagada, e que a teoria dos canais é anterior à teoria das vísceras, já que não havia textos coordenando canais e vísceras. A atual teoria dos canais foi inteiramente estabelecida no Nei Jing. Compõem-se de dois aspectos: Qi e Xue, o que parece representar nervos e vasos sangüíneos. A determinação acurada do período do Nei Jing revelaria o período de estabelecimento da teoria dos canais. Tradicionalmente, há uma concordância em que o período do Nei Jing é o de "Primavera e Outono" e dos "Reinos Combatentes", que correspondem a cerca de 500 a.C. Foram feitos acréscimos nos anos e períodos seguintes. O Nei Jing foi finalmente escrito na Dinastia Han do Leste (25-220 d.C.)".

No Ocidente

As notícias sobre a Medicina Tradicional Chinesa vêm chegando ao Ocidente desde o século XVI, nas cartas dos primeiros europeus a atingir a China por via marítima.

Já em 1671, em Grenoble (8), Harvieu publicou a obra Os segredos da Medicina dos chineses, consistindo no perfeito conhecimento do pulso. Specimen Medicinae Sinicae - De Acupunctura é o título do livro de Andreas Cleyer, padre da Missão Jesuítica Francesa de Pequim (9), publicado em Frankfurt, em 1682. No ano seguinte, em Londres, Wilhelm Ten Rhyne publicou o Dissertatio de arthritide. Mantissa schematica. De Acupuntura. Clavis Medica ad Chinarum doctrinam de pulsibus, de R. P. Michaele Boymo saiu em Nüremberg, em 1686.

Em Montpellier, 1787, Josephus Diede defendeu a primeira tese sobre Acupuntu-ra na Eu-ropa - Dissertatio Medico-chi-rurgica de cu-curbitulis, moxa e Acupuntura. A pri-meira apresentada na Faculdade de Medicina de Paris é de 1813, por F- A. Lepage, intitu-lada Recherches Histo-riques sur la Médecine des Chinoises.

Em 1810, James Morss Churchill divulgou resultados da aplicação local da Acupuntura para a dor. Em 1816, o doutor Berlioz publicou o trabalho Memórias sobre as doenças crônicas, as evacuações sangüíneas e a Acupuntura. Foi ele o introdutor do uso de estímulos elétricos aplicados às agulhas de Acupuntura, além de ter criado o método elétrico de reanimação cardíaca.

A década de 20 do século XX presenciou a divulgação de textos da medicina chinesa, pela primeira vez traduzidos para língua européia, pelo cônsul da França em Shanghai, George Soulié de Morant. Tendo presenciado os bons resultados da Acupuntura numa epidemia de cólera, em comparação com os medicamentos, Morant dedicou-se ao estudo da medicina chinesa, com entusiasmo que logo se difundiu na França.

O ano de 1939 é marcado pela publicação do livro de Soulié de Morant L'Acuponcture Chinoise, uma coleção de traduções de textos chineses antigos. A partir daí foi se tornando corrente a prática da Acupuntura no Ocidente.

A respeito do conceito de Qi, inseparável do de Meridiano, Soulié de Morant escreveu: "Os Antigos, tendo constatado a existência de ‘alguma coisa’ que passa num meridiano quando um ponto é excitado, deram a este fluido, a este influxo, o nome de Qi, que nós traduzimos, na falta de melhor, pela palavra energia". "O ideograma que os Antigos inventaram é composto de elementos que representam ‘a força do vapor elevando a tampa de uma panela onde cozinha o arroz’. ".

A adoção da expressão "energia" para traduzir o conceito de Qi conduziu a lamentáveis equívocos, que ainda estão por ser sanados (ver discussão adiante).

Conceitualizar à maneira ocidental é estranho ao pensamento chinês tradicional. Nem os textos clássicos nem os modernos especulam sobre a natureza do Qi, nem tentam Conceitualizá-lo (10): Qi é percebido funcionalmente - pelo que faz. No livro "Acupuncture - A Comprehensive Text", editado em Shanghai na década de 1980, lê-se: "Qi significa uma tendência, um movimento, algo na ordem de energia. É tido como matéria sem forma".

O ideograma Qi é composto de elementos que representam o vapor se elevando a partir de um feixe de arroz. O ideograma Jing, Meridiano o mesmo usado para um "Tratado", é composto de "fio de seda", "correnteza", e "esquadro".

 

Estudos Morfológicos

Um dos tipos de estudos em que se apresentaram evidências significativas da existência dos Meridianos são os que revelam aspectos histológicos a eles relacionados.

Plummer (21) mostrou que sob o ponto de Acupuntura se encontra geralmente um orifício de passagem para um vaso e um nervo.

Para Bossy (22), os vasos e os nervos representam estruturas anatômicas importantes para a maioria dos pontos de Acupuntura.

Zhu-Z e Xu-R (23), em 1990, numa observação do número, distribuição e características dos mastócitos sob as linhas de menor impedância (Meridianos) de 19 membros amputados de pacientes portadores de osteoblastoma, demonstraram que o número de mastócitos sob os Meridianos era significativamente maior do que nas regiões controle.

Explorações funcionais

Através de explorações fisiológicas, muitas evidências foram levantadas, que comprovam os efeitos da ação terapêutica sobre os Meridianos, como os trabalhos de Cheng-L; Wu-K; Qie-Z (24), com o papel do Qi ao atingir as áreas afetadas, promovendo a circulação do sangue e removendo estases sangüíneas; ou de Tao-Z; Jin-Z; Ren-W (25), "distribuição segmentar de neurônios sensoriais dos pontos "ganshu", "pishu", "liangmen", "qimen" e a Vesícula Biliar"; ou You-Z; Hu-X; Wu-B; Zhang-W; Liang-D (26), com Observações experimentais das relações entre o Meridianos do Pericárdio e a função cardíaca.

Explorações neurofisiológicas

· Sensação Propagada ao longo dos Meridianos (PSM)

Bastante valorizados na China recentemente, a pesquisa sobre as relações entre a percepção da sensação propagada ao longo dos Meridianos e os efeitos da Acupuntura rendeu resultados positivos:

Hu-X; Wu-B; Huang-X; Xu-J; Yang-B; Gong-S; Li-B (27), propuseram em 1987 a hipótese de que a "integração da periferia com o SNC" se faria por meio de um processo substancial ao longo dos Meridianos. Mecanismos periféricos e centrais funcionaria como um todo. Sustentam que o processo substancial periférico é o fator determinante na formação da PSM.

Wu-B; Xu-J; Hu-X; Yang-B; Li-B (28), relacionaram a PSM com características funcionais do córtex cerebral, através de registros de PESM; You-Z; Hu-X; Wu-B; Zhang-W; Liang-D (29), relataram diferenças entre o tempos de aparecimento dos efeitos da Acupuntura em sujeitos com e sem PSM no ponto neiguan, mostrando que os efeitos da Acupuntura são mais acentuados naqueles que apresentam maior PSM.

· Neurofisiologia sensorial

Aspectos neurofisiológicos, como a obstrução dos efeitos da Acupuntura pela pressão exercida sobre o Meridianos foram descritos (30, 31, 32).

Quanto à analgesia por Acupuntura, muitos trabalhos foram publicados, relacionando os Meridianos com o SNC para a obtenção desses efeitos (33, 34).

Conclusões atuais

1. Nenhuma estrutura periférica pode servir de suporte estrutural para o trajeto completo de um meridiano;

2. Tudo leva a pensar que uma seqüência espacial dos centros primários cérebro-espinhais (rede de interneurônios da substância gelatinosa) é a primeira estrutura indispensável;

3. A PSM só encontra suporte no nível da área somestésica por meio de centros que apresentam organização topológica;

J. Bossy (35) sugere que devemos nos limitar a considerar atualmente os canais "como uma realidade subjetiva operacional cujo suporte periférico pode por em jogo vasos e nervos, assim como outras estruturas como as do tecido conjunti-vo, sempre considerando que a inervação destas estruturas é indispen-sá-vel à ação da Acupuntura."

Segundo Meng Zhaowei (36), "baseado em investigações extensivas atuais, os meridianos parecem ser um sistema semi-ner-voso. Possuem atividade mais baixa do que os nervos autonômicos. A velocidade da Sensa-ção Pro-pagada no Meridianos (PSM) é de 1/10 da velocidade de propagação de impulsos nos ner-vos autonômicos. A função dos meridianos é de reajustamento das funções viscerais através da superfície do corpo. Se nós dizemos que os nervos somáticos são responsáveis pelo equilíbrio rápido, como primeiro equilíbrio, os nervos autonômicos sendo responsáveis por um equilíbrio compara-tivamente lento como o segundo equilíbrio, então os meridianos seriam responsáveis por um equilíbrio ainda mais lento entre as vísceras e a superfície do corpo, sendo o terceiro equilíbrio. Os três tipos de equilíbrio são responsáveis pelo equilíbrio geral do corpo como um todo. São partes integrantes do sistema de equilíbrio na função reguladora de todo o corpo.

Teorias Prospectivas

Hipótese do substrato neuraxial da organização da rede dos Meridianos

Proposta por Jean Bossy (37), supõe que além da organização metamérica transversal, há uma organização funcional longitudinal no SNC. "Com efeito, os diferentes centros primários dos cornos dorsais são interconectados por uma rede longitudinal de interneurônios. Há portanto uma correspondência precisa ponto por ponto entre a pele e a medula espinhal." Concebe então que uma série de pontos cutâneos estão em relação estreita com uma seqüência de territórios neuraxiais. O fato de que a PSM (sensação propagada ao longo dos Meridianos) persiste nos membros amputados, e desaparece com a secção da medula, revela que o substrato da organização do Meridianos é neuraxial.

Além disso, os estudos de Werner e Whitsel (38), pelo método dos campos receptivos cutâneos, estabeleceu a existência de uma organização cortical linear superponível aos Meridianos (39): um microeletrodo progredindo longitudinalmente no córtex de macaco, revelou esta organização linear.

Teoria Neuronal Talâmica

Lee-TN (40), em 1994 apresentou a Teoria Neuronal Talâmica, "uma base teórica para o papel do SNC na causa e cura de todas as doenças. Afirma, o que é contestável, que no tálamo se apresenta uma estrutura topológica em forma de "homúnculo" (o tálamo apresenta estrutura laminar e em núcleos). Interessante notar em seu trabalho é a idéia de que "o SNC está envolvido em todos os processos patológicos", e que "o cérebro aprende a ficar doente, o que leva aos estados de doença crônica". Propõe que blocos de neurônios ao longo de uma cadeia neuronal no tálamo representam pontos de Acupuntura na periferia. Que a cadeia neuronal em si representa um Meridiano, e que Qi nada mais é que o fenômeno da neurotransmissão.

Teoria morfogênica

Um modelo foi proposto, de que os pontos de Acupuntura são centros organizadores na morfogênese (41). "No nível macroscópico, são pontos singulares (como sinks, sources) no gradiente morfogênico, no gradiente de fase e no campo eletromagnético. Meridianos são separatrizes. O padrão do campo magnético no couro cabeludo humano mapeado por SQUID (Superconducting Quantum Interference Device) (42) mostrou que o Du Mai (Vaso Governador) é uma via importante de fluxo magnético no couro cabeludo, e também uma separatriz que divide o couro cabeludo em dois domínios de diferentes direções de fluxo. Morfologicamente, o Du Mai também divide a superfície do corpo em duas partes. O ponto DM20 é um ponto singular - um sink principal no campo magnético de superfície. Este padrão é consistente com o padrão dos Meridianos, mas é diferente da distribuição de qualquer nervos, vaso, linfático no couro cabeludo. Campos elétricos e correntes intrínsecas são fatores importantes no controle do crescimento, na migração de células e na morfogênese".

O modelo que relaciona centros organizadores da morfogênese e controle do crescimento com pontos de Acupuntura, pode explicar qualitativamente a maioria dos fatos sobre o sistema de Meridianos e pontos de Acupuntura, como sua distribuição, alta condutância elétrica, resposta a estímulos não-específicos, e polaridade da estimulação elétrica. Como uma rede de singularidades em transdução de sinais, os sistema de Meridianos desempenha importante papel na regulação fisiológica e do crescimento. A alteração da atividade elétrica faz parte da transdução do sinal, e pode preceder mudanças anatômicas durante a morfogênese, assim como na patogênese. Pequenas perturbações em torno dos pontos singulares pode ter efeitos decisivos no sistema. Assim, a manipulação dos pontos de Acupuntura - os pontos singulares no sistema de transdução de sinais, pode ser um meio eficiente de diagnóstico e terapêutica. O modelo tem sido sustentado pelas pesquisas em biologia do desenvolvimento e pode ser testado por técnicas disponíveis.

Uma idéia semelhante foi apresentada por Carneiro no artigo "Sobre os Meridianos" (43) - "A fisiologia do desenvolvimento apresenta regiões embrionárias antes de aí se encontrarem células, o que fez com que se desenvolvesse na biologia uma noção semelhante ao conceito físico de campo" (44).

Teoria Informacional

Genes, e o Genótipo eram entidades abstratas, antes da década de 1950, mas mesmo assim a Genética evoluia. A descoberta dos ácidos nucléicos em 1953, por Watson e Crick, criou uma nova perspectiva, a de um substrato físico-químico para a informação armazenada e expressa pelo genoma.

A função neuronal de integração da informação, desconhecida até recentemente, levava a supor a existência de um sistema extra-físico, ou sobrenatural para a explicação dos fenômenos da Acupuntura. Mas a Medicina Tradicional Chinesa não propõe explicações sobrenaturais, oferecendo explicações fisiopatológicas que trabalham com fatos naturais.

O paradigma informacional abre novas janelas para a compreensão dos processos de regulação e controle das funções orgânicas. A noção de fluxo de informações ao longo da rede neural, e seu processamento pelos centros do sistema nervoso fornece uma outra forma de entendimento das funções de recepção de variações de parâmetros externos, e das capacidades adaptativas e de aprendizado do Sistema Nervoso Central.

O organismo está em comunicação contínua com o ambiente, cujas variações regulam a função neural. A superfície corporal oferece uma grande interface, dotada de dispositivos de entrada constituídos por células e moléculas, que fazem recepção, transdução, armazenamento e transmissão de informação. Os neurotransmissores são os principais agentes da comunicação, mas também intervém os receptores, os canais iônicos, e os próprios o padrões de impulsos.

O processamento da informação é efetuado por 100 bilhões de neurônios e cerca de 1015 conexões. Estas conexões se fazem por meio de combinações de diferentes neurotrans-missores em diferentes concentrações, e dos outros elementos envolvidos, permitindo incalculáveis possibilidades combinatórias.

Informação é regida por leis próprias, coerentes com a natureza organizacional do sistema vivo. Organização supõe neguentropia, que implica em informação. É uma das categorias fenomenológicas. Informação é o componente do sistema que lhe dá características organizativas - é o que representa a conexão, o relaciona-mento entre os componentes.

Informação está para Organização assim como Matéria e Energia, estão para Inércia e Atividade. Meridianos são um fluxograma, o desenho dos trajetos de menor impedância elétri-ca na Rede Neural - canais preferenciais para o fluxo de Informações.

O que os Meridianos representam não é fluxo de energia, e sim de infomação. O que mostram é a distribuição dos canais informacionais - os trajetos de maior declive, de maior probabilidade para o trânsito de mensagens através da Rede Neural.

O sistema dos meridianos ou canais existe num espaço fisiológico distinto, ainda não explorado, que é o do componente da regulação e do controle do organismo, o espaço da informação biológica. Os traçados dos meridianos estabelecidos na China antiga são gráficos, obtidos a partir de pressupostos da lógica binária.

Sendo o organismo como sistema aberto, efetua trocas de matéria-energia e informação com o ambiente, e como sistema auto-regulante, dispõe de entradas (input), saídas (output) e fluxo interno (throughput) de matéria-energia e de informação.

Assim, a Acupuntura não é atual só no uso de tecnologia, mas também no método, podendo ser dita minimalista, porque com mínimos estímulos, com a aplica-ção de pequenos inputs, de baixa energia, mas de grande significado informa-cional, pela especificidade, alcança grandes resultados, no sentido da normali-zação funcional, do incremento das capacidades imunitárias, auto-regenerativas e restauradoras do organismo, bem como no tratamento da dor.

O que propõe a Medicina Chinesa é ao mesmo tempo uma teoria e um programa de ação, o que permite uma compreensão ampla e profunda dos processos biológicos e uma operacionalidade, um meio de agir sobre as funções no sentido de sua normalização, sendo entretanto um vasto campo aberto à pesquisa, uma ciência em progresso, isto é, de caráter evolutivo.

"Uma vez Yang, uma vez Yin, eis o Tao." Esta frase se encontra no Hi Tseu, que se esti-ma ser o mais antigo fragmento filosófico a mencionar o Yin-Yang. A frase não deve ser entendida como se referindo ao tempo exclusivamente, podendo ser lida "Um lado Yin, um lado Yang, eis o Tao". Está no Hi Tseu a representação gráfica do Yang por uma linha contínua, e do Yin por uma linha interrompida, que vieram a fornecer ao matemático alemão do século XVI, Leibniz, inspiração para a criação da linguagem binária na Matemática, o que possibilitou o desenvolvimento da Informática.

 

 

Diagrama em que se representam as oito formas resultantes
da combinação dos dois princípios (Yang e Yin), arranjados três a três

O sistema informacional descrito pelo fluxograma dos Meridianos (fluxo de informação ao longo da rede neural) segue o padrão "do bit ao byte", i. é, do 0, 1, ou Yin, Yang, até o 000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111, que definem os oito Meridianos, dois centrais Du mai e Ren mai, e seis duplos: Tai Yang, Shao Yang, Yang Ming, Tai Yin, Shao Yin, Jue Yin.

 

Do bit ao byte

Informação, para se deslocar, necessita suportes feitos, como tudo, de matéria-energia. Por isso, também exige um gradiente para sua transmissão. Este gradiente envolve estruturas anátomo-funcionais - todas as que estão descritas como constituindo o ponto de Acupuntura, acopladas à rede neural.

A rede neural apresenta como propriedade a exis-tência de trajetos de me-nor resistência e pontos de maior condutividade elé-trica, que não poderiam ser supostos pelos anatomistas do século XIX. Sendo uma rede, permite cone-xões não-lineares. Conexões que se fazem nas linhas de declive, nas "curvas de nível" informacional.

O conjunto de pontos estimulado no ato terapêutico, deve ser então entendido como um algoritmo, indutor de mudanças fisiológicas adaptativas, que compreendem a regulação dos ritmos orgânicos, promovendo Endo-ressonância e Exo-ressonância, a normalização dos processos biológicos, e o incremento da capacidade de responder positivamente ao stress.

Conclusão

A prática clínica con-firma a exatidão das observações antigas, seja pelo relato dos pacientes das impressões percebidas, ou pela eficá-cia terapêu-tica dos pontos escolhidos segundo um raciocínio baseado na teoria dos canais.

As ferramentas conceituais fornecidas pela ciência contemporânea, como as provenientes das teorias dos sistemas, da organização e da informação biológicas, bem como os conhecimentos adquiridos com o avanço da Neurociência, aliados ao desenvolvimento de novos métodos de investigação, permitem compreender os princípios básicos da Medicina Tradicional Chinesa, sem que se necessite recorrer a conceitos obscuros, oriundos de um pensamento pré-científico.

Sabe-se que o Hoje se compreende a saúde como manutenção da homeostase. Hoje já se pode conceber a doença como desordem, ou aumento da entropia.

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35. Bossy J. op. cit.

36. Meng Zhaowei, op. cit.

37. Bossy, J. Bases Neurobiologiques des réflexothérapies, Monographies de réflexothérapie appliquée, Masson, Paris, 1983

38. Werner G., Whitsel B.L., Functional organization of the somatosensory cortex, Handbook of sensory physiology , A. Iggo, 1973, 2, 612-700

39. Bossy, J., op. cit.

40. Lee-TN, Thalamic Neuron Theory: theoretical basis for the role played by the central nervous system (CNS) in the causes and cures of all diseases, Academy of Pain Research, San Francisco, CA 94132. Med-Hypotheses. 1994 Nov; 43(5): 285-302

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43. Carneiro, N. M., Sobre os Meridianos, Revista Brasileira de Acupuntura, 3, 29-32

44. Portmann, A., Para a Filosofia do ser vivo, in A Filosofia do Século XX, Heinemann, F. org, (1963) Fund. Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1983

 

Linhas de Pesquisa em Meridianos

"The nature of meridians is under scientific scrutiny"

Hwang-YC(11)

Para Antoine Claris (12), "É preciso proceder a uma análise detalhada dos fundamentos da prática e das técnicas [da Acupuntura] para nos assegurarmos: 1. Da realidade da especificidade dos pontos e dos meridianos projetados na pele; 2. Da natureza dos fenômenos que intervém quando se efetua uma punção; 3. Da natureza dos mecanismos de ação possível nessas intervenções; 4. Das hipóteses epistemológicas que permitem pensar a Acupuntura como Ciência. Que é esta "energia" que circularia eletivamente ao longo de "meridianos"? Que faz a agulha? Todas as respostas serão boas, exceto aquela "É verdade porque funciona". Segundo ele, a existência de propriedades singulares de um ponto não prova que este ponto esteja ligado a outros de maneira lógica.

Tentativas de estabelecer correlação entre os Meridianos e estruturas anatômicas

Pesquisadores contemporâneos tentaram encontrar uma comprovação morfológica da teoria chinesa dos Meridianos. Hübotter "Die chinesische Medizin", Leipzig, 1929, procurou estabelecer uma relação entre artérias e Meridianos. Kim Bo Han, médico norte-coreano, afirmou que existiria uma rede canalicular - que coincidiria com os meridianos - por onde circularia um líquido com elevado teor de ácido desoxirribonucléico. Esta afirmação foi refutada por Kellner, histologista da Universidade de Viena que, em numerosos cortes histológicos nos lugares correspondentes aos canais e pontos chineses, não pôde demonstrar nenhum sistema canalicular especial, exceto os já conhecidos, os vasos sangüíneos e os linfáticos. A divulgação da suposta descoberta de Kim Bo Han fez com que uma comissão da Academia de Ciências da China visitasse seu laboratório em 1964, revelando o engano.

Uma relação entre vasos linfáticos e Meridianos foi proposta no National Symposium of Acupuncture, Moxibustion and Acupuncture Anaesthesia, Beijing, June, 1979.

O Professor Jean Bossy, da Universidade de Nîmes-Montpellier, propôs um Suporte nervoso periférico, publicado em "The channel network", 1984.

Sabe-se que a secção dos nervos elimina os efeitos da Acupuntura, o que sustenta a idéia de que há uma relação estreita entre os pontos de Acupuntura e o sistema nervoso. Levy e Matsumoto (1975) demonstraram que para a atuação da Acupuntura sobre a dor é necessária a integridade do sistema nervoso periférico, que recolhe os estímulos introduzidos pelas agulhas, afirmação que coincide com a de Chang e col. (1975) e Mc Leod (1974), segundo os quais a anestesia da área onde se aplicam as agulhas impede o efeito analgésico da Acupuntura.

Os pontos de Acupuntura podem ser considerados como localizações anatômicas privilegiadas no sentido de permitir comunicações e trocas entre o meio interno e o meio externo.

No Oriente o sistema de canais chamados meridianos foi comparado a um rede de irrigação transportando a água, os líquidos, fonte da vida, e os pontos seus poços (Xue), que permitem encontrar os fluidos para lhes modificar o curso ou a circulação.

Os pontos de Acupuntura não são motivo de tantas divergências quanto os Meridianos no Ocidente, porque são localizáveis, e apresentam equivalência em todos os sistemas médicos. Todos os pontos motores da eletrologia médica são pontos de Acupuntura. Da mesma forma são os pontos máximos de Head, os pontos de Weihe da Homeopatia, ou a maioria dos pontos dolorosos da semiologia moderna: pontos de Hackett, pontos viscerais, dermalgias reflexas, etc.

O diâmetro do ponto de Acupuntura varia de 1 a 5 mm, na sua "abertura" superficial. É palpável por se apresentar como concavidade.

Dados microscópicos

Uma só estrutura tissular (pele, nervo, vaso, músculo, etc.) não caracteriza o ponto. Por isso muitas pesquisas deram resultados contraditórios. Trabalhos recentes mostraram a presença de um complexo neuro-vascular não específico, e de uma transformação muito característica do tecido conjunti-vo com aumen-to de células e diminuição dos constituintes fibrosos, com aumento da trama de reticulina.

Dados macroscópicos

As relações dos pontos com estruturas macroscópicas têm sido estudadas desde a década de 1920. Já se buscaram relações dos meridianos com os vasos (Hübotter, 1929), com os músculos e os vales intermusculares (Ribet e Nessler), e com os vasos linfáticos. O que está claro é que o ponto de Acupuntura se apre-senta como um foramem, segundo proposta de Porkert (13), que qualifica os "pontos sensiti-vos" como foramen inductorius.

Demonstração dos Trajetos dos Meridianos

Cintilografia

Diversos autores publicaram trabalhos, em que se utilizou cintilografia para determinar os trajetos dos Meridianos foram publicados, e destaco alguns: Tiberiu, Ghoerghe, Popescu, 1981, Do meridians of Acupuncture exist? a radiactive tracer study of the bladder meridian; Lazorthes-Y; Esquerre-JP; Simon-J; Guiraud-G; Guiraud-R, 1990, Acupuncture meridians and radiotracers; Wu-CC; Jong-SB, 1990, Radionuclide study of acupuncture points; Kovacs-FM; Gotzens-V; Garcia-A; Garcia-F; Mufraggi-N; Prandi-D; Setoain-J; San-Roman-F, 1992, Experimental study on radioactive pathways of hypodermically injected technetium-99m.

Os resultados são parciais, pois não se obtiveram traçados do trajeto completo dos Meridianos.

Termografia

A termografia para revelar o trajeto dos Meridianos tem sido também empregada, com resultados interessantes, publicados por Borsarello, 1970, La cartographie isotherme est-elle un moyen de mettre en évidence les méridiens de l’Acupuncture Chinoise?; Lee, M. H., 1976, Liquid crystal thermography in Acupuncture therapy; Darras, Huber, 1977, Thermographie et Acupuncture; Paule, Y., 1979, Travail préliminaire sur l’objectivation d’une action vasomotrice périphérique de l’Acupuncture; Sauval P., Thierre R-A., Darras J-C., 1984, Thermographie et Acupuncture; Zhang-D; Gao-H; Wen-B; Wei-Z, 1990, Research on the acupuncture principles and meridian phenomena by means of infrared thermography; Zhang-D, 1992, Application of infrared thermography for study of acupuncture and meridians.

Propriedades Acústicas dos Meridianos

Uma abordagem relativamente nova para verificação dos trajetos dos Meridianos tem sido proposta, através do estudo da transmissão do som través destes. São apresentados como exemplos: Yu-C; Zhang-K; Lu-G; Xu-J; Xie-H; Lui-Z; Wang-Y; Zhu-J, 1994, Characteristics of acupuncture meridians and acupoints in animals; Hou-TZ; Luan-JY; Wang-JY; Li-MD, 1994, Experimental evidence of a plant meridian system: III. The sound characteristics of phylodendron (Alocasia) and effects of acupuncture on those properties.

Propriedades elétricas dos Meridianos

Já em 1955, Niboyet (14), afirmava que "Há sobre a pele trajetos de menor resistência elétrica, cujo traçado corresponde aos dos Meridianos". Em 1963: em sua Tese de doutorado, demonstrou que "Entre dois pontos de um mesmo Meridiano há um caminho de menor resistência à eletricidade".

Y. Grall (15), Argel, em 1962, estabeleceu uma correlação entre redução da resistência elétrica de pontos da pele e estados patológicos. Em 1971, propôs uma cartografia dos pontos de Acupuntura, (de baixa resistência elétrica), numa tese de doutorado.

Comunetti A, Laage S, Schiessl N, Kistler A.(16) levaram adiante estes estudos, publicados em Characterisation of human skin conductance at acupuncture points. Experientia 1995;51:328-31

O alcance e a confiabilidade dos estudos das propriedades elétricas dos pontos e Meridianos de Acupuntura têm sido discutidos, como por Hu-X; Wu-B; Xu-J; Hao-J (17), ou Zukauskas-G; Dapsys-K (18).

O Dr. Ioan Dumitrescu (19, 20), tem apresentado uma importante contribuição para o estudo das propriedades elétricas dos Meridianos, e suas pesquisas como certeza conduzirão a um avanço no estudo da Acupuntura, além de oferecerem aplicações práticas que propiciam a obtenção de resultados clínicos significativos. Especialmente nos estudos eletronográficos, em que as imagens obtidas são impressionantes.