>Segredos
>sou

Sou a que anuncia a aurora da manhã
E o sol ardente do Verão

Também sou o anjo do Outono
Que com a queda das folhas
Te quebra o coração.

Sou a Rainha sem ter o que reinar
Num Castelo que já toda a gente esqueceu

E o poeta perdido numa viela
Pintando o poema do coração que já ardeu

Até o ar que respiras é um beijo meu.


>cidade esquecida

Casas estreitas e altas
Lembravam tempos antigos.
Escolas desocupadas,mercados vazios,
Sem crianças ,sem mendigos

Praças apagadas,flores não cuidadas,
pessoas paradas...

Olhares estranhos
Pairavam no ar
Ouviam-se risos maléficos,
Vozes de alguém a chorar.

Óculos partidos num banco de jardim,
Ramos rejeitados de flor de jasmim.

Um pedaço de tule branco,
Concerteza vindo de um vestido de gala,
Bem perto de um smoking preto,
De um laço e de uma bengala.

Junto de uma árvore está esqucido um pincel,
Alguem tentou pintá-las com tintas de pastel.

Sonhar acordada com um cidade esquecida,
Temendo algum dia despertar
E dar de caras com esta visão entristecida
>a única diferente

Onde está aquele
Por quem acordo
E por quem vivo?

Onde paira aquele anjo?
Por que bandas voa ele?
Ter-se-á esquecido do mapa no paraíso
Ou perdeu-se no caminho?
Ou terá ele trocado a minha companhia
E quis ficar sozinho...?

Onde anda o meu navegador?
Que sereias escutou?
Ainda hoje espero no porto
Esse alguém que foi e não voltou.

Cruzo-me com tantas pessoas na rua...
Tanta gente!
Tenho que ser eu a única sozinha?
A única diferente?