Boletim
Médico das últimas horas de Jesus Cristo
LIVRO DO PROF. BAIMA BOLLONE
ROMA – Os evangelhos não possuem apenas um valor teológico,
mas ao narrar a paixão de Jesus, fornecem dados para "um verdadeiro
boletim médico" que nos permite de reconstruir em termos clínicos,
as últimas horas da vida de Cristo; é esta a tese que o
Professor Pierluigi Baima Bollone, diretor do Instituto de Medicina Legal
da Universidade de Torino –Itália, relata em seu último
livro, "Os últimos dias de Cristo" Em uma entrevista
ao cotidiano "Avvenire", Baima Bollone, explica de ter lido
diversas vezes os relatos dos evangelhos, - em especial o de Lucas, que
havia conhecimento médico – para poder reconstruir os sofrimentos
de Jesus, que vai da noite escura no Jardim do Getsemani até Sua
morte na cruz, afirmando que "o estudo médico legal é
completamente a favor do relato bíblico e historia dos evangelhos".
O especialista torinense reconstruiu a ficha clinica de Jesus, que desde
menino houve um "desenvolvimento normal e harmônico",
como demonstra as longas viagens que fazia junto aos seus pais, e que
ao retornar a Jerusalém, adulto, "tinha uma boa saúde,
mas estava um pouco magro", e de fato os fariseus o confundiam como
alguém que tivesse 50 anos. No horto do Getsemani, afirma Prof.
Baima Bollone, Jesus manifesta alguns dos 16 sintomas típicos da
"síndrome do pânico", que "não indica
apenas um simples estado de medo, mas um profundo resultado de vários
sofrimentos". Ao suor, junta-se o desejo de fugir, o medo de morrer,
a queda por terra e a angustia, que por fim, se transformam em suor de
gotas de sangue, das quais falam os evangelhos, tudo isto perfeitamente
explicável pela medicina como um total trabalho neurovegetativo.
Portanto diante de Caifas, a reação de Jesus, quando diz:
"tu dizes" em resposta as perguntas do sumo sacerdote, demonstra,
segundo Baima Bollone, como o interrogado "sob forte stress, tende
a declarar a sua visão dos fatos, para reabilitar-se das falsas
acusações e recuperar o senso de auto estima". A este
stress psicológico se somam às torturas físicas:
os extenuantes interrogatórios, as pancadas dos soldados, a violência
das 39 flagelações e o arrancar das vestes, que segundo
o estudioso italiano, "deve ter provocado o mesmo efeito de quando
se arranca com violência, um curativo de uma ferimento ainda aberto".
Quanto a causa final da morte de Jesus, Baima Bollone, pensa que tenha
sido provavelmente "asfixia, complicada por ataque cardíaco
terminal, e trombose coronária" ocorridas depois de poucas
horas sobre a cruz, pois "Jesus se encontrava fraco, devido as torturas
recebidas". Todos estes dados são perfeitamente compatíveis
com o que se lê nos evangelhos.
Tradução do texto: Pastor Valmir Farinelli (pastor e missionário
em Siracusa - Itália)
Boletim Médico das últimas horas de Jesus Cristo
Leia atentamente:
Relato aqui a descrição das dores de Jesus feita por um
grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet : dando a possibilidade
de compreender realmente as dores de Jesus durante a sua paixão.
"Eu sou um cirurgião, e dou aulas há algum tempo. Por
treze anos vivi em companhia de cadáveres e durante a minha carreira
estudei a fundo anatomia. Posso portanto escrever sem presunção."
01.Jesus entrou em agonia no Getsemani - escreve o evangelista Lucas –
orava mais intensamente. "E seu suor tornou-se como gotas de sangue
a escorrer pela terra". O único evangelista que relata o fato
é um médico, Lucas . E o faz com a precisão dum clínico.
O suar sangue, ou "hematidrose", é um fenômeno
raríssimo. Se produz em condições excepcionais: para
provocá-lo é necessário uma fraqueza física,
acompanhada de um abatimento moral violento causado por uma profunda emoção,
por um grande medo. O terror, o susto, a angústia terrível
de sentir-se carregando todos os pecados dos homens devem ter esmagado
Jesus. Tal tensão extrema produz o rompimento das finíssimas
veias capilares que estão sob as glândulas sudoríparas,
o sangue se mistura ao suor e se concentra sobre a pele, e então
escorre por todo o corpo até a terra.
02. Conhecemos a farsa do processo preparado pelo Sinédrio hebraico,
o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes.
Pilatos cede, e então ordena a flagelação de Jesus.
Os soldados despojam Jesus e o prendem pelo pulso a uma coluna do pátio.
A flagelação se efetua com tiras de couro múltiplas
sobre as quais são fixadas bolinhas de chumbo e de pequenos ossos.
Os carrascos devem ter sido dois, um de cada lado, e de diferente estatura.
Golpeiam com chibatadas a pele, já alterada por milhões
de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele se dilacera
e se rompe; o sangue espirra. A cada golpe Jesus reage em um sobressalto
de dor. As forças se esvaem; um suor frio lhe impregna a fronte,
a cabeça gira em uma vertigem de náusea, calafrios lhe correm
ao longo das costas. Se não estivesse preso no alto pelos pulsos,
cairia em uma poça de sangue.
03. Depois o escárnio da coroação. Com longos espinhos,
mais duros que aqueles da acácia, os algozes entrelaçam
uma espécie de capacete e o aplicam sobre a cabeça. Os espinhos
penetram no couro cabeludo fazendo-o sangrar (os cirurgiões sabem
o quanto sangra o couro cabeludo).
04. Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem dilacerado à multidão
feroz, o entrega para ser crucificado. Colocam sobre os ombros de Jesus
o grande braço horizontal da Cruz; pesa uns cinqüenta quilos.
A estaca vertical já está plantada sobre o Calvário.
Jesus caminha com os pés descalços pelas ruas de terreno
irregular, cheias de pedregulhos. Os soldados o puxam com as cordas. O
percurso, é de cerca de 600 metros. Jesus, fatigado, arrasta um
pé após o outro, freqüentemente cai sobre os joelhos.
E os ombros de Jesus estão cobertos de chagas. Quando ele cai por
terra, a viga lhe escapa, escorrega, e lhe esfola o dorso.
05. Sobre o Calvário tem início a crucificação.
Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está
colada nas chagas e tirá-la é atroz. Alguma vez vocês
tiraram uma atadura de gaze de uma grande chaga? Não sofreram vocês
mesmos esta experiência, que muitas vezes precisa de anestesia?
Podem agora vos dar conta do que se trata. Cada fio de tecido adere à
carne viva: ao levarem a túnica, se laceram as terminações
nervosas postas em descoberto pelas chagas. Os carrascos dão um
puxão violento. Como aquela dor atroz não provoca uma síncope?
O sangue começa a escorrer. Jesus é deitado de costas, as
suas chagas se incrustam de pé e pedregulhos. Depositam-no sobre
o braço horizontal da cruz. Os algozes tomam as medidas. Com uma
broca, é feito um furo na madeira para facilitar a penetração
dos pregos; horrível suplício! Os carrascos pegam um prego
(um longo prego pontudo e quadrado), o apoiam sobre o pulso de Jesus,
com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira.
Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. No mesmo instante
o seu pólice, com um movimento violento se posicionou opostamente
na palma da mão; o nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo
que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que
se difundiu pelos dedos, e espalhou-se, como uma língua de fogo,
pelos ombros, lhe atingindo o cérebro. Uma dor mais insuportável
que um homem possa provar, ou seja, aquela produzida pela lesão
dos grandes troncos nervosos. De sólido provoca uma síncope
e faz perder a consciência. Em Jesus não. Pelo menos se o
nervo tivesse sido cortado! Ao contrário (constata-se experimentalmente
com freqüência) o nervo foi destruído só em parte:
a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando
o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como
uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada
movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício
que durará três horas.
O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus,
colocando-o primeiro sentado e depois em pé; consequentemente fazendo-o
tombar para trás, o encostam na estaca vertical. Depois rapidamente
encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os
ombros da vítima esfregaram dolorosamente sobre a madeira áspera.
As pontas cortantes da grande coroa de espinhos o laceraram o crânio.
A pobre cabeça de Jesus inclinou-se para frente, uma vez que a
espessura do capacete o impedia de apoiar-se na madeira. Cada vez que
o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudíssimas.
Pregam-lhe os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebeu
desde a tarde anterior. As feições são impressas,
o vulto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta
e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe
queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Um soldado lhe estende
sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida,
em uso entre os militares. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um
estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos
dos braços se enrijecem em uma contração que vai
se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados,
os dedos se curvam. Se diria um ferido atingido de tétano, presa
de uma horrível crise que não se pode descrever. A isto
que os médicos chamam tetania, quando os sintomas se generalizam:
os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis,
em seguida aqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios.
A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra
com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o
ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático
em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho,
depois se transforma num violeta purpúreo e enfim em cianítico.
Jesus atingido pela asfixia, sufoca. Os pulmões cheios de ar não
podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos
saem fora de órbita. Que dores atrozes devem ter martelado o seu
crânio!
Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus
tomou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforçando-se
a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços.
Os músculos do tórax se distendem. A respiração
se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto
recupera a palidez inicial. Porque este esforço? Porque Jesus quer
falar: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem".
Logo em seguida o corpo começa afrouxar-se de novo, e a asfixia
recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na
cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio
o prego dos pés, inimaginável!
Enxames de moscas, grandes moscas verdes e azuis, zunem ao redor do seu
corpo; irritam sobre o seu rosto, mas ele não pode enxotá-las.
Pouco depois o céu escurece, o sol se esconde: de repente a temperatura
se abaixa. Logo serão três da tarde. Jesus luta sempre: de
vez em quando se eleve para respirar. A asfixia periódica do infeliz
que está destroçado. Uma tortura que dura três horas.
Todas as suas dores, a sede, as cãibras, a asfixia, o latejar dos
nervos medianos, lhe arrancaram um lamento: "Meu Deus, meu Deus,
porque me abandonastes?". Jesus grita: "Tudo está consumado!".
Em seguida num grande brado disse: "Pai, nas tuas mãos entrego
o meu espírito".
E morre.
"Ele fez tudo isso por amor a você! E você, o
que faz por ele?!?"
NOTICIA publicada no Jornal Italiano"La Republica" de grande
circulação na Europa – 31.05.1999 pagina 21 |