intro.gif (2169 bytes)

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.

or_bar.gif (1182 bytes)

 

MOHAMMAD, O PROFETA DE DEUS

UMA BREVE BIOGRAFIA


l_brown.gif (101 bytes)


Migraçao para Medina

A peregrinação anual à Caaba trazia a Meca pessoas de todos os lugares da Arábia.   Mohammad tentou convencer uma tribo após outra a dar-lhe abrigo e permitir-lhe cumprir sua missão de reforma. Cerca de 15 tribos se recusaram   mas ele não desistiu. Finalmente, encontrou meia dúzia de habitantes de Medina que, sendo próximos aos judeus e cristãos, tinham uma noção dos profetas e das mensagens divinas. Eles sabiam também que "o povo do livro" estava esperando a chegada de um profeta - o último confortador. Assim, aqueles homens não perderam a oportunidade e prometeram conseguir mais adeptos e a ajuda necessária em Medina. No ano seguinte, mais doze tribos   apresentaram seu compromisso de fidelidade ao Profeta e pediram que lhes mandasse um professor missionário. O trabalho  do  missionário  (mus'ab) se mostrou frutífero e acabou por levar  um contingente de 73 novos convertidos a Meca, por ocasião da peregrinação. Eles convidaram Mohammad e seus companheiros em Meca a migrar para Medina e prometeram abrigá-lo e a tratá-lo    e a seus companheiros como seus parentes. Secretamente, e em pequenos grupos, a maior parte dos muçulmanos migrou para Medina. Os pagãos de Meca confiscaram os bens dos migrantes e planejaram uma conspiração para assassinar Mohammad. Agora era impossível para ele permanecer na cidade. Vale ressaltar que, apesar dessa hostilidade dos pagãos para com o Profeta, eles tinham uma confiança ilimitada na sua probidade, tanto que alguns costumavam guardar suas economias com ele. Mohammad confiou aqueles depósitos a 'Ali, seu primo, com a orientação de devolvê-los a seus legítimos donos e em seguida deixou a cidade secretamente na companhia de seu fiel amigo Abu Bakr. Após alguns incidentes, eles conseguiram alcançar Medina a salvo. Isto aconteceu no ano de 622, que ficou conhecido como o ano da Hégira, início do calendário muçulmano.

Reorganização da comunidade

Para uma melhor adaptação dos imigrantes, Mohammad criou laços de fraternidade entre eles e os moradores da cidade. Cada imigrante ganhou uma família e esses irmãos trabalhavam juntos para ganharem o sustento e se ajudavam mutuamente.

Além disso, ele achava que o desenvolvimento do homem como um todo seria melhor alcançado se religião e política fossem partes de um todo. Para esse fim, convidou os representantes dos muçulmanos, assim como dos não muçulmanos habitantes da região, árabes, judeus, cristãos e outros, e sugeriu o estabelecimento da Cidade-estado de Medina. Dotou a cidade de uma constituição escrita - a primeira dessa espécie no mundo - na qual direitos e deveres foram definidos tanto para cidadãos como para os chefes de estado, e a habitual justiça privilegiada foi abolida. A administração da justiça tornou-se a preocupação da organização central da comunidade de cidadãos.  O documento estabelecia princípios de defesa e de política estrangeira. Reconhecia que o Profeta teria a palavra final em todas as questões divergentes e que não havia limites em seu poder de legislar. Reconhecia, também, a liberdade de religião, principalmente para os judeus, a quem o ato constitucional garantia igualdade com muçulmanos em todos os aspectos da vida.

Mohammad viajou muitas vezes com vistas a ganhar adeptos nas tribos vizinhas e assinar com elas tratados de aliança e mútua ajuda. Com a ajuda dessas tribos, ele decidiu fazer pressão econômica a Meca, que tinha confiscado os bens dos muçulmanos migrantes e também havia causado prejuízos enormes. Começaram as obstruções das caravanas a caminho de Meca, com desvio para a região de Medina. Os habitantes de Meca se irritaram, resultando uma luta sangrenta.

Luta contra a intolerância

Não contentes com a expulsão de seus compatriotas muçulmanos,   Meca enviou um ultimato a Medina, exigindo a rendição ou, pelo menos, a expulsão de Mohammad e de seus companheiros. Alguns meses mais tarde, no ano 2 da Hégira, eles mandaram um exército poderoso contra o Profeta, que os enfrentou em Badr; e os pagãos, três vezes mais numerosos do que os muçulmanos, foram derrotados. Um ano depois, eles voltaram e invadiram Medina para vingar a derrota de Badr. Após um confronto sangrento em Uhud, o inimigo se retirou, mas a questão permanecia pendente. Os mercenários do exército de Meca não queriam se arriscar ou exporem-se ao perigo.

Nesse meio tempo, os judeus de Medina começaram a fomentar a discórdia. Por ocasião da vitória    de Badr, um de seus líderes, Ka'b ibn al-Ashraf,  foi até Meca dar seu apoio aos pagãos e incitá-los à revanche. Após a batalha de Uhud, a tribo desse mesmo líder planejou matar Mohammad, sem obter   sucesso. Como punição, ele exigiu que aquela tribo abandonasse a região de Medina, levando com eles todos os seus bens e o que não puderam levar, venderam e quitaram seus débitos com os muçulmanos. Apesar  desse gesto de clemência, os exilados contataram os habitantes de Medina e as tribos do norte, sul e leste e mobilizaram ajuda militar, com o fim de invadirem a cidade. Partiram de Khaibar com forças quatro vezes mais numerosas do que aquelas empregadas em Uhud. Os muçulmanos se prepararam para o sítio, cavaram um fosso para se defenderem. Ainda que a deserção em Medina permanecesse, foi com uma diplomacia sagaz que o Profeta  conseguiu quebrar a tal aliança e os diferentes grupos se retiraram um após o outro.

Foi nessa época que as bebidas alcoólicas e o jogo foram proibidos aos muçulmanos.

A reconciliação

Mohammad tentou mais uma vez se reconciliar com Meca. A barreira imposta às caravanas que vinham do norte havia arruinado sua economia. Mohammad prometeu a eles trânsito seguro, extradição de seus fugitivos e o cumprimento de todas as condições que eles desejassem. Assim,     foi assinado o acordo de Hudaibiyah, nos subúrbios de Meca, que previa a manutenção da paz e a observância de neutralidade nos conflitos com terceiros.

Aproveitando os momentos de paz, Mohammad iniciou um programa intenso de propagação de sua religião. Enviou mensagens aos reinos de Bizâncio, Irã, Abissínia e de outros territórios. O sacerdote bizantino abraçou o Islam mas, por causa disso, foi linchado pelos cristãos. O prefeito de Ma'an (Palestina) teve o mesmo destino e foi decapitado e crucificado por ordem do imperador. Um embaixador muçulmano foi assassinado na Síria-Palestina e, ao invés de punir o culpado, o Imperador Heráclio mandou suas tropas protegê-lo contra a expedição enviada pelo Profeta (batalha de Mu'tah).

Os habitantes de Meca, esperando se aproveitarem das dificuldades dos muçulmanos, violaram os termos do tratado assinado com Mohammad. Então, chefiando um exército de muçulmanos ele surpreendeu Meca, que foi ocupada sem violência ou derramamento de sangue. Como um conquistador benevolente, ele reuniu o povo vencido, lembrou-lhes os tempos de perseguição religiosa, o confisco injusto dos bens dos que migraram para Medina, as invasões incessantes e as hostilidades sem sentido por vinte anos consecutivos. E, então, lhes perguntou: "Agora, o que vocês esperam de mim?"  Quando todos baixaram a cabeça com vergonha, ele declarou: "Que Deus os perdoe, vão em paz, vocês estão livres!" Ele sequer reivindicou a posse das propriedades dos muçulmanos, confiscadas pelos pagãos. Esta atitude produziu uma grande mudança psicológica no ânimo de todos. Quando o líder de Meca, após ouvir essa anistia geral, se dirigiu ao Profeta para declarar a aceitação do Islam, ele lhe disse: "E, por meu lado, indico você como governador de Meca!"  Sem deixar um único soldado na cidade conquistada, ele se retirou para Medina.

Logo após a ocupação de Meca, a cidade de Ta'if se mobilizou para lutar contra Mohammad.  O inimigo estava disperso no vale de Hunain, mas os muçulmanos preferiram levantar um cerco próximo  Ta'if e usar de meios pacíficos para quebrar a resistência daquela região. Menos de um ano mais tarde, uma delegação de Ta'if chegou a Medina, oferecendo a submissão. Mas, queria a isenção das preces, das taxas e do serviço militar, e a liberdade para o adultério, a fornicação e a bebida alcoólica. Queriam, ainda, a conservação do templo dedicado ao ídolo al-Lat em Ta'if. . Mohammad cedeu na isenção do pagamento de taxas e na prestação do serviço militar e acrescentou: "Vocês não precisam demolir o templo com suas próprias mãos; enviarei daqui quem faça esse serviçço e se houver qualquer consequência, por causa de suas superstições, serão eles quem sofrerão."  A conversão de Ta'if foi tão sincera que em pouco tempo eles próprios renunciaram às concessões contratadas e o Profeta indicou um coletor de impostos para a localidade.

Em todas essas "guerras" que se estenderam por um período de mais de 10 anos, os não muçulmanos perderam nos campos de batalha cerca de 250 pessoas, enquanto as perdas muçulmanas foram menores.   Durante esses 10 anos de lutas, os povos da península e das regiões sul do Iraque e da Palestina aceitaram voluntariamente o Islam. Alguns grupos de cristãos, judeus e persas permaneceram vinculados a seus credos e lhes foi garantida a liberdade de consciência assim como autonomia jurídica e jurisdicional.

No ano 10 da Hégira, quando o Profeta fez a peregrinação (hajj) a Meca, ele encontrou 140.000 muçulmanos lá, vindos de diferentes partes da Arábia, cumprindo sua obrigação religiosa. Dirigiu a eles  o seu famoso sermão, no qual fez um resumo de seus ensinamentos: "Crença em um só Deus, sem imagens ou símbolos, igualdade entre todos os crentes, sem distinção de raça ou classe, a superioridade do ser humano baseia-se unicamente na piedade, santidade de vida, propriedade e honra, abolição do juro, das vinganças e da justiçça privilegiada, melhor tratamento para as mulheres, obrigatoriedade da herança e distribuição dos bens do falecido entre os parentes próximos de ambos os sexos e eliminação da possibilidade de acumulação de riqueza nas mãos de uns poucos."

O Alcorão e a conduta do Profeta formam as bases do direito islâmico e de um código de vida para todos os aspectos da vida.

Quando ele voltou a Medina,   caiu doente e poucas semanas mais tarde morreu com a plena convicção de que tinha desempenhado a tarefa para a qual  havia sido escolhido por Deus - pregar para o mundo a mensagem divina.

Ele legou para a posteridade, uma religião de puro monoteísmo, criou um estado disciplinado e trouxe a paz ao invés da guerra de todos contra todos, estabeleceu um equilíbrio harmonioso entre o espiritual e o temporal, entre a mesquita e a cidade, deixou um novo sistema de leis, que provê uma justiça imparcial, pela qual até os chefes de estado devem se submeter e na qual a tolerância religiosa é tão grande que os habitantes não muçulmanos dos países muçulmanos usufruíram igualmente de completa autonomia cultural, jurídica e jurisdicional. Na questão dos ganhos do estado, o Alcorão fixou os princípios do orçamento e distribuição das rendas. Acima de tudo, Mohammad foi um exemplo e praticou tudo o que ele ensinou a todos.

 

Baseado em   "Introdução ao Islam", de Muhammad Hamidullah

 

 

back1.gif (279 bytes)


home.gif (396 bytes)