Lumpen III

 

Uma guitarra eléctrica (António Chaparreiro, o mentor do projecto), uma viola de arco (Ernesto Rodrigues) e um baixo eléctrico (Jorge Serigado), todos eles ligados a processadores e unidades de efeitos. Sem bateria. É isto, tecnicamente, o que encontramos neste registo ao vivo de um concerto realizado no final do ano passado no espaço Abril em Maio, em Lisboa. O que musicalmente aqui se documenta pode ser definido como algo que está entre os mais recentes Fushitsusha de Keiji Haino, uma espécie de rock essencialista em que uma explosão de harmónicos e de energia dinamita as formas e convenções do próprio género, e a electrónica microbiana e particularista apadrinhada por uns AMM. Interessado no mundo secreto dos parasitas sonoros da electricidade, o Lumpen Trio faz a decantação do rock, aproveitando apenas os seus "feedbacks", ruídos e distorções típicos mas dispensando os acordes menores e os ritmos binários (ou quaisquer outros), e diminui o seu âmbito para uma dimensão por vezes vizinha do silêncio. Resultado: uma música pequenina e extremamente frágil, uma música que obriga os seus ouvintes a debruçarem-se sobre ela, mas que, paradoxo dos paradoxos, tem a intensidade, a densidade, o vigor, a exuberância e o excesso do grindcore e do death metal. Em suma: uma autêntica surpresa... Watch out! 

Rui Eduardo Paes (JL)

Partiendo de estructuras mínimas, el trío formado por Ernesto Rodrigues, Jorge Serigado y António Chaparreiro, proponen un juego dialéctico donde los armónicos de los instrumentos se obtienen a partir del ensamblaje de sonidos próximos al silencio. El uso que Lumpen Trio hace de los  micrófonos de contacto da como resultado texturas tímbricas emparentadas con la electrónica minimal, la música contemporánea, y un tipo de rock, donde se utiliza el feedback para distorsionar los instrumentos acústicos. Se crean, de esta manera, composiciones abstractas que se transforman en combinaciones binarias cuyos elementosi nteractúan en total divergencia, tratando que prevalezca el sonido de las cuerdas amplificadas en forma de ejercicios aleatorios. En esta grabación, Lumpen Trio quieren dejar constancia del concepto de la elaboración de este disco, es lo primero que llama la atención cuando se lee en la contraportada del CD. Los títulos elegidos para cada una de las piezas hacen referencia a un concepto distinto, mediante los cuales se materializó el presente trabajo.
Utilizando un DAT portátil para el registro del sonido, la electroacústica y la electrónica interfieren en forma de alteraciones parasitarias desembocando en un rock ácido como el que pratican Keiji Haino o Fushitsusha.

Rogelio Pereira (Oro Molido)

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