HISTÓRIA

Os  habitantes originários de Paraty eram os índios Guaianá, que ocupavam a região hoje compreendida por Mangaratiba, Angra e Paraty, no Rio de Janeiro e por Cananéia, Guaratinguetá e Taubaté, em São Paulo.Uma trilha feita por  eles em época pré-cabralina, que descia o vale do Paraíba, vencia a Serra do Mar e chegava á foz do rio Paratiguaçu ( hoje Perequê- Açu ) servia para que os gentios do interior  atingissem o litoral onde pescavam, secavam e produziam farinha de um peixe abundante naquelas águas, chamado  de Pirati. Já o nome Parati, também em língua tupi, quer dizer jazida do mar, golfo, lagamar. Partindo da premissa de que os gentios usualmente batizavam locais inspirados em peculiares acidentes geográficos, descobre-se porque Parati ( o golfo ) em vez de pirati ( o peixe ) tenha permanecido como denominação do lugar, desde tempos imemoriais.

Em 1636, por conta do crescimentos populacional do núcleo, uma paratiana chamada Maria Jácome de Melo doou parte de sua sesmaria entre os rios Paratiguaçu e Patitiba para edificação de um novo povoado, exigindo , em louvor da santa de sua devoção, Nossa Senhora dos Remédios . Foi desta maneira que São Roque, orago da primeira capela construída no morro da Vila Velha quando da fundação do povoado, 16 de agosto de 1531, deixou de ser padroeiro de Paraty.

Em 1640 o núcleo se transfere do Morro da Vila Velha ( hoje Morro do Forte ) para o local compreendido pelo centro histórico, sendo que o traçado urbano definitivo foi estabelecido a partir de 1726,segundo moldes da então moderna engenharia militar, com ruas mais largas e planta baixa em forma de leque ou meia-lua. Digna de nota é a influência da Maçonaria na engenharia e arquitetura parati9enses, quer através dos símbolos maçônicos estampados á frente  de muitos sobrados, quer nas esquinas, onde três cunhais ( colunas ) em cantaria ( pedra lavrada ) formam um hipotético triângulo , símbolo maçônico  por excelência.

Não pode de deixar de ser mencionada a importância da aguardente no contexto histórico paratiano, de tão boa qualidade que acabou por ser conhecida pelo nome da cidade de onde provinha; a partir de 1700, tomar um cálice de parati era o mesmo que beber aguardente da melhor qualidade. Em meados de 1800 Paraty chegou a ter cerca de 120  engenhos funcionando, produzindo pingas de primeira linha , apreciadas no Reino e resto da Europa. A fama da pinga paratiense virou os séculos e chegou aos anos 40 do século passado , quando Carmen Miranda imortalizou o samba Camisa Listada. Hoje em dia, o Festival da Pinga , no mês de Agosto, trazendo á cidade mais de 50 mil pessoas nos três dias de festa, prova que a pinga paratiense continua famosa e vai varar outros séculos.

Fundamentados nas tradições religiosas e folclóricas, no entorno paisagístico de mata Atlântica original e na conservação do conjunto arquitetônico, os brasileiros redescobriram Paraty após a abertura da rodovia     Rio-Santos ( Br 101 ) nos anos 70, tirando a cidade do ostracismo e reabrindo sua comunicação e emissores de turistas do país, Rio e São Paulo.

Paraty é Patrimônio Histórico Nacional desde 1966 e esta pleiteando seu reconhecimento como Patrimônio Cultural da Humanidade, prêmio concedido pela Unesco, devendo figurar entre outros 18 patrimônios brasileiros como Ouro Preto, Diamantina, Congonhas, Góias Velho, São Luís e Olinda.

Destino turístico de primeira linha tanto no contexto fluminense quanto no nacional, Paraty cada dia é mais divulgada pela mídia e tem sido visitada por turistas estrangeiros, sobretudo europeus que encontram nela, ao mesmo tempo, história, cultura, folclores e ecologia.

São quase 500 anos de charme e beleza entre o mar e a montanha, desde os primórdios da colonização brasileira.

Texto - Renan Wanderley - Roteiro de Informações Paraty