Labirinto ou não foi nada
Talvez
houvesse uma flor
aberta na tua mão
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.
É
tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!
Talvez
houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.
É
tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.
Tens
agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.
David Mourão-Ferreira