NÚCLEO MUSEOLÓGICO A CIDADE DO AÇÚCAR
1 - JOÃO ESMERALDO: O HOMEM E A CASA
Jennin
Esmenault trabalhou para a Companhia Despars, estando autorizado a vender
algumas caixas de açúcar por sua conta, sendo provável que desde 1484 viesse à
Madeira. Nessa época era já associado de Gautier Despars, sendo o seu
representante em Lisboa.
Casou
com Joanna Gonçalves da Câmara, nascendo desse matrimónio João. Do segundo
casamento, com Águeda Abreu, nasceu Cristóvão, cujo nome alguns sugerem ter
sido adoptado como homenagem ao ilustre hóspede que na sua casa pernoitou
aquando da sua passagem pela Madeira, a caminho da América.
Compra,
na década de noventa, a Rui Gonçalves da Câmara, a Lombada da Ponta de Sol.
Nesse rico Canavial, onde hoje ainda existe o Solar dos Esmeraldos,
trabalhariam oitenta escravos.
Adquiriu
também, propriedades no Funchal, junto à Rua que tomou o seu nome, onde
construiu casas.
Morreu a 19 de Junho de 1536.
NÚCLEO MUSEOLÓGICO
A CIDADE DO AÇÚCAR
Na casa
que pode ser apreciada na fotografia exposta, em grande plano, na entrada do
Museu são evidentes, corpos distintos, com janelas desencontradas. Tal sugere
que houve sucessivos acrescentos, não havendo um plano pré determinado de
construção.
O
primeiro corpo apresenta a famosa janela - que muitos confundem com uma que
está exposta na Quinta das Cruzes. É uma janela geminada com influências
mudejares com corte em V. Nela se inscreveu a data de 1495. Indicará essa data
o momento da construção da janela, da edificação da casa ou de obras de
remodelação?
É
provável que nela se tenha hospedado o descobridor da América, a caminho da sua
terceira viagem às Antilhas, em 1498.
Não
obstante, foi demolida a 5 de Fevereiro de 1877, para permitir a abertura de
uma artéria que ligava a Rua do Esmeraldo à Rua do Sabão.
Na
véspera da sua destruição, J. F. Camacho fotografou-a.
As
cinco fotografias existentes revelam-nos que a fachada da casa estaria voltada
para a rua do Esmeraldo e as traseiras - constituídas por quintais e zonas de
serviço - para a Rua do Sabão.
O
Rés-do-chão corresponderia às Lojas; o segundo piso à zona de habitação.
Foi a
polémica acerca da propriedade desta casa (que a tradição atribuía a Colombo),
a proximidade das comemorações dos 500 anos da descoberta da América e, ainda,
a urgência de intervenção no quarteirão da cidade extremamente degradado -
onde se inseria a Casa, que estimularam a intervenção arqueológica de 1989.
Foi então posto a
descoberto o poço da Casa do Esmeraldo, actualmente incorporado no espaço deste
Museu. Nele se encontrou grande parte do acervo arqueológico exposto numa das
salas deste Núcleo Museológico.