HENRIQUE ALEMÃO OU LADISLAU III

 

 A Lenda...

 

 

No séc. XV viveu um jovem, chamado Ladislau, que era rei da Polónia e Hungria. Ora, pouco depois de iniciado o seu reinado, este jovem ainda inexperiente nas artes da guerra e da política, não seguiu os conselhos prudentes dos mais velhos e violou um acordo de paz, levando o seu país à guerra com os  Turcos.

 

Em 1444, na Batalha de Varna, foi mais uma vez imprudente e avançou prematuramente contra os Turcos, mais fortes e bem preparados. Ao dar o sinal para o ataque, Ladislau arrastou o seu exército para uma derrota terrível. (Um pouco como veio a suceder em 1578 ao nosso também jovem e imprudente Rei D. Sebastião, em Alcácer-Quibir). Ladislau desapareceu... O seu corpo nunca foi encontrado. Não há notícias nem da sua morte nem do seu enterro...

 

Na Polónia, por muitos anos, circularam rumores  de que o rei estava vivo e não tinha morrido em Varna.

 

Dez anos depois da batalha, apareceu na Madeira o misterioso cavaleiro de Santa Catarina do Monte Sinai, com o nome de Henrique Alemão. O capitão Gonçalves Zarco tratava-o com todas as honrarias devidas a um príncipe soberano, com deferências especiais só devidas a cabeças reinantes. Quando o cavaleiro casou com Senhorinha Annes, senhora de uma das famílias mais nobres, o Rei de Portugal, D. Afonso V, foi o seu padrinho de casamento...

 

Certa vez, frades franciscanos polacos em visita à ilha reconheceram no cavaleiro de Santa Catarina o seu rei e, numa língua desconhecida dos madeirenses que testemunharam este encontro, pediram-lhe que regressasse à pátria. Claro que houve falatório... Em consequência, o rei de Portugal chamou o cavaleiro ao  Algarve, mas nada se soube da conversa tida. E foi ao regressar do Algarve que o cavaleiro de Santa Catarina, Henrique Alemão/Ladislau III (?) encontrou a sua trágica morte, quando a sua barca foi atingida por uma quebrada no Cabo Girão...

 

Misteriosamente, uma superstição lembrada pelo Conde DraKul (Drácula), aliado da Polónia contra os contra os Turcos, antes da batalha encaixa-se na história: uma profetisa afirmara que o Príncipe (Ladislau) “se escapa à guerra morrerá de morte inglória”. Por outro lado, Amurat II, chefe Turco, nunca perdoou a traição de Ladislau ao acordo que ambos assinaram; no final da batalha de Varna, não se contentou com a vitória absoluta e lançou sobre ele uma maldição:

        

         “Que o castigo do traidor vá, se a tiver, até a sua descendência”. – E o filho e herdeiro de Henrique Alemão também morreu tragicamente, no mar, quando, ao que se diz, se dirigia à Polónia à procura de respostas para algumas dúvidas acerca da sua linhagem...

 

Bom, e ainda há um pequeno, mas misterioso, quadro flamengo que pertencia à Igreja da Madalena do Mar e que representa o Encontro de S. Joaquim com Santa Ana,  cujas figuras, diz a tradição, são na verdade os retratos de Henrique Alemão e Senhorinha Annes, sua esposa, os fundadores da Igreja de St.ª Maria Madalena e compradores do quadro que quiseram figurar na pintura, como acontecia muitas vezes com os doadores na época. 

 

Aqueles que gostam de mistérios e lendas, observam todos os pormenores deste pequeno quadro e verificam que a bolsa e o punhal que ornamentam a figura de S. Joaquim/Henrique Alemão, são símbolos da realeza..., logo aquela figura será a representação de alguém de sangue real; ou seja, Henrique Alemão seria Ladislau III que recusou sempre ser identificado e reconhecido, por ter feito voto de sobriedade e de vida simples.  Ou, como dizem outros, para expiação dos seus pecados e da sua culpa pela morte de tantos dos seus companheiros e compatriotas, para obter o perdão da  soberba e do orgulho,  que o arrastaram mais aos seus para a derrota em Varna, ano de 1444....

 

O certo é que até hoje nunca se encontrou qualquer documento que prove ou negue de forma definitiva esta versão. E a lenda permanece...