Os Espetáculos - Tertuliano
Tertuliano nos traz uma reflexão profunda sobre a posição do cristão no mundo. Neste documento, ele demonstra grande autoridade ao combater a atitude cristã de participação com o mundo, dos espetáculos que normalmente tinham a morte de pessoas como maior atração.
Capítulo I
Vós, servos de Deus, prestes a vos achegar a Deus, sejam solenemente consagrados a Ele, e busqueis diligentemente compreender a condição da fé, os fundamentos da Verdade, as leis da Disciplina Cristã, a qual proíbe, entre outros pecados do mundo, os prazeres dos espetáculos públicos.
Vós que já testificastes e testemunhastes que assim já fizeram, de novo analisem a questão, para que não haja pecado por ignorância real ou proposital. Este é o poder dos prazeres mundanos, que, continuando a fazer parte deles, tramem em se delongar em sua embriaguez, e seduzam o conhecimento para participar da desonestidade.
A essa coisas, talvez, alguns de vós foram persuadidos pelo pensar dos gentios que nesta questão costumam pressionar-nos com seus argumentos, tais como este: Que os deliciosos prazeres dos ouvidos e dos olhos são externos ao corpo e não se opõem à religião da consciência, e Que certamente não há ofensa a Deus no divertimento humano, em nenhum dos nossos prazeres, dos quais não se constitui pecado participar em seu próprio tempo e lugar, com toda reverência e dignidade devida a Ele.
Entretanto, é exatamente isto que estamos prestes a provar. Que essas coisas não são coerentes com a verdadeira religião e verdadeira obediência ao verdadeiro Deus. Há alguns que imaginam que os cristãos, um tipo de povo que está sempre pronto a morrer, são educados para a abstinência que praticam, com nenhum outro objetivo senão o de tornar menos difícil o desprezo pela vida, sendo suas ligações com ela assim rompidas. Eles a consideram uma arte de apagar todo desejo que, a esse respeito, eles se esvaziaram de tudo que é desejável; e, assim, pensa-se que se trate de uma arte humana de planejar e prever, mais do que claramente um mandamento divino. Foi algo terrível, na verdade, para os cristãos, enquanto desfrutavam de tão grandes prazeres, o morrer por Deus! Não é assim que dizem, então, se fosse, até mesmo a obstinação cristã bem poderia gerar toda submissão para um plano tão apropriado para um governo tão excelente.
Continua...
J. Marques
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