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Vera Cruz festeja 50 anos com novas produções

Ugo Giorgetti deve filmar biografia de Franco Zampari já no próximo ano

DÉBORA GUTERMAN

O projeto desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek resume a trajetória também megalômana da Companhia Cinematográfica Vera Cruz: fazer 50 anos em 5. Explicando: apesar do curto período em que funcionou, de 1949 a 1954, nada impediu que a sua produção fosse memorável, o que se reflete ainda hoje, passados 50 anos da abertura dos estúdios de Tico-Tico no Fubá e O Cangaceiro.

Diretores, cineastas e engenheiros estão preparando a aniversariante para a festa da reviravolta. A “roupagem” é a Nova Vera Cruz, projeto desenvolvido a partir de 1996 quando se firmou um convênio entre a Secretaria de Estado da Cultura, a Fundação Padre Anchieta e a Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo. O investimento total, resultado desse convênio, é de R$ 25 milhões.

Abandonou-se o velho chavão de chamá-la de Hollywood dos Trópicos ou de Cinecittá da América do Sul. E ainda a definição mais simplista, a de Atlântida paulista. A Nova Vera Cruz foi apelidada pelo coordenador do Projeto, Ivan Isola, de “Pró-Jeca Total, o que representa uma ponte entre Mazzaropi e Gilberto Gil”. “Aqui se trata de fazer cinema de qualidade, mas com os nossos referenciais culturais, sem excluir a possibilidade e a necessidade de dialogarmos com outras cinematografias”, ressalta.

À espreita da Nova Vera Cruz já estão os produtores Walter G. Durst, que poderia vir a filmar o roteiro de Um Certo Capitão Galdino Ribeiro, a história do ator Milton Ribeiro, protagonista do filme O Cangaceiro. E também Ugo Giorgetti, com sua idéia de filmar a biografia de Franco Zampari. Na velha ou Nova Vera Cruz, seria o empresário quem estouraria o champanhe.

A expectativa é de que a Nova Vera Cruz abra suas portas no próximo ano, integrando o Centro Cultural Alberto Cavalcanti, que abrigará o Memorial Vera Cruz e os laboratórios para testar novas tecnologias, além da revitalização dos grandes estúdios. “O enfoque é a supremacia do permanente sobre o efêmero e o que o cinema brasileiro necessita neste momento é de estruturas permanentes de produção e comercialização que garantam a sua sobrevivência.”

São propostas-chave, que muito se alinham a uma perspectiva diferenciada da primeira fase da Vera Cruz . Tudo para não incorrer no mesmo erro. Como se sabe, o empresário Franco Zampari e o industrial Francisco Matarazzo Sobrinho, apoiados pela burguesia paulista, tinham a mão aberta aos comes e bebes para promoção de filmes, mas pouco tino comercial. Importaram técnicos e diretores, entre eles o brasileiro que há anos vivia na França, Alberto Cavalcanti. Por mais que os filmes fizessem sucesso, como foi o caso de O Cangaceiro, quem lucrava era a Columbia Pictures, responsável pela distribuição. A administração foi uma verdadeira “comédia de erros”, como bem comparou Walter Hugo Khouri certa vez.

Para incluir São Paulo no panorama das artes, excluíram do vocabulário o termo economizar. Era a época certa: fervilhavam na cidade pólos culturais, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), o Museu de Arte Moderna (MAM), o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e a primeira Bienal de Artes Plásticas de São Paulo, em 1951.

A produção atual representa uma ruptura, mas, observa Isola, “ainda persistem os mesmos problemas de 50 anos atrás, agravados pela metamorfose provocada pelas novas tecnologias e pelo diálogo entre as mídias”. Em outras palavras, a estrutura do cinema nacional ainda é amadora, sem perspectiva de mercado ou produção em escala industrial.

A expectativa desta nova etapa do Vera Cruz é rodar aproximadamente 20 longas-metragens por ano, além de telefilmes, séries e documentários. Nos cinco anos de sua primeira fase foram produzidos 18, alguns premiados, como O Cangaceiro, de Lima Barreto, eleito a melhor aventura no Festival de Cannes, e Sinhá Moça, de Tom Payne, que levou o Leão de Bronze em Veneza. Era a época de ouro, em que estrelavam Inezita Barroso, Jardel Filho, Adoniran Barbosa, Anselmo Duarte, Cacilda Becker, Renato Consorte e Eliane Lage, entre outros.

Como se vê, nem tudo foi inglório. Para tirar a prova, a TV Cultura, no Cine Brasil, realizou o especial 50 Anos de Vera Cruz. Hoje (06-11-99), às 22h30, O Cangaceiro abre o ciclo. No dia 13, é a vez do primeiro filme dos estúdios, de Adolfo Celi, Caiçara. Appassionata, em que protagonizou Anselmo Duarte e Tônia Carrero, é o destaque do dia 20 e no último sábado do mês, Floradas na Serra, com Jardel Filho e Cacilda Becker, em seu único filme. “Com o investimento da iniciativa privada, especialmente com a contribuição das televisões, conseguiremos continuar a obra de construção de uma identidade, dialogando com outras culturas”, insiste Isola.

No comando do Programa de Integração Cinema-TV (Pictv), parceria da TV Cultura e do Governo do Estado, Isola tem projetos ambiciosos. Deu o impulso que faltava à produção paulista, que saltou de 5 para a marca de 28 filmes de ficção realizados ou em fase final de produção este ano. Dando continuidade à série, Kenoma, de Eliane Café, vai ao ar dia 26 de dezembro. Para o ano que vem estão programados O Velho, de Toni Venturi; Alô?, de Mara Mourão; Ação entre Amigos, de Beto Brant; Tiradentes, de Oswaldo Caldeira; e Coração Iluminado, de Hector Babenco. Em fase de produção, destacam-se Redescobrindo a América, de Di Moretti, e Castelo Rá-Tim-Bum.

Fonte: O Estado de S.Paulo - 06/11/99 - (www.estado.com.br)

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