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Empresa quer restaurar 25 longas de seu acervo

Obras importantes da cinematografia nacional correm o risco de perder-se

BEATRIZ COELHO SILVA

RIO - A Cinédia quer restaurar seu acervo de filmes das décadas de 30, 40 e 50. São 25 longas-metragens, produzidos por Ademar Gonzaga, que correm o risco de se perder por causa de uma inundação ocorrida em fevereiro de 1996. O depósito onde os filmes eram guardados ficou coberto de lama e a umidade deu início a um processo de deterioração que só será interrompido com a restauração. "Na época, seguíamos as normas técnicas adequadas, mas não estávamos preparados para uma catástrofe ", comenta Alice Gonzaga, filha do fundador da Cinédia.

Em 1998, o primeiro título foi restaurado e relançado, pela Riofilme, distribuidora da prefeitura do Rio. É o clássico O Ébrio, de Gilda de Abreu, com Vicente Celestino, que, em três semanas de exibição, foi visto por cinco mil pessoas. Desde então, a Cinédia tenta conseguir dinheiro para restaurar Alô, Alô! Carnaval, dirigido pelo próprio Ademar Gonzaga, o único filme brasileiro de Carmem Miranda que não se perdeu, e Bonequinha de Seda. "Tenho urgência neles porque são os que estão em pior situação e correm risco de se perder", diz Alice.

Para o responsável pelo acervo, Hernani Heffner, os filmes da Cinédia têm importância histórica e boas chances no mercado cinematográfico. "Ademar Gonzaga trabalhou com a nata dos artistas de teatro, música e artes plásticas de sua época", lembra. Ele cita entre os títulos mais importantes Ganga Bruta, de Humberto Mauro, Alô, Alô! Carnaval, Bonequinha de Seda, 24 Horas de Sonho e Batucada em Berlim. "Este é uma comédia sobre um americano que vem trabalhar no Rio e conhece sambistas", explica. "Tem uma cena de uma roda de samba na Mangueira que deve ser a mais antiga já registrada no Brasil."

Entre os artistas que estão nos filmes, além de Carmem Miranda e Vicente Celestino, pode-se ver também uma rara imagem de Dorival Caymmi, na década de 40, tocando violão e cantando em Pureza; as primeiras aparições de Oscarito, Grande Otelo e Dercy Gonçalves em comédia; Virgínia Lane ensaiando o primeiro strip-tease do cinema nacional e atores consagrados como Paulo Gracindo e Procópio Ferreira ainda jovens. Os números musicais das primeiras chanchadas também são atraentes, por mostrar como era o show biz na época.

A restauração é um trabalho lento. Inclui a pesquisa dos roteiros, das montagens e a recuperação do som e da imagem, que pode exigir um trabalho quadro a quadro, no caso dos mais deteriorados, ou a passagem para sistemas atuais. "Em Alô, Alô! Carnaval, os fotogramas eram quadrados, como se usava na época", explica Hernani. "É preciso processar quadro a quadro para adequar o filme aos projetores atuais com fotograma retangular."

Dificuldades - Além do mau estado de conservação, há outros problemas. O primeiro é o preço. O Ébrio custou R$ 300 mil e levou dois anos para ficar pronto. "Foi nossa primeira experiência e tivemos de descobrir o jeito certo de agir", explica Hernani. "Reconstituímos o filme quadro a quadro, tanto a imagem quanto o som, e tivemos até uma aparelhagem especial para recuperar o som original". Alô, Alô! Carnaval, por ser mais curto, custará cerca de R$ 260 mil.

Outro problema é a dificuldade de patrocínio. A Lei do Audiovisual diz respeito à produção de filmes novos ou lançamentos, mas não de restauração de antigos. Além disso, sendo a Cinédia uma empresa privada, os órgãos do Ministério da Cultura e a Receita Federal não a incluem entre os beneficiários das leis de incentivo cultural. "Estamos fundando um Instituto de Preservação da Memória do Cinema para entrar nessas leis", comenta Alice.

Apesar das dificuldades, ela confia que vai conseguir restaurar os 25 filmes. Para recopiá-los, já conseguiu verba da Funarte, da Riofilme e da BSB Cinema, mas a restauração inclui até o contato com antigos donos de cinema do interior que tenham ficado com cópias comerciais dos filmes. "Eu sempre digo: quem quiser ajudar a recuperar o acervo da Cinédia vai ter um grande retorno em publicidade e quem tiver algum filme nosso deve nos procurar para podermos realizar esse trabalho", conclui Alice.

Os interessados devem entrar em contato com a empresa no Rio pelos telefones (0--21) 445-8215 ou 445-6868 ou pelo e-mail cinédia@domain.com.br.

Fonte: O Estado de S.Paulo, 10 de Janeiro de 2000 (www.estado.com.br)

 

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