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## Aguarde!   No mês de  abril Memórias  On Line  publica uma  entrevista exclusiva com  Anselmo Duarte   ##

 

 

 

 

 

 

 

Brasil estrangeiro    

      Eduardo Souza Lima

      Muito antes de Ronald Biggs fazer do Rio de Janeiro o seu porto seguro, Hollywood havia descoberto o Brasil como o refúgio ideal para foras-da-lei em fuga. Nove entre dez mafiosos americanos sonhavam em gozar sua aposentadoria por estas bandas; para eles, o país era um paraíso idílico, habitado por um povo dócil e manemolente. A mostra de filmes e vídeos "Brasil: o olhar estrangeiro", que começa amanhã e fica até o dia 2 de abril no Centro Cultural Banco do Brasil, faz um pequeno apanhado da visão forasteira do país pelo cinema. São 24 produções de países como Estados Unidos, Japão, França, Alemanha e a vizinha Argentina. Da comédia musical "Voando para o Rio" (1933), de Thornton Freeland, ao recente "Próxima parada: Wonderland" (1998), passando pela odisséia de Ronald Biggs, "O prisioneiro do Rio" (1988), há motivos de sobra para rir ou chorar de indignação. O evento foi idealizado pelo professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador Tunico Amancio, a partir do seu livro "O Brasil dos gringos: imagem no cinema", que será lançado hoje, às 20h, no CCBB.

       - Tive a idéia de escrever o livro a partir de uma série de TV absurdamente estereotipada, que levava ao limite a falta de respeito por outro país - diz Tunico Amancio. - Os brasileiros se vestiam com fantasias do Dia dos Mortos mexicano e dançavam conga.

       Para Tunico, a produção estrangeira retrata a realidade brasileira baseada em clichês que datam dos anos 30:

       - É aquela coisa pré-capitalista, um retrato de segunda mão do país, onde as pessoas não trabalham, ainda pescam para viver, os índios são representados em seu estado selvagem natural, baseado em absurdos geográficos. Não raro, o personagem desembarca no Santos Dumont e antes de chegar a Santa Teresa, dá uma passada pela Bahia - explica Tunico.

 Visão americana transita entre exotismo e erotismo

       Além da mostra de filmes, "Brasil: o olhar estrangeiro" vai promover um debate sobre o tema, na próxima terça-feira, dia 28, que contará com as presenças de Tunico, da crítica francesa Sylvie Pierre e do professor e pesquisador americano Randal Johnson. Sylvie, que morou no Brasil entre 1971 e 1976, é professora de cinema da Universidade de Paris-Saint Denis e fundadora e co-editora da revista "Trafic". Escreve artigos na revista "Cahiers du Cinema" desde o final dos anos 60, quando conheceu Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e a turma do Cinema Novo. Johnson é professor do Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia desde os anos 60 e autor de livros como "Brazilian cinema", "Cinema Novo x 5: master of contemporary Brazilian film", e "Antonio das Mortes".

       - Simplificando muito, me parece que o olhar do cinema americano em relação ao Brasil ainda transita entre o exótico e o erótico, baseando-se muito mais em estereótipos do que numa visão mais complexa - explicou Johnson ao GLOBO, via e-mail, dos Estados Unidos - O que não é surpreendente, aliás, já que os filmes de Hollywood também empregam estereótipos quando tratam de regiões diferentes dos Estados Unidos, e mesmo de Los Angeles.

Fonte: Texto reproduzido da reportagem originalmente publicado no Jornal O GLOBO,  Rio de Janeiro,  em 23  de Março de 2000.  Brasil.


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