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Originalmente publicado em Agosto  de 1999

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POR LEANDRO ANDRADE

João Parada, o mestre de obras do Projeto Nova Vera Cruz não aparenta os seus 70 anos de idade. Ainda tem a mesma vontade de quando saiu do interior de São Paulo (nasceu em uma fazenda que ficava a 6km de Araraquara) para tentar a sorte na cidade grande. Nessa época ele estava com 14 anos e sua família vivia basicamente da plantação do café. Mas no ano de 1944 uma forte geada acabou com toda a plantação e ele não teve outra saída: teve de arranjar outro emprego.  Quando o assunto são as obras do Pavilhão Vera Cruz ele não pensa duas vezes, diz que,  se o  dinheiro não faltar, tudo ficará pronto dentro do prazo.  A seguir a entrevista realizada no final do expediente de uma sexta-feira, que acabou virando um agradável bate-papo.

Memórias On Line: Sr. João, com 70 anos de idade ainda dá para coordenar uma equipe de obras?

João Parada: Claro! Mas a gente não é sozinho (sic). Porque também não dá para ficar atrás de peão o dia inteiro.

M: Desde quando trabalha nesta área?

J: Comecei com 14 anos. Depois da geada de 1944 resolvi ir para Araraquara. Conhecia um primo e lá arranjei meu primeiro emprego: ajudante de pedreiro. A noite eu estudava. Fiz dois anos de desenho e depois desisti. Levava uma hora e meia para chegar na escola. Quando chovia era uma barreira desgraçada.

M: E depois que abandonou a escola? Com que idade estava?

J: Com 17 anos! E eu já tinha minha turma. Eu coordenava uma equipe sozinho. Um dia meu chefe disse: Conhece a Vila Xavier? Lógico que conheço! Muito bem. Lá tem um terreno na rua tal, assim e assim (sic) e você vai fazer uma casa lá. Tá! Mais você vai marcar o terreno? Eu não! Você não conhece desenho? Se vira! (sic). Escolhe quem você quiser aí na obra e monte sua equipe. Pode escolher e levar embora: servente, carpinteiro, pedreiro...Pode levar tudo o que você quiser, mas se vire! Então vai marcar né! Não! Não vou marcar nada. Só vou lá quando você for cobrir (colocar o telhado). No dia em que ia cobrir a casa perguntei a ele: Como é que é, tá bom ou não? É, tá mais ou menos!

M: Quando o Sr. veio para São Paulo, na capital?

J: Cheguei aqui em 1956. Estava assustado e não sabia o que fazer. Consegui um emprego de pedreiro na Gessy Lever e depois fui promovido para fazer a manutenção da fábrica. Fiquei 10 anos fazendo isso!

M: E depois da Gessy Lever?

J: Bem, trabalhei por 12 anos em uma construtora que já pediu concordata, depois mais 4 anos em uma outra construtora, que também pediu concordata e faz 16 anos que estou nesta aqui (Construtora Construtécnica de São Paulo).

M: Qual a sua última obra antes de vir para o Pavilhão Vera Cruz?

J: Eu fui um dos mestre de obras lá da Estação Júlio Prestes. (A Estação Júlio Prestes é hoje um dos principais pontos de referência cultural na cidade de São Paulo). O Governo Estadual gastou mais de 50 milhões de reais para transformar a antiga estação de trem, num teatro que pode ser comparado somente com os dos países de primeiro mundo)

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