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Nova Vera Cruz em compasso de espera No fim de agosto do ano passado, o consórcio Triunfo-Necso-Construtécnica e a TV Cultura (Fundação Padre Anchieta) assinaram o contrato que permite a reforma e a restauração dos estúdios da Cia. Vera Cruz, em São Bernardo. Apesar do esforço no sentido de obter recursos para a Nova Vera Cruz, pouca coisa mudou nas antigas instalações da empresa cinematográfica que, de 1949 a 1954, filmou 22 títulos 18 longas-metragens e quatro documentários. O projeto envolve a Prefeitura de São Bernardo, governo estadual e a emissora educativa paulista e está orçado em R$ 17,7 milhões. Deste total, R$ 5 milhões já estão empenhados pela Secretaria de Estado da Cultura e outros R$ 500 mil foram entregues pela Volkswagen, valor que ajudará a construir e equipar um centro cultural. De acordo com Ivan Ísola, coordenador de audiovisual da TV Cultura e responsável pelo projeto Nova Vera Cruz, a reação dos empresários não tem sido das melhores: "O motivo não é, obviamente, um desinteresse em relação ao projeto, mas o clima de insegurança provocado pelo comportamento da economia do país. A captação não tem sido animadora, mas, passada essa fase, existem boas esperanças, pois o mercado tem se sensibilizado com a possibilidade de investir não só na produção de cinema e televisão, mas também na formação de mão-de-obra especializada e em programas de difusão cultural e preservação da memória do cinema nacional". Enquanto aguarda, Ísola pretende viabilizar uma série de ações simples para divulgar e ajudar na captação de recursos. Entre outras, consta o levantamento e a recuperação de toda a trilha musical realizada para os 18 longas filmados pela Vera Cruz. "Depois, a idéia é gravar um CD com essa trilha", afirma. Ísola também quer realizar a reprodução dos cartazes originais dos filmes para que essas imagens possam ser compradas e difundidas pelos interessados. No âmbito técnico, o executivo esclarece que a demora na obtenção de recursos (dinheiro que poderá ser deduzido por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura Lei Rouanet) tem permitido um aprofundamento qualitativo dos detalhes arquitetônicos do projeto. Texto publicado no Diário do Grande ABC em 18/Jan.99 Autor: Ricardo DitchunVera Cruz continua em compasso de espera O advogado Marcos Mendonça, a exemplo do que ocorreu na gestão passada do governador Mário Covas, volta a ocupar o cargo de secretário de Estado da Cultura. Mendonça, que iniciou sua carreira política em 1982, como vereador por São Paulo, é autor do primeiro recurso legal destinado exclusivamente a promover benefícios fiscais para pessoas jurídicas interessadas em investir em cultura: a Lei Mendonça. Além de ser novamente convidado por Covas para a Secretaria de Cultura, cargo que ele acaba de reassumir, Mendonça também foi reeleito deputado estadual. Em entrevista ao Diário, o secretário explica porque optou pelo cargo no Executivo. Ao mesmo tempo, apesar de estar otimista, não tem boas notícias em relação ao projeto Nova Vera Cruz. DIÁRIO - Como fica o projeto Nova Vera Cruz, em São Bernardo, diante da crise econômica enfrentada pelo país? MARCOS MENDONÇA - A viabilidade da Nova Vera Cruz depende de incentivos fiscais. A crise financeira, obviamente, resultará na alteração da velocidade do projeto. Antes da crise, já haviam sido feitos vários contatos com empresas, sendo que a Volkswagen, por exemplo, já está participando. Os efeitos da crise começaram a ser sentidos no meio das negociações com outras montadoras e empresas da região. O quadro, hoje, é de uma certa paralisia no processo. Estou reassumindo a Secretaria agora, mas quero retomar essa tarefa com toda a intensidade. DIÁRIO - Esperava-se para o fim deste ano a entrega da primeira fase da reforma. E os R$ 5 milhões já destinados pela Secretaria para o projeto? MENDONÇA - Quando foi assinado o contrato, no ano passado, entre a Secretaria, a Prefeitura de São Bernardo e a TV Cultura, a previsão era de um ano para a primeira etapa, que envolve obras simultâneas no centro cultural e nos estúdios principais. Agora, pela falta de patrocínio, houve um recuo, mas muita coisa será feita este ano com os recursos já destinados. DIÁRIO - O senhor poderia ter assumido, novamente, o cargo de deputado estadual e atuar em favor da cultura do Estado no Legislativo. No entanto, aceitou o convite do governador e voltou para o Executivo. Qual o motivo da escolha? MENDONÇA - Em função da minha afinidade com a área da cultura, e muito por causa da repercussão da Lei Mendonça, que serviu de base para várias leis semelhantes, inclusive a Lei Rouanet, do Governo Federal, o governador Covas me convidou para participar da primeira e desta sua segunda gestão. Acho que isso revela uma grande sensibilidade em relação à área da cultura, na medida em que ele busca no parlamento uma pessoa com respaldo político e, ao mesmo tempo, com afinidade técnica para esta secretaria. DIÁRIO - O senhor quer incentivar o processo de terceirização gerencial de instituições culturais como a Pinacoteca e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Por quê? MENDONÇA - O Estado, hoje, tem um poder gerencial muito ruim. A orquestra estadual, por exemplo, se quiser gravar um CD, terá de promover uma licitação, e nem sempre a gravadora que oferecer o menor preço possuirá o perfil que mais convém. Existem muitas outras questões burocráticas relacionadas à contratação de artistas, contratações no exterior, depósitos de garantia de cachês etc. Por isso eu propus na Assembléia a transformação de alguns equipamentos em organizações sociais. A intenção é obter velocidade gerencial para oferecer qualidade de atendimento. Não se trata da exploração por parte de terceiros, mas de gerenciamento racional. DIÁRIO - Como está o seu projeto de Loteria Cultural? MENDONÇA - Em breve ele será encaminhado da Assembléia para o governador, para que ele sancione ou não. Estou esperançoso, pois isso significará uma boa alternativa de recursos para o setor, mas lembro que isso não significará o fim da participação financeira do Estado na cultura. A idéia, inspirada no modelo inglês, também serviria para incrementar a difusão e a realização de produtos culturais. Além dos prêmios maiores, em dinheiro, também está prevista a distribuição de vários pequenos prêmios, sob a forma de vales que poderiam ser trocados por CDs e livros, por exemplo. DIÁRIO - Que atenção específica será dada pela Secretaria de Cultura para o Grande ABC? MENDONÇA - Além do Mapa Cultural Paulista, que detecta, seleciona e traz para ser mostrado em São Paulo produtos e artistas de todas as regiões do Estado, a Secretaria aposta muito nas possibilidades que serão oferecidas pelo centro cultural que será montado na Nova Vera Cruz. Outra idéia é incentivar a criação de um circuito cultural que permita a circulação de eventos, sobretudo exposições, peças de teatro e shows de música nas duas regiões. No caso de São Paulo e do Grande ABC, isso é muito fácil de ser feito por causa da proximidade. Texto publicado no Diário do Grande ABC em 12/Fev.99 Autor: Ricardo Ditchun [voltar] [arquivo 1999] |