Areias do Tempo

Nada se move.

O lago não murmura como sempre,
O mar não se agita apesar da brisa,
O rio não corre apesar do declive,
A criança não mais sorri
Apesar do tempo que a faz inocente.

Um caminho verde
Corre ao longo do bosque
Num sem fim suave e semeador,
Onde caminha um homem
Que sua vida
Traz coisas ocultas,
Fechada pelas sombras da derrota.

E o homem vai andando em seu caminho
Levando uma vida digna de sua lamentação.

Nada se cria.

Dos deuses
Nascerá o amanhã,
De nossos instintos
As areias do tempo viajarão
Pelo mundo a procura do perfeito.

Assim espero por outra noite
Que germina dentro de nós
Uma pequena luz
Que vai se apagando
Para dar lugar ao amor
Que se cria enquanto
Choramos o eterno adeus.

Dos deuses nascerá as flores
Que vivificam os campos e bosques
Transmitindo aos olhares
O amor pela existência.

Nada se resolve.
Apenas se transforma.

                                                                            Patrick Henrique