O DIA EM QUE ENCONTREI O
PAPA JOÃO PAULO II. ROMA 1983 – ANO SANTO
Morávamos no Brasil. Meu marido estava indo a Londres a trabalho, e me convidou para acompanhá-lo. Aproveitamos para visitar alguns países europeus. Nessa época minha mãe estava seriamente doente. Minha intenção era visitar Roma e ver o Papa João Paulo II. Fui criada na religião católica e queria rezar próximo ao Papa, e pedir a Deus por minha mãe.
Chegando ao Vaticano, descobrimos que seria impossível arranjar de última hora ingressos para a audiência com o Papa. Era inverno, e não havia concentração de público na praça de São Pedro para vê-lo na sacada.
O ofício com sua presença, estava sendo realizado em um auditório para uma audiência de somente duas mil pessoas. Os convites já estavam esgotados. Eu estava tão perto dele, no entanto, sem esperança de vê-lo. No dia seguinte estaríamos viajando para Paris.
Sem saber o que fazer, ficamos ao lado do portão de entrada assistindo as pessoas portadoras de tíquetes entrarem, quando de repente vimos um padre com um grupo de adolescentes, e escutamos quando falavam sobre a ausência de dois alunos. Quase não acreditei, e após falarmos com o padre, em alguns minutos já estávamos sentados em uma das últimas filas de um auditório completamente lotado. Logo notei, que infelizmente não haveria a menor possibilidade de chegar perto do Papa João Paulo II como queria. Enquanto isso, pedi ao meu marido um pedaço de papel, e escrevi: “Brasil, reze por minha mãe”. Esse papel, escondido em minha mão, segurei sempre, a espera de poder chegar perto dele e pedir que rezasse por ela. Eu sempre ouvi falar, sobre o carinho especial que ele devotava pelos Brasileiros.
Após algumas horas, quando a cerimônia terminou, para minha surpresa, o Papa desceu de onde estava, e caminhou pelo corredor central do auditório abençoando os fiéis.
Comecei a ficar nervosa e preocupada dele não chegar até o final do auditório, pois estávamos nos últimos lugares. Minha emoção crescia a cada passo que ele dava. E foi assim, que a proporção que ele chegava mais perto de mim, mais emocionada eu ficava. Não conseguindo conter as lágrimas, fiquei atrás das pessoas que estavam à minha frente, mas, continuei com a mão estendida, mostrando o pequeno bilhete que eu havia escrito.
Esse foi um momento muito emocionante para mim, e, penso que também para todos que estavam ao meu lado. O Papa não havia parado um só instante em seu caminho. Mas, quando chegou mais perto de onde eu me encontrava, parou, leu o que eu havia escrito, e falando em português, perguntou se eu era do Brasil… de São Paulo. Respondi que era do Rio. Foi difícil parar de chorar e responder o que me perguntava. As pessoas se afastavam para que eu chegasse mais perto dele. Nesse momento o Papa fez uma cruz na minha testa, e falando ainda em português, disse: “Uma benção especial para sua família”. Não pude conter o choro, e chorei muito. Foi quando com muita calma, o Papa segurou a minha cabeça em suas mãos, encostou no seu peito, e me deixou chorar por alguns segundos. Pessoas seguravam meu casaco e meus braços, parecendo querer participar também daquela benção tão especial que eu estava recebendo. No momento em que me afastei do seu peito, ele ainda segurou minha cabeça em suas mãos, beijou a minha testa, e me abraçou com todo carinho. Foram realmente momentos extraordinariamente tocantes e comoventes.
Ao sair do auditório, quando já estávamos na rua, eu e meu marido encontramos o padre que nos deu essa grande chance, de poder chegar tão perto do Papa João Paulo II como eu queria. Agradecemos mais uma vez, contamos o que havia acontecido e juntos tiramos uma fotografia
Regressando ao Brasil fui visitar minha mãe. Minha mãe estava bem melhor. A sua boca devido a isquemia que teve, já não estava mais repuxada, e uma de suas pálpebras que não fechava estava bem melhor. Acredito que Deus ouviu minhas preces naquele instante tão especial quando encontrei o Papa João Paulo II.