UM CORAÇÃO AFLITO

 Por Khurram Abdullah

O que há de errado com os muçulmanos ... que se deixam morrer sem dó nem piedade? Não, na verdade, eles ajudam no massacre  oferecendo suas terras e sua ajuda uns contra os outros. Ou, então, ficando calados.

Como é que um rebanho de carneiros se comporta quando um lobo se infiltra no meio deles? Correm, gritam e se atropelam uns aos outros enquanto são devorados. Até onde é diferente do comportamento da Ummah muçulmana dos dias que correm?

Nem um único líder muçulmano proferiu uma palavra sequer. (Bem, alguns líderes árabes pediram cautela aos Estados Unidos no ataque a Fallujah). Muitos eram os mesmos líderes que demonstraram sua mais profunda simpatia quando a morte chegou a terras estrangeiras (que foi realmente uma tragédia) e não pararam de dar cambalhotas para se fazerem notados. Naquela época, eles competiam entre si para mostrar sua lealdade aos Estados Unidos. Não há necessidade de declinar os nomes pois não é segredo para ninguém.

Agora, qual é a comparação entre a destruição do Iraque e a destruição que aconteceu nos Estados Unidos? Na verdade, em primeiro lugar, qual é a relação entre os dois países? Não tenho qualquer conhecimento especial e não tenho mais notícias além das que estão disponíveis. O massacre, a carnificina, o estupro da honra e, acima de tudo, a manutenção das mentiras e falsidades, tudo é claro como o dia.

Quando foi que Fallujah se transformou "de cidade das mesquitas em cidade de militantes islâmicos", seus restaurantes e clínicas em "abrigos seguros de Al-Zarqawi"? Aconteceu durante a noite com flashes de notícias publicadas em todo o globo. "Agora, aqui está a razão para nós destruirmos a cidade, ó, vocês que acreditam em nosso poder", dizem os Estados Unidos.

Temos até o primeiro ministro japonês que conhece mais do Iraque do que qualquer dos líderes seus vizinhos. O primeiro-ministro Junichiro Koizumi, comentando no segundo dia sobre o ataque americano a Fallujah, disse: "Nós, do Japão, damos nosso total apoio a esta operação e esta operação será vitoriosa." Este silêncio do mundo muçulmano é estrondoso. No entanto, o grito que não é ouvido de nossos líderes estão registrados nos livros eternos, cada detalhe.

Não é a população de Fallujah que está em perigo e sim nós, os muçulmanos. No final, todos morreremos mas ... Mas, quando formos elevados de novo, enfrentaremos um perigo inimaginável porque quando soubemos que uma injustiça estava sendo praticada ficamos calados.

Publicado em 21/11/04 - Iviews