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TEORIA DA HISTÓRIA |
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“O esquema básico deste mito tem
importantes paralelos orientais, havendo sempre um esboço comum de quatro
raças metálicas que se sucedem, cada uma mais
impiedosa e envelhecendo mais depressa do que a anterior, sendo que, em
geral, a última delas aparece enunciada em forma profética. Para
exemplificar, temos, na tradição persa, os dois livros perdidos de Avesta, em que
é descrita uma visão que revela o futuro de Zoroastro. Nesta versão o profeta
vê uma árvore com quatro galhos, um de ouro, outro de prata, outro de aço e
outro de ferro, e o deus lhe explica que eles correspondem às quatro idades
sucessivas nas quais os cem anos de Zoroastro cairão; na primeira Zoroastro
fala diretamente com o deus e na última a decadência é tal que os homens são
menores até em sua estatura física. Entre os judeus, no Livro de Daniel (2:31
seg.), Nelrechadnezzar sonha com uma estátua cuja
cabeça é de ouro, o peito e os braços são de prata, o ventre e as coxas de
bronze, as pernas de ferro e os pés de uma mistura de ferro e argila; segundo
esclarece Daniel, cada parte dessa estátua representa cinco reinados
diferentes, sendo o primeiro o dele e os outros lhe são gradativamente
inferiores. Na literatura hindu nós encontramos uma doutrina das quatro
idades do mundo representadas pelos pontos de um dado, de quatro até um, e as
raças diminuem progressivamente em duração e retidão e aumentam em maldade e
doenças; na última dessas etapas constatamos que a narrativa se inicia no
tempo presente e termina no tempo futuro, exatamente como acontece na raça de
ferro nos Erga [Os trabalhos e os dias, de Hesíodo]. [M.L.] West aceita que é na Mesopotâmia que se
originam esses mitos e de lá espalham-se entre os
persas, os judeus, os hindus e os gregos. Hesíodo foi, por
sua vez, a fonte única para os outros gregos e para os romanos, que também
modificaram e adaptaram o esquema inicial do mito.” Fonte: LAFER, Mary de Camargo
Neves. Os mitos: comentários. In: HESÍODO. Os trabalhos e dos dias (primeira parte). Introd., trad. e
coment. Mary de Camargo N. Lafer.
3 ed. São Paulo: Iluminuras, 1996. p.78-79. |