Jacques Le
Goff: Passado/Presente |
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TEORIA DA HISTÓRIA |
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Pontos para discussão e reflexão [A
partir de: GOFF, Jacques.
Passado/Presente. In: -. História e Memória. 2. ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1992. p. 203-231] Relação
da História com o Tempo: invenção do calendário como um instrumento
fundamental, para algumas sociedades, a fim de domesticar o tempo em oposição
ao tempo natural, o qual se percebia enquanto tempo de plantar, de colher, de
festejar, de morrer... (prefácio – p.7) A
dialética da história na oposição passado/presente e/ou presente/passado:
exprime um sistema de atribuição de valores; tomar o passado através de
experiências do presente; estudar o passado com olhares do passado e o
presente com olhares do presente; anacronia e
sincronia. (prefácio – p.7-8) O tempo tornou-se tão habitual para o
historiador, que ele o naturalizou ou instrumentalizou. François Hartog (Tempo e
Patrimônio. Artigo da revista Varia História – BH, vol. 22, nº36, jul/dez.2006, p.262.) (...)
a ausência de um passado conhecido e reconhecido, a míngua de um passado,
pode também ser fonte de grandes problemas de mentalidade ou identidades
coletivas (...) (passado/presente – p.204). Passado reduzido à exaltação das memórias gloriosas. (p.220) Os
hábitos de periodização da história acabam privilegiando a história dos
acontecimentos: guerras, revoluções... (p.204) Passado
(re)construído através das
concepções do presente. “(...)o passado aparece
reconstruído em função do presente, da mesma forma que o presente é explicado
em função do passado (...) (p.221) Presentificar os mitos; criação de uma memória/identidade coletiva e individual
(memória social). Tratamos
os acontecimentos que a história do nosso grupo social nos fornece, tal como
tínhamos tratado a nossa própria história pessoal. Ambas se confundem.
(p.206) Língua
é um fenômeno duplamente originado na história coletiva: ela evolui (relações
de tempo através das épocas) e está estritamente ligada à tomada de
consciência da identidade nacional do passado. (p.207) A
partir dos estudos lingüísticos, Reencontra-se a idéia fundamental do passado
e do presente como construção, organização, lógica, e não como dado bruto.
(p.208) Discursos
históricos privilegiando o passado: a história como “ressurreição integral do
passado” – Michelet. (p.210) Para
a Antiguidade pagã: valorização do passado; referencia a um tempo mítico de
origem, Idade do Ouro, rememoração de um tempo heróico, dos grandes feitos,
dos grandes homens, dos antepassados; idéia de tempo cíclico e atemporal, de
repetição através de rituais; tradição oral. Para
a Idade Média: o presente está encerrado entre o peso do passado e a
esperança de um futuro escatológico (fim dos homens – com a encarnação de
Cristo, para a Igreja Católica, ponto central da história, inicia o fim dos tempo). (p.215) Idade
Média, Cruzadas: os cruzados acreditavam que iam a
Jerusalém vingar os verdadeiros carrascos de Cristo. “O passado não é
estudado enquanto passado; ele é revivido e
incorporado no presente” (Rousset citado por Le Goff, p.218) Para
o Renascimento: o investimento é feito na presente e que, do século XVII ao
XIX, a ideologia do progresso volta para o futuro a
valorização do tempo (p.215). Homem
moderno: tempo histórico construído pela história através de dados históricos
“concretos”. (Mircea Eliade
– Mito e Realidade) Progresso
científico (séc.XVIII): superioridade dos modernos sobre os antigos e a idéia
de progresso torna-se o fio condutor do historiador que se orienta para o
futuro. (p.218) Romantismo
(séc. XIX) volta-se deliberadamente para o passado, constituindo, como modelo
de perfeição, a arte greco-romana. (p.218) Século
XX: angústia atômica e a euforia do progresso científico e técnico; volta-se
para o passado com nostalgia e, para o futuro, com temor ou esperança.
(p.220) A
aceleração da história, por outro lado, levou as massas dos países
industrializados a ligarem-se nostalgicamente às suas raízes: daí a moda retro, o gosto pela história e pela
arqueologia, o interesse pelo folclore, o entusiasmo pela fotografia,
criadora de memórias e recordações, o prestígio da noção de patrimônio (lugar
de memória) (p.220). Nostalgia
=> algia (grego = dor): ‘a dor em mim’. Escrever a história é gerar um
passado, circunscrevê-lo, organizar o material heterogêneo dos fatos para
construir no presente uma razão... É uma operação que envolve fabricar o
objeto, organizá-lo no tempo e no espaço e a encenação de um relato. (Michel
de Certeau – A Escrita da História) Texto elaborado em março de 2007 por Larissa Cerezer, monitora da
disciplina de Teoria da História I (Curso de História, Centro de Ciências da
Educação, UDESC). |