Ilda Figueiredo
em Ovar
Tal
como tinha sido anunciado, decorreu na passada Quinta-feira, dia 6 de Maio,
no Auditório da Junta de Freguesia de Ovar, um colóquio subordinado ao
tema "Portugal e o Alargamento da União Europeia", que contou com a
presença de Ilda Figueiredo, deputada da CDU no Parlamento Europeu e
cabeça de lista às próximas Eleições Europeias de 13 de Junho.
Perante uma sala repleta, que foi pequena para acolher todos aqueles que
assistiram ao debate, Ilda Figeiredo começou por referir o clima de
contestação existente em muitos dos países que aderiram recentemente à
União Europeia, expresso em importantes manifestações de rua que ocorreram
em muitas capitais do Leste Europeu. Um descontentamente ao qual não serão
alheias as condições de adesão impostas aqueles países, a quem foram
prometidos mundos e fundos, mas que têm agora de se contentar apenas com
algumas migalhas.
Segundo a deputada comunista, este alargamento serve sobretudo os países
mais poderosos, que vêem crescer os seus mercados, ficando também com um
enorme exército de reserva de mão de obra barata e qualificada. Uma vez
que, para já, apenas o capital poderá circular livremente por estes países
(a livre circulação de pessoas ainda nem sequer está prevista).
A tendência, que já
se começou a fazer sentir, passa pela deslocalização de empresas, que
depois de terem beneficiados de amplos apoios comunitários, nomeadamente
em Portugal, viram-se para o leste Europeu, para onde está neste momento
virada a torneira dos fundos estruturais.
As consequências do alargamento para Portugal poderão ser muito graves de
acordo com a perspectiva traçada por Ilda Figueiredo. O nosso País ainda
está marcado por atrasos estruturais que prejudicam fortemente a nossa
economia. Basta olhar para a educação e comparar os nossos índices com os
países recém admitidos na UE para percebermos a ameaça que este
alargamento representa. Importa também ter em conta que existe uma
tendência crescente para o emagrecimento do orçamento comunitário, pelo
que o bolo irá provavelmente diminuir enquanto as bocas aumentam. Por
outro lado, e fruto do chamando "enriquecimento estatístico", duas regiões
portuguesas (Algarve e Madeira) irão deixar de receber fundos estruturais
(Objectivo 1).
Da assistência, destacou-se uma preocupação com a guerra e a militarização
da Europa, as deslocalizações de empresas multinacionais e a consagração
do neoliberalismo a partir de um projecto de Constituição Europeia, que
ainda não obteve o acordo total de todos os países, mas que ameaça tornar-se
uma realidade a breve prazo. A nossa crescente dependência alimentar e a
debilidade do nosso aparelho produtivo nacional (veja-se o caso da
Universal Motors e de tantas outras empresas que têm fechado as portas nos
últimos tempos), também mereceram algumas reflexões por parte dos
participantes.
Finalmente,
Ilda Figueiredo, em jeito de conclusão reafirmou a importância de termos
no Parlamento Europeu uma presença forte da CDU, que poderá passar pela
eleição de um terceiro deputado que não foi eleito há 5 anos por apenas
2800 votos. Apoiar a CDU nestas eleições europeias é defender uma Europa
de paz e cooperação entre os povos, condenando a guerra suja do
imperialismo feita à revelia da legalidade internacional e contra o
direito à autodeterminação dos povos. Apoiar a CDU é também defender uma
Europa social que tenha como valor básico não o primado dos mercados e da
concorrência, mas antes a pessoa humana e a consagração dos seus direitos
fundamentais, como seja o direiro a ter uma vida digna, saudável e
culturalmente preenchida. Apoiar a CDU é também defender a coesão e o
desenvolvimento harmonioso da Europa, ajudando as regiões mais pobres a
atingir o nível de vida das mais ricas.
Ovar, 7 de Maio de 2004
A Comissão Coordenadora de Ovar da CDU |